O partido de centro-direita União Democrata-Cristã (CDU) deve vencer as eleições parlamentares na Alemanha neste domingo (23), conquistando 30% dos votos, segundo pesquisas de boca de urna. O resultado marca o retorno dos conservadores ao protagonismo político após o governo de Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).
A surpresa do pleito foi o avanço do partido de direita radical Alternativa para a Alemanha (AfD), que alcançou um recorde de 20% dos votos, tornando-se a segunda maior força política do país. O SPD, de Scholz, ficou em terceiro lugar.
Friedrich Merz assume protagonismo político
Com a vitória da CDU, seu líder, Friedrich Merz, de 69 anos e 1,98 m de altura, assume a missão de formar um novo governo. Conservador e pró-negócios, Merz teve uma trajetória marcada por disputas internas na CDU, especialmente com a ex-chanceler Angela Merkel. Após anos afastado da política, período em que atuou no setor financeiro e teve a aviação como hobby, ele retornou para liderar os conservadores com o lema “Uma Alemanha da qual possamos nos orgulhar novamente”.
Entre suas principais propostas, Merz defende controles permanentes nas fronteiras, regras mais rígidas para imigração e cortes de 50 bilhões de euros em gastos sociais. Também prometeu reduzir impostos e fortalecer o apoio à Ucrânia.
No entanto, sua tentativa de endurecer a política migratória para atrair eleitores da AfD gerou polêmica e críticas de Merkel, que afirmou que ele estava “errado” ao aceitar votos do partido de extrema-direita. A estratégia também resultou em protestos contra a CDU.
AfD cresce e reivindica influência
Com um desempenho histórico, a AfD consolidou-se como a segunda maior força do país. O copresidente do partido, Tino Chrupalla, celebrou o resultado e declarou que a legenda está “aberta a negociações”. Apesar disso, os demais partidos já indicaram que não formarão coalizões com a AfD.
Liderado por Alice Weidel, o partido tem conquistado apoio entre eleitores jovens, principalmente homens, nas redes sociais. Suas propostas incluem a saída da União Europeia, a substituição do euro pelo marco alemão, a reaproximação com a Rússia e a adoção de uma política de “remigração”, que prevê a deportação de cidadãos alemães com base em critérios étnicos.
Desafios para a formação de governo
As eleições deste domingo definiram os 630 assentos do Bundestag, o Parlamento alemão. Como nenhum partido conquistou a maioria absoluta, a CDU precisará formar uma coalizão que garanta mais de 50% dos assentos.
Merz já descartou qualquer aliança com a AfD, o que limita suas opções. Uma possibilidade seria um acordo com o SPD, mas a resistência dentro do partido social-democrata, principalmente devido a divergências sobre a política migratória, pode dificultar as negociações.
O resultado reflete uma nova configuração política na Alemanha, com o fortalecimento da direita e o desafio de formar um governo estável em meio a um cenário polarizado.