Quando um Papa morre, o mundo volta seus olhos para o Vaticano. O fim de um pontificado marca o início de um processo repleto de tradição, simbolismo e protocolo. Mais do que uma despedida religiosa, o funeral de um Papa mobiliza chefes de Estado, líderes espirituais e milhões de fiéis.
A morte do Papa e os primeiros passos do protocolo
Assim que ocorre o falecimento, entra em cena uma série de procedimentos oficiais liderados pela Secretaria de Estado do Vaticano. O primeiro passo é a confirmação da morte, feita pelo Camerlengo, autoridade responsável por gerir a Igreja durante o período de transição. Ele declara o óbito oficialmente e dá início ao rito que prepara o corpo para o funeral, incluindo o possível embalsamamento e a escolha dos trajes litúrgicos.
A vigília: três dias de homenagens ao pontífice
Depois de preparado, o corpo do Papa é colocado em um caixão e permanece por três dias na Basílica de São Pedro. Esse período de vigília é marcado por homenagens dos fiéis, que fazem uma verdadeira peregrinação ao Vaticano para se despedirem. Líderes religiosos, cardeais de diversas partes do mundo e autoridades internacionais também prestam reverência, enquanto a Igreja vive dias de oração e silêncio.
O funeral: tradição, fé e simbolismo
A cerimônia fúnebre é um dos momentos mais solenes da Igreja Católica. Celebrada na Basílica de São Pedro, a missa é presidida pelo decano do Colégio dos Cardeais. Passagens bíblicas, cânticos litúrgicos e ritos tradicionais compõem o evento, que reúne centenas de religiosos e representantes de diversas nações. É um momento de despedida, mas também de unidade e continuidade da fé.
O enterro: o adeus definitivo
Concluído o funeral, o corpo do Papa é levado para sepultamento nas Grutas Vaticanas, local onde repousam muitos de seus predecessores. A cerimônia é simples, porém profundamente simbólica. Em alguns casos, o Papa pode ser enterrado em outro espaço no Vaticano, dependendo de sua vontade ou de decisões do colégio cardinalício. O sepultamento é encerrado com uma última oração e gestos de reverência dos cardeais presentes.
O início do conclave: a Igreja em busca de um novo Papa
Com o fim do funeral, começa o processo para eleger o novo líder da Igreja. O Colégio de Cardeais, composto por aqueles com menos de 80 anos, se reúne em Roma. Isolados na Capela Sistina, os cardeais participam do conclave, um processo secreto e rigorosamente protegido contra interferências externas. Nenhum contato com o mundo exterior é permitido até que a decisão seja tomada.
Como funciona a votação do conclave
Antes da votação, os cardeais celebram uma missa e seguem em procissão até a Capela Sistina. A partir do segundo dia, ocorrem até quatro votações diárias. As cédulas são preenchidas manualmente, perfuradas e reunidas antes de serem queimadas. A fumaça que sai da chaminé da Capela indica o resultado: preta, se nenhum nome alcançou a maioria de dois terços; branca, quando um novo Papa é eleito.
Para evitar confusões, corantes são adicionados à fumaça desde os conclaves mais recentes. Em casos de impasse, as votações são pausadas para momentos de oração e reflexão.
Habemus Papam: o anúncio que o mundo espera
Assim que um cardeal é eleito e aceita a missão, ele escolhe seu nome papal. O novo pontífice veste trajes preparados sob medida e é conduzido até a sacada da Basílica de São Pedro. Ali, o cardeal protodiácono anuncia ao mundo: “Annuntio vobis gaudium magnum… habemus papam!” — “Anuncio a vocês uma grande alegria… temos um Papa!”
Em seguida, o novo Papa surge para sua primeira bênção Urbi et Orbi, marcando oficialmente o início de um novo capítulo na história da Igreja Católica.