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Saúde e nutrição com Clayton Camargos: quem bebe café vive mais?

Estudos recentes mostraram que quem não abre mão de umas xícaras de café ao longo do dia teria maior longevidade
Foto: Unsplash

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O café contém centenas de compostos diferentes, alguns dos quais oferecem importantes benefícios à saúde. Vários grandes estudos mostraram que as pessoas que bebiam quantidades moderadas dessa bebida tinham menos probabilidade de morrer durante as investigações. Você pode estar se perguntando se isso significa que viverá mais se beber mais café.

Quando a água quente passa pela borra de café durante o preparo, os compostos químicos naturais dos grãos se misturam com a água e se integram à bebida. Muitos desses ativos são antioxidantes que protegem contra o estresse oxidativo no corpo causado pelos radicais livres que são prejudiciais à nossa saúde.

Acredita-se que a oxidação seja um dos mecanismos por trás do envelhecimento e de doenças graves e comuns, como câncer e cardiopatias. O café é a maior fonte de antioxidantes na dieta ocidental – superando frutas e vegetais combinados. Clique aqui para acessar o estudo.

Isto não significa necessariamente que seja mais rico em antioxidantes do que todas as frutas e vegetais, mas sim que, em média, a sua ingestão é tão comum que contribui mais para o consumo de antioxidantes pelas pessoas. Quando você toma uma xícara de café, não está apenas ingerindo cafeína, mas muitos outros compostos benéficos, incluindo potenciais antiinflamatórios. Vários estudos mostram que a ingestão regular dessa bebida está associada a um menor risco de morrer de várias doenças crônicas não transmissíveis.

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Um importante estudo de 2012 sobre o consumo de café, que contemplou um universo amostral de 402.260 indivíduos com idades entre 50 e 71 anos, observou que aqueles que bebiam mais café tiveram significativamente menos probabilidade de morrer no transcurso da pesquisa – que perfez 13 anos. O ponto ideal parece ser uma ingestão de de 4 a 5 xícaras por dia. Nesta quantidade, homens e mulheres tiveram um risco reduzido de morte precoce, respectivamente de 12% e 16%. Beber 6 ou mais xícaras por dia não proporcionou nenhum benefício adicional. Ao contrário, se associou com aumento dos níveis pressóricos arteriais, arritmia cardíaca, insônia, gastrite, esofagite de refluxo, gatilho para episódios de transtorno de ansiedade generalizada e até síndrome do pânico.

No entanto, mesmo a ingestão moderada de café, de apenas uma chávena por dia, foi associado a uma redução de 5 a 6% no risco de morte precoce – mostrando que mesmo o consumo reduzido é suficiente para repercutir benefícios para saúde. Clique aqui para acessar o estudo.

Analisando causas específicas de morte, os pesquisadores descobriram que os bebedores de café tinham menos probabilidade de morrer de infecções, ferimentos, acidentes, doenças respiratórias, diabetes, acidentes cerebrovasculares e doenças cardíacas. Clique aqui para acessar o estudo.

Outras pesquisas mais recentes apoiam estas descobertas. A ingestão de café parece estar consistentemente associada a um menor risco de morte precoce. Tenha presente que estes são estudos observacionais, que não podem provar que essa bebida causou a redução do risco. Não é causa-efeito. Ainda assim, os seus resultados são uma boa garantia de que o café – pelo menos – não deve ser temido.

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Os efeitos do café na saúde humana foram estudados exaustivamente nas últimas décadas. Diversas pesquisas mostraram que quem bebe café tem menor risco de morte prematura. Clique aqui para acessar o estudo.

Em relação a doenças específicas, seus consumidores têm um risco menor de Alzheimer, Parkinson, diabetes tipo 2 e doenças hepáticas – só para citar alguns. Clique aqui para acessar o estudo.

Além do mais, as investigações mostram que o café pode nos deixar mais felizes, reduzindo o risco de depressão e suicídio em 20% e 53%, respectivamente. Clique aqui para acessar o estudo.

O café pode não apenas acrescentar anos à sua vida, mas também vida aos seus anos. Portanto, estudos observacionais sugerem que seu consumo reduz o risco de doenças crônica e pode até prolongar a vida. Estas pesquisas examinam associações, mas não podem provar – sem qualquer dúvida – que é a verdadeira causa destes benefícios para a saúde. No entanto, evidências de maior qualidade apoiam algumas destas descobertas, o que reitera o raciocínio de que o café pode muito bem ser uma das bebidas mais saudáveis do planeta.

Você tem alguma dúvida sobre saúde, alimentação e nutrição? Envie um e-mail para dr.clayton@metafisicos.com.br e poderei responder sua pergunta em uma coluna futura.

 

Foto: Arquivo pessoal

*Clayton Camargos é sanitarista pós graduado pela Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP/Fiocruz. Desde 2002, ex gerente da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC) do Ministério da Saúde. Subsecretário de Planejamento em Saúde (SUPLAN) da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Consultor técnico para Coordenação-Geral de Fomento à Pesquisa Em Saúde da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde. Coordenador Nacional de Promoção da Saúde (COPROM) da Diretoria de Serviços (DISER) da Fundação de Seguridade Social. Docente das graduações de Medicina, Nutrição e Educação Física, e coordenador dos estágios supervisionados em nutrição clínica e em nutrição esportiva do Departamento de Nutrição, e diretor do curso sequencial de Vigilância Sanitária da Universidade Católica de Brasília (UCB). Atualmente é proprietário da clínica Metafísicos.