O CEO da Arena BRB, Richard Dubois, é um homem de planos ambiciosos. Depois de conquistar a gestão do Estádio Nacional Mané Garrincha, ele passou a ampliar o uso do espaço, atraindo grandes shows, para suprir a ocupação do espaço. E busca não apenas mais jogos, mas convenções e até mesmo empresas para ocupar as grandes áreas. “Teremos ainda a expansão das operações imobiliárias e o Esfera 2.0, transformando o estádio em um prédio de escritórios e centro de convivência”, promete, ao citar os planos para 2024.
Em entrevista conduzida pelo publisher do GPS Brasília, Jorge Eduardo Antunes, durante a edição deste ano do Casa Cor, um dos eventos atraiu para a Arena BRB, Dubois também fez um diagnóstico do futuro dos estádios de futebol País afora e detalhou os planos de ampliação do seu grupo empresarial, com ênfase na licitação do mais importante estádio da capital de Goiás. Ficar com o Serra Dourada é um sonho que a gente tem”, disse.
Confira a íntegra da entrevista abaixo:
A tendência de os antigos estádios transformarem-se em arena veio para ficar? E ela vai alcançar todos eles ou haverá a preservação de alguns, convivendo com as arenas?
O esporte está passando por uma mudança no mundo, e ele e o entretenimento estão convergindo. As pessoas, cada vez mais, buscam lazer e entretenimento. Muitos estudos mostram que a geração do consumismo está terminando. Hoje, se quer mais curtir do que comprar. E o curtir pode ser o time, o astro da música, uma festa, uma paquera, um papo com os amigos. A gente entende que os estádios de futebol no Brasil e no mundo vão ser os pilares desta sociedade do encontro, da curtição e da convivência. Não sei se todos os estádios vão aderir a este modelo. Há propriedades que são de clubes de futebol, outros do poder público. Cada dono vai levar na direção que achar melhor, mas a tendência é que mais equipamentos sigam o modelo de arena multiuso e espaço de vivência. É muito difícil você ter um aparelho tão grande, caro e complexo como um estádio de futebol funcionando 60 ou 80 vezes por ano, e nos outros 300 dias permanecendo fechado. Ele tem de estar acessível à população, ao pessoal do entorno e aos turistas o ano inteiro. Tem de ser um aparelho multiuso mesmo.
A Arena BRB foi concedida a vocês por 35 anos, período que deve se estender um pouco por conta da pandemia da Covid-19. Como foi atravessar aquele deserto de eventos, a era do prejuízo que ocorreu entre 2020 e 2022?
Deu para sobreviver. Foi um período que não desejo ao meu pior inimigo. Pegamos a concessão do estádio 45 dias antes do início da pandemia. Fizemos alguns shows e jogos e tínhamos uma agenda completa. O primeiro evento do Brasil afetado pela pandemia foi um UFC aqui no Nilson Nelson. Os atletas já estavam em Brasília e haveria transmissão para 140 países. Em uma decisão correta do governador Ibaneis Rocha, o evento ocorreu sem público. E a gente viu como era duro para o atleta performar sem torcida. O mesmo ocorreu com a Copa América. Nós realizamos oito jogos, com grandes craques como Neymar e Messi, e o estádio vazio, sem barulho, sem torcida. Usamos um software para simular o ruído de torcida, mas quando o jogador faz o gol, corre e vê a arquibancada vazia, é muito triste. Quando tivemos o primeiro jogo com público após a saída da pandemia foi outra coisa. Como negócio, foi um período terrível. A receita caiu a zero e os custos continuaram altos. Também houve o custo de desmonte da agenda. E a incerteza em relação ao fim do processo de lockdown foi o mais desgastante. Como não sabíamos quando a pandemia acabaria e o estádio manteve o funcionamento mínimo para rodar.
O que a gente repara é que grandes arenas internacionais acabam servindo também como palco de outras atividades. Gosto muito do exemplo da Allianz Arena, de Munique. O que vem aí nos próximos meses?
Os estádios hoje vivem do futebol, do show e do dia a dia. Já trouxemos muitos dos grandes sertanejos e teremos uma grande temporada de grande sucessos, com Paul McCartney fazendo, talvez, sua última grande apresentação no Brasil. A gente vai continuar trazer grandes shows, que estão colocando Brasília na rota. E algumas destas turnês são feitas aqui, o que dá chance aos profissionais de Brasília se juntar a estas caravanas, trazendo oportunidade de empregos para os técnicos locais.
E nos outros esportes? O que teremos na Arena BRB?
Temos o Aberto da República. É o segundo maior torneio do Brasil em premiação. Estamos tornando-o internacional, com atletas da América do Sul e de outros continentes. Teremos também o basquete, com o nosso querido Brasília Basquete começando a jogar aqui com uma equipe renovada e com três reforços internacionais. A gente está fazendo um basquete no padrão NBA, com telões e som. Quem não veio, venha e conheça.
Vocês colocaram algumas estruturas que prometem ter vida longa na Arena BRB, como o Mané Mercado…
É uma parceria nossa com a R2, com inspiração nas ruas e mercados europeus. E conseguimos dar um passo além. Você senta na mesa e pode ser servido por 22 operações diferentes. Não é um clima de bar, mas é descontraído. Um lugar que pegou e estamos exportando este conceito.
Vocês vão levar essa expertise da Arena BRB para novas arenas? A licitação do Serra Dourada seria o próximo passo?
Ficar com o Serra Dourada é um sonho que a gente tem. Há muita sinergia entre Brasília e Goiânia. Vamos fazer o possível e o impossível para assumir essa operação e para levar muitos produtos que a gente tem aqui para Goiânia. Também estamos disputando uma arena em Barueri e temos uma visão de expansão geográfica, sem entrar no conteúdo. Não pretendemos ter time de futebol ou fazer agenciamento de bandas, mas formar uma plataforma de entretenimento e lazer com base em Brasília, expandindo para outras cidades .
O que o brasiliense pode esperar em 2024 para a Arena BRB?
Teremos muito futebol. Já fechamos dez jogos. Temos três turnês internacionais acertadas na Arena BRB. A Liga das Nações de Vôlei também virá, assim como mais tênis e basquete. O motocross já está encaminhado. Teremos ainda a expansão das operações imobiliárias e o Esfera 2.0, transformando o estádio em um prédio de escritórios e centro de convivência. Haverá mais operações gastronômicas no Mané Mercado, uma área de shows para 10 mil pessoas, coberta e a atualização do Modesto.