A literatura é repleta de obras que abordam questões pertinentes e sensíveis para mulheres. Alguns são clássicos, como O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, e O Mito da Beleza, de Naomi Wolf, que são quase leitura obrigatória quando se fala em feminismo e tudo que compõe o universo feminino. Pensando nisso, o GPS|Brasília fez uma seleção de seis livros incríveis escritos por mulheres sobre a temática feminina para falar das dores e delícias de ser mulher.
Aurora: O Despertar da Mulher Exausta – Marcella Ceribelle
O livro explora os desafios contemporâneos enfrentados pelas mulheres, abordando temas como exaustão, pressão social, autoestima e relacionamentos. A autora discute em cinco capítulos como a sociedade impõe a expectativa de que as mulheres sejam multitarefas, o impacto das redes sociais na produtividade e os estereótipos negativos atribuídos a mulheres assertivas. Além disso, reflete sobre a relação feminina com o corpo, incentivando uma visão mais saudável e realista sobre beleza, alimentação e exercício.
A obra também analisa o amor e os relacionamentos, destacando a importância da responsabilidade afetiva e da autoestima para relações mais equilibradas. No último capítulo, Ceribelli incentiva as mulheres a confiarem em seus próprios processos, superando a autossabotagem e o perfeccionismo. Com referências a livros, filmes e episódios de seu podcast Bom Dia, Obvious, o livro oferece uma leitura acessível e inspiradora para mulheres que buscam mais autenticidade e equilíbrio em suas vidas.
Mulheres que correm com os Lobos – Clarissa Pinkola Estés
O livro Mulheres que Correm com os Lobos, da psicanalista Clarissa Pinkola Estés, é uma obra que explora o arquétipo da Mulher Selvagem, símbolo da força instintiva e intuitiva feminina. Por meio da análise de mitos, contos de fadas e histórias tradicionais de diversas culturas, a autora revela como as mulheres podem resgatar sua essência mais autêntica, libertando-se de padrões impostos pela sociedade que reprimem sua criatividade, força e liberdade.
A obra enfatiza a importância da reconexão com a intuição, do autoconhecimento e do resgate da própria voz interior. Cada capítulo é baseado em uma história simbólica que ilustra desafios como medo, repressão, autossabotagem e o retorno ao poder feminino. Estés propõe um caminho de cura e transformação, incentivando as mulheres a abraçarem sua natureza instintiva e viverem de forma plena e verdadeira.
Comer, Rezar, Amar – Elizabeth Gilbert
O livro Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert, é uma autobiografia que narra a jornada da autora em busca de autoconhecimento e equilíbrio após um divórcio doloroso. Em sua viagem por três países, ela explora diferentes formas de felicidade: na Itália, descobre o prazer da comida e do desfrute da vida; na Índia, mergulha na espiritualidade e na meditação; e em Bali, na Indonésia, aprende sobre o amor e a harmonia entre corpo e alma.
A obra combina humor, emoção e reflexões profundas sobre identidade, fé e relacionamentos. Gilbert compartilha suas experiências e aprendizados, inspirando os leitores a buscarem sua própria realização pessoal. “Comer, Rezar, Amar” se tornou um best-seller mundial e foi adaptado para o cinema, estrelado por Julia Roberts.
O Ano em que Disse Sim – Shonda Rhimes
É uma autobiografia inspiradora na qual a criadora de sucessos como Grey’s Anatomy e Scandal relata sua transformação pessoal ao decidir dizer “sim” para oportunidades que antes evitava por medo ou insegurança. Conhecida por seu talento nos bastidores da televisão, Shonda era introvertida e costumava recusar convites e desafios fora do seu trabalho. No entanto, após um comentário de sua irmã sobre como ela sempre dizia “não”, ela resolveu passar um ano aceitando novas experiências.
Durante essa jornada, Shonda enfrentou seus medos, aprendeu a se colocar em primeiro lugar e encontrou equilíbrio entre carreira e vida pessoal. O livro traz reflexões sobre sucesso, vulnerabilidade, maternidade e autoaceitação, mostrando como pequenas mudanças de atitude podem transformar a vida. Com seu estilo leve e bem-humorado, a autora inspira os leitores a saírem da zona de conforto e abraçarem novas possibilidades.
A hora da Estrela – Clarice Lispector
Apesar de não é um livro exclusivamente para mulheres, traz reflexões que podem ressoar profundamente com a experiência feminina. A protagonista, Macabéa, é uma jovem nordestina pobre, ingênua e invisibilizada pela sociedade, representando a marginalização e a falta de voz de muitas mulheres. Ela se muda para o Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor. Órfã e sem grandes perspectivas, ela trabalha como datilógrafa e leva uma existência solitária, sem consciência de sua própria insignificância. Seu cotidiano é marcado pela miséria, pela falta de afeto e pela tentativa frustrada de se encaixar no mundo.
A história é contada pelo narrador Rodrigo S.M., que reflete sobre o destino trágico da protagonista e questiona seu próprio papel como escritor. Macabéa vive uma breve ilusão de felicidade ao se envolver com Olímpico, um homem rude que a abandona por outra mulher. Em busca de esperança, ela consulta uma cartomante, que prevê um futuro promissor, mas, ironicamente, seu destino toma um rumo inesperado. O livro é uma profunda reflexão sobre a identidade, a marginalização e a efemeridade da existência humana, caracterizado pelo estilo introspectivo e filosófico de Lispector.
Querida Konbini – Sayaka Murata
Com uma narrativa simples, mas profunda, o livro Querida Konbini, da escritora japonesa Sayaka Murata, conta a história de Keiko, uma mulher de 36 anos que trabalha há anos em uma konbini (loja de conveniência no Japão) e encontra nesse ambiente uma forma de existir em sociedade. Desde a infância, Keiko percebe que é diferente das outras pessoas, tendo dificuldades para compreender e expressar emoções da maneira convencional.
A pressão social para que ela se case e tenha uma carreira “adequada” faz com que Keiko questione sua vida e até tente mudar para se encaixar nos padrões esperados. Mas a protagonista desafia as expectativas impostas às mulheres na sociedade japonesa ao escolher um estilo de vida que foge do convencional.