Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires em 1936 e dedicou grande parte de sua vida à Igreja Católica na Argentina. Como arcebispo de Buenos Aires, se destacou por seu estilo de vida simples e acessível. Sua postura reservada contrastava com sua habilidade estratégica e administrativa na arquidiocese. No entanto, sua relação com os governos de Néstor e Cristina Kirchner foi marcada por tensões, com acusações de envolvimento com a ditadura militar, as quais Bergoglio sempre negou, explicando que utilizou canais internos da Igreja para proteger perseguidos, embora tenha sido criticado por seu silêncio público.
Após sua eleição como papa em 2013, Francisco se tornou uma figura de destaque na política argentina. Embora tenha evitado retornar ao país durante seu pontificado, temendo que sua presença fosse politicamente explorada, sua influência permaneceu significativa. Em 2024, o presidente argentino Javier Milei, anteriormente crítico do papa por considerá-lo esquerdista, se reconciliou com o pontífice ao ser recebido no Vaticano.
Nesta segunda-feira (21), Milei fez uma publicação no X e declarou sete dias de luto nacional pela morte do papa, reconhecendo a sua importância para o país.
ADIÓS
Con profundo dolor me entero esta triste mañana que el Papa Francisco, Jorge Bergoglio, falleció hoy y ya se encuentra descansando en paz. A pesar de diferencias que hoy resultan menores, haber podido conocerlo en su bondad y sabiduría fue un verdadero honor para mí.… pic.twitter.com/3dPPFoNWBr— Javier Milei (@JMilei) April 21, 2025
Polarização
Francisco frequentemente abordou a política argentina em suas declarações, enfatizando a importância do diálogo e da unidade. Em 2022, ao comentar sobre a polarização no país, afirmou que “nada importante nem estável se logrará com a polarização agressiva”, destacando a necessidade de construir um futuro comum. Além disso, em 2023, afirmou que “o problema da Argentina somos nós”, sugerindo que os próprios argentinos muitas vezes não têm perseverança para seguir em frente.
Durante seu pontificado, Francisco manteve diálogos com diversos líderes políticos argentinos. Em 2021, recebeu o presidente Alberto Fernández no Vaticano, discutindo temas como a pandemia, crise econômica e pobreza, além de reforçar a colaboração entre a Igreja e o governo. Em 2024, também se reuniu com o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, para discutir questões sociais e estruturais do país.
Além disso, em 2015, a cidade de Buenos Aires assinou um compromisso histórico com o papa Francisco durante um seminário no Vaticano, focando em mudanças sociais e econômicas para combater a escravidão moderna e o aquecimento global.