O Dia do Beijo, celebrado mundialmente em 13 de abril, vai muito além de um gesto romântico ou afetuoso. A data, que é um convite a demonstração de carinho com um simples toque de lábios, também levanta um importante alerta sobre os cuidados com a saúde. Apesar de beijar ser um hábito prazeroso e até benéfico para o corpo, liberando endorfinas, reduzindo o estresse e elevando a autoestima, a prática também envolve riscos, como a transmissão de doenças infecciosas.
Segundo especialistas, o beijo pode ser uma via de contágio para enfermidades como mononucleose, herpes labial, gripe, citomegalovírus e até hepatite B. Isso ocorre pelo contato direto com mucosas e pela troca de saliva, o que exige atenção redobrada, especialmente em épocas de surtos virais. “A boca é uma porta de entrada para diversos micro-organismos e o beijo, principalmente quando há feridas ou lesões, facilita a transmissão”, explica a médica infectologista Carla Godoy.
Entre os problemas de saúde que podem ser transmitidos pelo beijo, está a candidíase oral, popularmente conhecida como sapinho. Trata-se de uma infecção fúngica causada pelo Candida albicans, microrganismo que vive naturalmente no corpo humano, mas que pode se proliferar em excesso em situações de baixa imunidade. Quando o sistema imunológico está fragilizado, o fungo encontra ambiente propício para se multiplicar, resultando em lesões. Os sinais mais frequentes incluem placas esbranquiçadas com aspecto escamoso na língua, gengivas, parte interna das bochechas e, em alguns casos, nos lábios.
Na Odontologia, o ato de beijar também é observado com atenção, especialmente quando se trata da saúde bucal. Isso porque doenças como cáries e gengivites podem ser transmitidas pelo contato direto com a saliva de outra pessoa. “Elas podem passar de uma pessoa para outra por meio da saliva na hora do beijo, ou seja, se uma pessoa tem muita cárie ou má higiene bucal, ela pode sim transmitir essas bactérias para alguém que ainda não as tem, especialmente em pessoas com baixa resistência”, explica o dentista Felippe Gomes de Oliveira Correa.
Entretanto, o dentista tranquiliza e explica que apenas o contato com bactérias não garantem que a outra pessoa vá necessariamente desenvolver um problema bucal. “Fatores como escovação deficiente, falta do uso do fio dental, tabagismo, estresse e até mesmo questões genéticas favorecem a proliferação desses micro-organismos e influenciam no aparecimento desses problemas”, pontua Felippe.
Para quem pretende comemorar o Dia do Beijo, o dentista destaca que uma rotina simples pode fazer toda a diferença na hora de manter o hálito agradável e evitar problemas. A escovação eficiente é o primeiro passo para prevenções e deve ser feita ao menos duas vezes por dia, com escova de cerdas macias e creme dental com flúor. O especialista pontua que é importante não esquecer da língua, onde se acumulam muitas bactérias responsáveis pelo mau hálito.
Outro ponto importante é o uso do fio dental, que remove restos de comida e placa bacteriana entre os dentes, onde a escova não alcança. “Manter-se hidratado é outro ponto importante, já que a saliva tem papel protetor para os dentes e ajuda a manter o hálito fresco. Boca seca favorece o acúmulo de bactérias e o mau cheiro”, alerta o especialista.
Correa também reforça a importância de manter uma alimentação equilibrada. Reduzir o consumo de açúcar e ultraprocessados pode prevenir diversos problemas bucais. Frutas como maçã, por exemplo, contribuem para uma limpeza natural dos dentes. Por fim, visitas regulares ao dentista para limpezas e check-ups completam a rotina de cuidados, garantindo gengivas saudáveis e prevenindo doenças.
O especialista pontua que em caso de lesões ou feridas na boca, o ideal é evitar o contato oral até a completa cicatrização. Quando se está doente ou com sintomas gripais, o beijo é desaconselhável, principalmente quando a outra pessoa está com a imunidade comprometida, como em casos de pacientes em tratamento oncológico ou com doenças autoimunes.
Como surgiu a data
Apesar de ser um gesto repleto de afeto e significado, o Dia do Beijo tem uma origem que foge do romantismo tradicional. A história mais conhecida sobre a data remonta a 1882, na Itália, e envolve um personagem curioso: Enrico Porchelo, um jovem famoso por sua habilidade e ousadia ao distribuir beijos entre as mulheres de seu vilarejo.
A fama era tanta que o padre local resolveu fazer um anúncio inusitado: ofereceu um prêmio à primeira mulher que dissesse nunca ter sido beijada por Enrico. Para a surpresa geral, ninguém apareceu para reivindicar o prêmio. O episódio acabou se espalhando e reforçando a reputação do rapaz como o maior beijoqueiro da região.
Desde então, a lenda passou a circular como a origem simbólica do Dia do Beijo. Se o prêmio realmente existiu ou se toda essa história não passa de um mito, ninguém sabe ao certo.