O grande número de casos de dengue segue preocupando a população do DF, já que estamos entre os dez estados mais afetados pela doença. As nomenclaturas e níveis de gravidade da enfermidade acabam contribuindo para a aflição dos moradores da capital.
Depois da dengue hemorrágica, o termo choque por dengue surgiu e, com ele, as dúvidas. Afinal, quais as diferenças das duas condições? Quais são os principais sinais? Como é feito o tratamento?
O GPS conversou com os médicos Werciley Júnior, coordenador de infectologia do Hospital Santa Lúcia e chefe da Comissão de Controle de Infecção, e Arthur Seabra, clínico geral e coordenador da Emergência do Hospital Santa Lúcia, para esclarecer alguns pontos.
Confira a entrevista:
O que é o choque por dengue?
O termo choque diz respeito a qualquer situação que induz a disfunção do sangue. No caso, o choque causado pela dengue é quando há uma baixa pressão arterial, muitas vezes vinculado com a desidratação?
Choque por dengue é a mesma coisa de dengue hemorrágica?
Não. Atualmente, a nomenclatura funciona da seguinte forma: dengue clássica, grave e choque. Falava-se da hemorrágica quando o quadro vinha acompanhado de sangramento, mas não usamos mais esse termo para não vincular que a gravidade estava necessariamente combinada com o sangue.
Quais são os principais sinais do choque?
Baixa pressão, pele fria e pegajosa, alterações dos níveis de consciência e o possível aparecimento do sangramento.
Esse quadro é fatal ou há possibilidade de cura?
O choque pode ser fatal se não for identificado rapidamente e se não foram introduzidas as medidas necessárias, como a hidratação e tentativa de recuperação das plaquetas ou do sangramento, caso exista.
Qualquer paciente que tenha dengue pode apresentar o choque?
Normalmente, a dengue com choque pode acontecer quando é a segunda infecção com pelo menos dois anos causada pelo mosquito Aedes aegypti. Mas, vale ressaltar que nem toda infecção secundária resulta no choque.
De acordo com o médico Arthur Seabra, os indivíduos mais suscetíveis a essa complicação são os idosos, crianças, gestantes e pessoas com comorbidades.
Ainda segundo Seabra, a hidratação venosa é o principal tratamento nesses casos, sendo dividida em duas fases, a de expansão e a de manutenção.