GPS Brasília comscore

Mulheres ainda são minorias em cargos gerenciais, aponta IBGE

Homens ocupam seis em cada dez posições de poder
A participação feminina só é maior nas gerências das áreas de educação (69,4%) e saúde humana e serviços sociais (70%) | Foto: Pixabay
A participação feminina só é maior nas gerências das áreas de educação (69,4%) e saúde humana e serviços sociais (70%) | Foto: Pixabay

Compartilhe:

Mesmo as mulheres sendo maioria entre os estudantes que estão em vias de concluir o ensino superior, elas ainda são minoria em relação a posições de poder no mercado de trabalho. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher,  mostram, que apenas 39,3% dos cargos gerenciais no país são ocupados por mulheres. A participação feminina só é maior nas gerências e coordenações das áreas de educação (69,4%) e saúde humana e serviços sociais (70%).

As mulheres são minoria também em cargos de poder no serviço público, tanto na política como na Justiça, mostra a pesquisa. Em relação ao parlamento, por exemplo, apenas 17,9% dos deputados federais eram mulheres em novembro de 2023. Apesar de apresentar um avanço em relação a setembro de 2020, quando as deputadas federais representavam 14,8% do total, o Brasil ainda está na 133ª posição entre 186 países, no que se refere à participação parlamentar das mulheres.

Em 2020, somente 12,1% dos municípios elegeram prefeitas – das quais dois terços eram brancas. Do total de parlamentares municipais eleitos naquele ano, 16,1% eram vereadoras. Em relação aos ministérios, apenas nove dos 38 cargos com status ministerial eram ocupados por mulheres em novembro de 2023.

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que houve um avanço na parcela de magistradas no país de 1988 (24,6%) para 2022 (40%), mas as mulheres ainda são minoria. Na Justiça estadual, as mulheres são 38%, enquanto no Superior Tribunal de Justiça (STJ) são 23%.

 

Rendimento

A menor participação feminina é percebida no setor de agricultura, pecuária, engenharia florestal, aquicultura e pesca (15,8%). Apesar disso, nessas áreas, o rendimento das mulheres é superior ao rendimento dos homens, pois elas ganham 128,6% do que é pago para eles. São curiosamente atividades em que os homens predominam. “A gente imagina que isso esteja associado a elas estarem entrando nesses setores caracteristicamente ocupados por homens com uma especialização profissional maior, que leve a esse rendimento maior”, explica Bárbara.

As mulheres também superam o rendimento masculino em outras duas áreas: água, esgoto e atividades de resíduos (109,4%) e atividades administrativas e serviços complementares (107,5%).

Mas ainda é pouco, pois a disparidade é evidente de maneira geral e observada não apenas no percentual dos cargos como também na remuneração. O rendimento das executivas femininas , por exemplo, é apenas 78,8% dos pagos para os homens. As maiores desigualdades salariais estão nos setores de transporte, armazenagem e correio e de saúde humana e serviços sociais. Nesses setores, os rendimentos das mulheres correspondem a 51,2% e 60,9% dos homens, respectivamente.

 

Educação

Se, no mercado de trabalho formal, os homens levam vantagem, na educação são as mulheres que mais se destacam. Entre os estudantes que estão no último ano da faculdade, 60,3% são mulheres. A maior parte delas está concentrada nos cursos de graduação relacionados à área de bem-estar (91% são mulheres).

“Elas concluem o ensino superior numa proporção maior do que os homens, então supostamente deveriam ter uma média salarial maior, mas quando você olha as áreas em que elas têm participação maior, são as áreas menos valorizadas”, ressalta a pesquisadora Betina Fresneda.

Nos cursos de ciência e tecnologia, que incluem as áreas de ciência, tecnologia da informação, matemática, estatística e engenharia, as mulheres são apenas 22% dos concluintes. “Apesar de elas estarem em ampla vantagem no acesso ao ensino superior, e isso não mudou muito em 10 anos, elas ainda enfrentam barreiras para ingressar em determinadas áreas do conhecimento, especialmente naquelas ligadas a ciências exatas e à esfera da produção”, destaca Betina.

Segundo a pesquisa, entre as mulheres com 25 anos de idade ou mais, 21,3% completaram o ensino superior, contra 16,8% dos homens. Percebe-se, no entanto, desigualdade maior quando se compara as mulheres brancas (29%) com as pretas ou pardas (14,7%). A disparidade de cor ou raça pode ser observada também no quesito frequência escolar: 39,7% das mulheres brancas de 18 a 24 anos estudam, contra apenas 27,9% das mulheres pretas ou pardas.