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Ícone da Bossa Nova, músico Carlos Lyra morre no Rio

Compositor de 90 anos foi internado com febre. Após exames, foi detectada uma bactéria
Foto: Reprodução/Facebook
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Parceiro de Vinicius de Moraes e outros artistas, Carlos Lyra morreu nesta madrugada (16), no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela família, em uma postagem no perfil do artista no Instagram. Ele estava internado no Hospital Unimed Barra, na zona oeste do Rio de Janeiro. Lyra tinha 90 anos. A causa da morte não foi informada.

 
 
 
 
 
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O cantor e compositor era um dos melodistas mais inspirados da música brasileira em todos os tempos. “Coisa mais linda”, “Minha namorada”, “Primavera”, “Sabe você” e “Você e eu” foram algumas de suas obras.

De acordo com a mulher de Carlos Lyra, Magda Pereira Botafogo, o artista de 90 anos foi internado com febre na quinta-feira (14). Após alguns exames, foi detectada uma bactéria. Ainda não há informações sobre o velório e o enterro.

Carreira
Carlos Eduardo Lyra Barbosa nasceu em 11 de maio de 1933. Era carioca do bairro de Botafogo, na zona sul da cidade. De acordo com o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, começou a fazer música com um piano de brinquedo, aos 7 anos de idade. Na adolescência, quebrou uma perna durante uma atividade esportiva. A recuperação o deixou de cama por seis meses, período que aproveitou para fazer uma imersão num dos instrumentos que seria um grande parceiro de vida, o violão.

Ainda no antigo segundo grau – hoje ensino médio –, conheceu o compositor Roberto Menescal, com quem montou a primeira Academia de Violão, por onde passaram nomes como Marcos Valle, Edu Lobo, Nara Leão e Wanda Sá. A primeira canção escrita por Lyra foi “Quando Chegares, em 1954”. Em 1955, iniciou a carreira profissional como músico, tocando violão elétrico no conjunto de Bené Nunes. Compôs “Maria Ninguém”, entre outras músicas com letras suas. Já em 1956, seu samba “Criticando” foi gravado pelo grupo vocal Os Cariocas.

Bossa nova
Carlos Lyra entrou para o rol de ícones da bossa nova, ao lado de parceiros como Ronaldo Bôscoli, a dupla Tom Jobim e Vinícius de Moraes e o intérprete João Gilberto, todos representados no álbum “Chega de Saudade”, lançado em 1959 e que consolidou o estilo musical. Toquinho, Baden Powell e Aldir Blanc também figuram na lista de parcerias. Além disso, se apresentou com diversos grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Leila Pinheiro e Nana Caymmi.

Carlos Lyra teve passagem também como diretor musical do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Foi um período em que entrou em contato com compositores populares como Zé Keti, Cartola, Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros e João do Vale. O hino da UNE é uma parceria de Lyra com Vinicius de Moraes.

Atuou ainda como diretor musical da Rádio Nacional, exercendo o cargo até o golpe militar em 1964. Por quatro anos, morou no México, onde se apresentou ao lado do saxofonista americano Stan Getz. Em quase 70 anos de carreira, lançou e participou de inúmeros álbuns, se apresentou em shows dentro e fora do Brasil e musicou peças teatrais e filmes. Em 2008, publicou o livro Eu e a Bossa Nova, sobre as trajetórias entrelaçadas da sua vida e do estilo musical.

Homenagens
Ao completar 90 anos, Carlos Lyra recebeu uma série de homenagens. Uma delas é o lançamento do álbum Afeto, que faz um passeio por todas as fases e estilos da obra do compositor. Os arranjos foram feitos por João Donato, Marcos Valle, Jaques Morelenbaum, Antônio Adolfo e Gilson Peranzzetta.

O disco traz uma seleção de músicas de Carlos Lyra interpretadas por vozes de grandes nomes da música brasileira, como Mart’nália, Gilberto Gil, Joyce Moreno, Ivan Lins, Caetano Veloso, Lulu Santos, Djavan, Marcos Valle, Patrícia Alvi, Fernanda Abreu, Leila Pinheiro, Wanda Sá, Paula Morelenbaum, Roberto Menescal, Edu Lobo e Mônica Salmaso. (Com Agência Brasil)