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Marcella Oliveira: Itália amplia presença no mercado brasileiro de vinhos

País europeu escolheu a principal feira vitivinícola da América Latina como vitrine estratégica para fortalecer laços com o Brasil

Bento Gonçalves (RS) – No Brasil, vinho é mais que bebida: é memória afetiva, celebração, ritual. E quando se fala em tradição vinícola, é impossível ignorar a influência italiana nesse imaginário, não apenas pelo peso histórico, mas também pela realidade econômica. Com mais de 32 milhões de ítalo-descendentes vivendo em território brasileiro, o país europeu enxerga no Brasil um mercado com laços culturais profundos e um potencial de crescimento ainda maior.

Foi com esse olhar estratégico que a Itália marcou presença na Wine South America 2025, realizada na semana passada em Bento Gonçalves (RS), com a maior delegação internacional da feira: mais de 80 vinícolas, representando 15 das 20 regiões produtoras italianas e oferecendo aos visitantes tintos, brancos e espumantes com forte apelo de origem e autenticidade.

A participação foi coordenada pela ITA/ICE – Agência para a Promoção no Exterior e a Internacionalização das Empresas Italianas, ligada à Embaixada da Itália no Brasil, que promoveu o Pavilhão Italiano com 23 vinícolas selecionadas, além de apoiar importadores, masterclasses e rodadas de negócios com profissionais de toda a América Latina.

“O Brasil é hoje um dos mercados mais promissores para o vinho italiano. Isso se deve não só à herança cultural, mas também à crescente sofisticação do consumidor brasileiro”, afirma Maria Maddalena Del Grosso, dirigente da ITA/ICE. “A Itália detém o maior número de uvas autóctones e rótulos com Denominação de Origem Controlada ou Controlada Garantida no mundo. Levar essa diversidade ao público brasileiro é uma forma de fortalecer a cultura do vinho e ampliar o acesso a produtos de alta qualidade”, completa. 

Com rótulos de regiões como Piemonte, Toscana, Sicília, Vêneto e Emília-Romanha – algumas já bem conhecidas do consumidor brasileiro –, a delegação italiana trouxe também vinhos de áreas menos exploradas, como Úmbria, Lazio, Marche, Friuli-Venezia Giulia e Molise, o que ampliou o espectro de sabores apresentados na feira e reforçou seu papel educativo. Ao dar visibilidade a essas denominações, muitas vezes fora dos holofotes internacionais, o evento também contribui para a valorização da diversidade e da autenticidade dos terroirs italianos.

Crescimento

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, as exportações de vinhos italianos para o Brasil cresceram 12,6% em 2024, alcançando 10,9 milhões de litros. No primeiro trimestre de 2025, a alta foi ainda mais expressiva: 14% em relação ao mesmo período do ano anterior. A expectativa é fechar o ano com 11,2 milhões de litros exportados, o que reforça a tendência de ascensão.

Hoje, a Itália representa 20% da produção de vinho no mundo é o quarto maior exportador de vinhos para o Brasil, atrás apenas de Chile, Portugal e Argentina. Nas Américas, o Brasil ocupa a quarta posição entre os maiores compradores de vinhos italianos, ficando atrás dos Estados Unidos, Canadá e México.

“A economia italiana e a brasileira, em especial a gaúcha, estão muito ligadas ao setor agrícola e, consequentemente, ao vinho. Valorizar a Wine South América é valorizar todo o esforço que as empresas do segmento fazem para entregar um produto com reconhecimento global”, ressalta Alessandro Cortese, embaixador da Itália no Brasil.

O embaixador da Italia, Alessandro Cortese, com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite

Vitrine para o mundo

A feira, organizada pela Milanez & Milaneze, empresa do grupo Veronafiere (o mesmo que realiza a Vinitaly, em Verona), é considerada a principal plataforma de negócios do setor vitivinícola na América Latina. Nesta 5ª edição, atraiu compradores do Chile, Argentina, México, Venezuela, Peru, Equador e outros países, com apoio da ICE e da ApexBrasil.

“Trouxemos 15 importadores estratégicos da América Latina e promovemos rodadas de negócios intensas, além de três masterclasses com o sommelier Gianni Tartari, referência no Brasil. A ideia é criar um ecossistema internacional que favoreça o mercado de forma saudável e crescente”, explica Maria Maddalena Del Grosso. “Acreditamos num crescimento sustentável de pelo menos 20% nas próximas edições, tanto em volume de negócios quanto em visibilidade.”

Uma ponte entre culturas

Estar em Bento Gonçalves, coração da vitivinicultura nacional, é simbólico. O encontro entre produtores italianos e brasileiros celebrou não apenas oportunidades de negócios, mas também valores em comum: respeito à terra, saber fazer e inovação.

“Queremos que o Brasil não seja apenas consumidor, mas também protagonista do setor: como importador, exportador e produtor. Para isso, conexões internacionais como essa são fundamentais”, conclui Maria Maddalena.

Na taça, o que se bebe é vinho, mas o que se constrói são pontes, mercados e histórias. E a presença italiana na Wine South America é um brinde a esse futuro compartilhado.

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