Débora Oliveira Antes mesmo da chegada oficial do inverno, o ar já anuncia sua mudança: mais seco, mais frio, com ventos que cortam e umidade que some. Nesse cenário, a pele sente quase que instantaneamente os efeitos da estação. O ressecamento se instala com facilidade, a textura muda, o viço desaparece e, em alguns casos, surgem incômodos como coceira, descamação e até doenças dermatológicas.
Segundo a médica dermatologista Regina Buffman, o outono e o inverno exigem uma rotina de cuidados especiais para preservar a saúde e a beleza da pele. Afinal, em tempos de vento gelado, ela precisa mais do que nunca de proteção, nutrição e carinho. “Isso acontece porque a combinação entre temperaturas mais baixas, banhos quentes e o uso de aquecedores reduz a hidratação natural”, explica.
Durante a estação, as peles secas e sensíveis são as que mais sofrem, mas até peles oleosas podem apresentar sinais de ressecamento, principalmente em áreas como bochechas e ao redor do nariz. “Pessoas com doenças de pele como rosácea, dermatite atópica ou eczema também sentem mais os efeitos do inverno”, pontua a dermatologista.
A profissional explica que essas alterações ocorrem porque o manto hidrolipídico — camada protetora formada por água e gordura — é prejudicado, comprometendo a função de barreira da pele e aumentando a perda de água transepidérmica.
Diante disso, Buffman destaca que a rotina de cuidados precisa ser ajustada para acompanhar o novo clima. “Limpeza suave, hidratação reforçada e fotoproteção são os pilares”, resume. Nada de sabonetes agressivos. O ideal é optar por higienizadores suaves, como os do tipo syndet, que limpam sem ressecar. Os sabonetes líquidos ganham vantagem sobre os em barra, e óleos de banho também podem ser grandes aliados.
Hidratantes mais densos e ricos em ativos como ureia e ácido lático ajudam a reter a umidade da pele. Já os óleos vegetais, como os de amêndoas ou jojoba, atuam na recomposição do manto lipídico, criando uma barreira eficaz contra a perda de água.
E nem pense em abandonar o protetor solar. “Muita gente reduz o uso no inverno, mas isso é um erro. A radiação ultravioleta atravessa as nuvens e continua ativa, inclusive nos dias frios e nublados”, alerta a médica. O uso diário de um protetor com FPS 30 ou mais e de amplo espectro é indispensável para prevenir o envelhecimento precoce, manchas e o câncer de pele.
A esfoliação, por sua vez, requer mais cautela nessa época do ano. Apesar de ajudar na renovação celular e na absorção dos hidratantes, pode ser agressiva para peles já sensibilizadas pelo frio. “Se a derme estiver irritada, o ideal é evitar esfoliantes físicos e espaçar mais as aplicações”, orienta.
A hidratação deve ir além dos cremes, começando de dentro para fora. Mesmo sem sentir tanta sede, manter o consumo adequado de água é fundamental. Além disso, uma alimentação rica em antioxidantes, vitaminas A, C, E e ômega-3 contribui para uma pele mais viçosa, hidratada e protegida contra inflamações típicas da estação.
