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Após prisão de delegado que baleou três mulheres, Sinpol faz alerta sobre saúde mental na PCDF

Sindicato também criticou entrevista de oficial da PMDF sobre delegado afastado e gerou crise entre as forças de segurança da capital

O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) emitiu uma nota à imprensa, nesta quinta-feira (16), para reforçar um alerta sobre a saúde mental dos integrantes da força de segurança.

A motivação ocorreu após a prisão do delegado Mikhail Rocha e Menezes, da 30ª Delegacia de Polícia (DP), o qual estava afastado de suas funções por problemas de saúde mental.

O delegado foi detido após um possível “surto psicológico” em que disparou contra a sua esposa e outras duas pessoas, além de acabar ferindo o próprio filho.

Ele teve a prisão em flagrante efetuada pela Polícia Militar (PMDF). Mesmo afastado das funções, o acusado portava duas armas de fogo.

Internamente, a entidade também criticou declarações de porta-voz da PMDF, major Broocke, que, em entrevista para a TV Globo, teria exposto, segundo o sindicato, o delegado que está em tratamento de saúde (leia abaixo as notas do Sinpol-DF e da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal – ASOF-PMDF – , que saiu em defesa do major).

Entenda

O incidente ocorreu pela manhã, quando Mikhail, em um aparente episódio de descontrole emocional, baleou sua esposa, Andréa Rodrigues Machado e Menezes, a empregada da família, Oscelina Moura Neves de Oliveira, e a enfermeira Priscilla Pessôa Rodrigues.

Após o ocorrido, o delegado fugiu com seu filho de 7 anos, também ferido indevidamente, e dirigiu-se ao Hospital Brasília, no Lago Sul, onde atirou em Priscilla após reclamar de suposta burocracia para o atendimento do menor de idade. As vítimas estão sob cuidados médicos.

Segundo o Sinpol-DF, o caso do delegado trouxe à tona a questão do adoecimento mental dos profissionais da PCDF. Na nota, a entidade destaca que essa situação reflete uma “realidade cruel, oculta e silenciosa” enfrentada por muitos membros da corporação.

Dados divulgados pelo Sinpol-DF em outubro de 2023 revelam que 74,4% dos policiais civis relataram sintomas de depressão e ansiedade, porém apenas 42,7% buscaram apoio psicológico ou psiquiátrico.

Segundo o sindicato, cerca de 400 policiais civis são afastados anualmente por questões relacionadas à saúde mental, conforme informações do Departamento de Gestão de Pessoas (DGP) da PCDF.

Para Enoque Venancio de Freitas, presidente do Sinpol-DF, o principal fator que contribui para o adoecimento é o excesso de trabalho. Muitos policiais recorrem ao Serviço Voluntário Gratificado (SVG) para complementar a renda, o que os obriga a renunciar ao descanso e às folgas, afetando diretamente sua saúde mental, segundo o texto.

“A defasagem salarial e o acúmulo inflacionário dos últimos anos têm levado os policiais civis a trabalhar além de seus limites para evitar o superendividamento. No entanto, isso cobra um preço alto na saúde mental desses profissionais. As consequências, infelizmente, são as piores possíveis”, afirma Freitas.

O presidente do Sinpol-DF também expressou solidariedade às vítimas do incidente envolvendo o delegado Mikhail e ressaltou a necessidade de ações efetivas para enfrentar a crise de saúde mental na corporação.

“Este caso não é isolado. É um reflexo de uma crise maior que vem sendo ignorada há anos. O custo de manter Brasília como uma das capitais mais seguras do país recai diretamente sobre a saúde mental dos policiais civis. É urgente que medidas sejam tomadas para proteger aqueles que protegem a sociedade”, conclui.

Crise entre polícias

Da mesma forma, o Sinpol-DF também se manifestou, mas desta vez em nota interna para os policiais, contra o pronunciamento do major Broocke, da Polícia Militar do DF (PMDF), a respeito da prisão de Mikhail Rocha e Menezes.

De acordo com a entidade, durante participação ao vivo no programa DF1, da Rede Globo Brasília, o major Broocke teria feito declarações as quais o Sinpol-DF considerou como “inadequadas e oportunistas”, utilizando o caso para “autopromoção”., segundo o texto o qual tem circulado nos grupos de WhatsApp e que o GPS|Brasília teve acesso.

Nela, o sindicato destacou que, embora a prisão tenha seguido os trâmites legais, as falas do oficial da PMDF não refletiram o respeito e a seriedade exigidos pela situação.

“É lamentável que um líder da PMDF tenha agido de maneira tão insensível. Esperamos um tratamento respeitoso e profissional, especialmente em casos envolvendo saúde mental”, afirmou o Sinpol-DF no comunicado interno.

Resposta 

Após a repercussão da nota interna do Sinpol-DF, a Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (ASOF-PMDF) também se manifestou e saiu em defesa do porta-voz da PMDF. 

Segundo a associação, o major Broocke agiu no “estrito cumprimento de seu dever institucional” ao prestar esclarecimentos à sociedade sobre a ocorrência que envolveu o delegado da 30ª Delegacia de Polícia.

“O papel do porta-voz é levar informações fidedignas sobre ocorrências de relevância pública, especialmente em casos graves que envolvem autoridades e impactam a sociedade”, afirma o comunicado.

A associação reforça que a atuação do major foi pautada pelo profissionalismo e pela transparência, características essenciais para manter a confiança pública nas ações da PMDF.

A manifestação do Sinpol-DF, que acusou o porta-voz de autopromoção, foi classificada pela ASOF-PMDF como uma tentativa de distorção dos fatos, prejudicando a cooperação entre as forças de segurança pública do Distrito Federal.

“Lamentamos profundamente a tentativa do Sinpol-DF de distorcer a postura de um oficial da PMDF, promovendo ataques que não contribuem para a harmonia e a cooperação entre as forças de segurança pública”, destacou a associação.

Tréplica

Com o posicionamento de resposta da associação da PMDF, o Sinpol-DF decidiu se explicar sobre a nota direcionada exclusivamente aos policiais civis.

De acordo com o sindicato, os protocolos de saúde mental “demandam a preservação dos envolvidos, especialmente em casos de evidente fragilidade psicológica”.

Por isso, continua a nova nota, o Sinpol-DF considerou “equivocada” a postura adotada na entrevista, que não levou plenamente em conta o quadro clínico e os cuidados necessários “ao tratar de situações tão delicadas”.

“Ressaltamos que esta manifestação não pretende desmerecer a Polícia Militar ou seus integrantes, mas sim reforçar a importância de discursos e atitudes que humanizem as dificuldades enfrentadas por todos os profissionais de segurança pública. O Sinpol-DF reafirma seu compromisso com o diálogo e a construção de medidas que fortaleçam a saúde mental e a união entre as corporações”, continua o texto.

Por fim, o Sinpol-DF afirmou se solidarizar “profundamente com as vítimas e seus familiares, desejando uma pronta recuperação e reafirmando o compromisso com a luta por uma segurança pública mais humana para todos os envolvidos”, encerra.

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