A **mais antiga bienal de artes do mundo** será representada por um brasileiro no próximo ano. **Adriano Pedrosa**, diretor artístico do **Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP)**, é o responsável pela direção de artes visuais da **Biennale di Venezia 2024**. O anúncio foi feito nessa quinta-feira, 16, pelo conselho do evento. O carioca é o **primeiro latino-americano** a assumir o posto de curador no evento.
>_“Sinto-me honrado e humilde por esta prestigiosa nomeação, especialmente como o primeiro latino-americano a ser o curador da Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza e, de fato, o primeiro baseado no Hemisfério Sul. A Bienal é certamente a plataforma mais importante para a arte contemporânea no mundo, e é um desafio emocionante e uma responsabilidade embarcar neste projeto. Estou ansioso para trazer artistas a Veneza e realizar seus projetos, bem como trabalhar com a grande equipe da Bienal”_, declarou **Pedrosa** sobre a indicação.
O carioca é um dos nomes mais influentes no mundo das artes atualmente. Na última semana, o curador brasileiro foi mencionado na **_Power 100_**, uma lista anual que destaca profissionais com trabalho de excelência no campo artístico. Ele aparece na 59º posição do ranking da _**ArtReview**_, 37 posições acima da última aparição, em 2015, quando ficou no 96º lugar.
O trabalho que o atual diretor artístico do **MASP** realiza no museu tem sido aclamado pela crítica especializada, tanto no Brasil quanto no exterior. **Pedrosa** está à frente da organização desde 2014. Nos oito anos de atuação, promoveu importantes inovações na organização e exposições. O olhar do curador tem lançado uma **nova percepção sobre a arte brasileira e quem a conta**.
Um dos trabalhos de maior destaque são as exposições **_Histórias_**. Realizadas anualmente desde 2016, com uma pausa em 2021, as mostras abordam diferentes temas sob uma perspectiva primordialmente brasileira. Neste ano, a capital paulista recebeu a exibição **_Histórias Brasileiras_** (2022). Nos anos anteriores o MASP foi palco para a apresentação dos trabalhos **_Histórias da infância_** (2016), **_Histórias da sexualidade_** (2017), **_Histórias Afro-atlânticas_** (2018), **_Histórias das mulheres, histórias feministas_** (2019), **_Histórias da dança_** (2020).
O próximo ano do **ciclo _Histórias_** tratá o diálogo entre a arte e a formação social brasileira sob uma compreensão cultural indígena. Para a iniciativa, **Pedrosa** convidou os curadores **Kássia Karajá, Renata Tupinambá e Edson Kayapó** para integrar a equipe de trabalho. A decisão ressalta o interesse do diretor em abranger o olhar artístico às diferentes realidades que construíram o Brasil.
O intenso trabalho com as artes e as iniciativas em prol da diversificação artística no País garantiram a nomeação de **Pedrosa**. **Roberto Cicutto**, diretor da **Biennale di Venezia** destacou que o brasileiro _“é conhecido pela competência e originalidade que tem demonstrado ao conceber suas exposições com uma visão aberta ao contemporâneo , trabalhando a partir de um ponto de observação do mundo que não pode desconsiderar a natureza de seu lugar de origem”_.
O recém-nomeado curador já participou de outras importantes mostras artísticas. Pedrosa atuou na curadoria adjunta da **24ª Bienal de São Paulo** (1998) e na co-curadoria da 27ª edição (2006). Ele também foi co-curador da **12ª Bienal de Istambul** (2011) e organizou o **31º Panorama da Arte Brasileira** (2009). Neste mês, o carioca foi o primeiro latino-americano agraciado com o prêmio internacional **Audrey Irmas de Excelência Curatorial**. A condecoração é feita pelo **Centro de Estudos Curatoriais do Bard College (CCS Bard)**, em **Nova York**, e reconhece nomes que fazem a diferença no cenário artístico mundial.
A **Biennale di Venezia** foi iniciada em 1985 e é a mais antiga do mundo. No período de exposição, todos os departamentos realizam mostras. São abordados temas acerca da artes, da arquitetura, do cinema, da música, da dança e do teatro. Nos 37 anos de existência, a Bienal não havia convidado um curador do hemisfério sul, até hoje. A 60ª edição evento acontecerá em 2024, entre 20 de abril e 24 de novembro.