O 78º Festival de Cannes começa na próxima terça-feira (13), na França, com expectativa de vitória com indicação para brasileiros. Apesar de ter levado a Palma de Ouro, maior prêmio do evento, apenas em 1962 com O Pagador de Promessas, o Brasil acumula ao longo das edições pelo menos seis vitórias nas categorias principais, além de prêmios nas mostras que integram a programação do festival.
A Oddspedia fez um levantamento que mostra a trajetória do País em Cannes. A primeira vitória brasileira foi em 1953, quando o filme O Cangaceiro, de Lima Barreto, conquistou o prêmio de Melhor Filme de Aventura, categoria que foi extinta. Além de ser o primeiro filme brasileiro a ganhar um prêmio internacional, O Cangaceiro também teve o próprio Barreto no elenco.
Já em 1962, o Brasil conquistou a sua primeira Palma de Ouro com O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte. A comédia dramática, que conta a história do cristão Zé do Burro, interpretado por Leonardo Vilar, que faz uma promessa para levar uma cruz até a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, foi o primeiro e único filme brasileiro a conquistar o prêmio máximo de Cannes até hoje.

O Pagador de Promessas
Desde então, o Brasil tem sido presença constante no festival, com indicações e vitórias em diversas edições. Em 1969, o cineasta Glauber Rocha dividiu o prêmio de Melhor Diretor com o tcheco Vojtěch Jasný, pelo filme O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro. A obra, que mistura elementos de western e aventura, narra o confronto entre cangaceiros e jagunços no nordeste baiano.
Em 1986, a atriz Fernanda Torres foi premiada como Melhor Atriz, dividindo o prêmio com a alemã Barbara Sukowa, por sua atuação no filme Eu Sei que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor. O filme também foi indicado à Palma de Ouro naquele ano. A performance de Torres, que foi indicada ao Oscar em 2025, foi um dos destaques da edição.
A veterana Sandra Corveloni se juntou a esse seleto grupo em 2008, ao vencer como Melhor Atriz por sua interpretação em Linha de Passe, de Walter Salles. Ao lado de Kleber Mendonça Filho, Salles também é um dos diretores com mais participações em Cannes, ambos com três indicações ao prêmio principal do festival.
Prêmios recentes
O Brasil voltou a conquistar um prêmio principal em 2019, com Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, que recebeu o Prêmio do Júri, em uma edição histórica ao dividir o prêmio com Les Misérables, de Ladj Ly.
Entretanto, algumas categorias seguem sendo uma “pedra no sapato” para o Brasil. O País nunca conquistou o Grand Prix (prêmio concedido ao filme mais original, segundo o júri), Melhor Ator, Melhor Roteiro ou Melhor Primeiro Filme, embora tenha sido indicado em diversas ocasiões.
Em 2025, o Brasil terá uma nova oportunidade histórica, com o filme O Agente Secreto, também de Kleber Mendonça Filho, que está entre os indicados pelo terceiro ano consecutivo, competindo pela Palma de Ouro. Estrelado por Wagner Moura, o longa é um thriller político ambientado nos anos 1970, durante a ditadura militar brasileira.
Neste ano, o festival vai até o dia 24 de maio.