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Antônio Geraldo: Quem pensa na saúde mental dos idosos?

Solidão e isolamento estão entre as causas mais comuns de sofrimento entre os idosos

A saúde mental dos idosos é um assunto que falamos muito pouco e é negligenciado. Com o avanço da idade, o corpo passa por mudanças naturais e o mesmo acontece com a mente. No Brasil, segundo o Censo do IBGE de 2022, existem cerca de 33 milhões de pessoas com 60 anos ou mais e esse número deve crescer nas próximas décadas.

Quando pensamos em saúde mental, a solidão e o isolamento estão entre as causas mais comuns de sofrimento entre os idosos. Perdas são frequentes nessa fase da vida e podem ser muito difíceis de lidar. Ao longo do tempo, muitos perdem amigos, familiares ou companheiros de vida, o que pode gerar um sentimento profundo de solidão e tristeza.

Além das perdas, há também nessa fase da vida mudanças físicas sentidas no corpo,  perda de autonomia e alterações na rotina que podem gerar frustrações e dificuldades de adaptação. Quando o idoso permanece muito tempo em casa, sem estímulo para sair ou se movimentar, as chances de desenvolver doenças crônicas aumentam. A falta de atividades físicas regulares compromete a qualidade de vida e também influencia negativamente o humor e a disposição.

Esses fatores podem contribuir para o desenvolvimento de doenças mentais, como a depressão e a ansiedade, que muitas vezes passam despercebidos ou são tratados como parte do envelhecimento. Precisamos diferenciar o envelhecimento normal com o envelhecimento patológico. É importante ficar atento a sinais como tristeza constante, perda de interesse em atividades, esquecimentos frequentes ou mudanças de comportamento.

Com o passar dos anos, também é natural que ocorram algumas perdas cognitivas. No entanto, estudos mostram que a solidão crônica pode acelerar esse processo e até aumentar o risco de desenvolver demências, sendo o Alzheimer o tipo mais conhecido. A perda de memória, as confusões mentais e as mudanças de comportamento podem causar preocupação.

O diagnóstico precoce de doenças mentais e o acompanhamento médico podem ajudar muito na qualidade de vida dos idosos. A rede de apoio também é muito importante. O cuidado com os idosos geralmente fica a cargo dos familiares próximos, mas eles enfrentam muitos desafios.

Mas e quanto às populações mais vulneráveis, como idosos em situação de pobreza, idosos pouca ou nenhuma rede de apoio que enfrentam doenças mentais que necessitam de tratamento contínuo? Essas pessoas precisam ainda mais de atenção nesta questão. O acompanhamento médico regular, o acesso a tratamento adequado, a promoção de atividades de lazer e a manutenção dos vínculos sociais podem contribuir diretamente para o bem-estar dos idosos.

É importante lembrar que envelhecer não significa solidão. Todo idoso tem o direito de ter qualidade de vida, tornando ainda mais urgente a necessidade de políticas públicas voltadas ao cuidado da pessoa idosa, especialmente no que diz respeito à saúde mental. Ações de prevenção de doenças, promoção da saúde mental, acesso ao tratamento adequado no sistema público, etc. Envelhecer com dignidade também é um direito.

Antônio Geraldo: Quem pensa na saúde mental dos idosos?

*Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG.

Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL. Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais.

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