A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto trocaram acusações, nesta quarta-feira (10), durante oitiva Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Com participações por videoconferência, ambos deram as próprias versões sobre a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Delgatti afirmou que Zambelli solicitou a invasão para emitir ordens de prisão, bloquear bens e decretar a quebra do sigilo bancário do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, a deputada teria prometido emprego, não cumprido, e orientado que, caso fosse descoberto, declarasse que agiu a mando dela.
Zambelli rebateu: “Você é um mitomaníaco”, disse, além de questionar a saúde mental de Delgatti, mencionando o uso de medicamentos para tratamento de déficit de atenção. O presidente da CCJ, Paulo Azi (União-BA), precisou intervir para encerrar os ataques pessoais.
A deputada, que está presa na Itália, recebeu autorização judicial para acompanhar a sessão remotamente. Durante a oitiva, chegou a se emocionar após ouvir manifestações de apoio. A deputada Bia Kicis (PL-DF) declarou que Zambelli “não estava sozinha” e que a direita continuava ao lado dela. “Você é uma guerreira e estamos com você”, afirmou Kicis, sendo agradecida pela colega. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), também prestou solidariedade, chamando Zambelli de “heroína”.
Delgatti manteve as acusações, dizendo que a deputada queria “desacreditar o sistema de Justiça”. Ele relatou ainda que recebeu da própria Zambelli a garantia de que poderia denunciá-la caso fosse processado.
Condenada a dez anos de prisão pela invasão ao CNJ, Carla Zambelli responde a processo de perda de mandato na Câmara dos Deputados. O caso está em análise na CCJ e, posteriormente, será submetido ao plenário. Na fase atual, a comissão ouve testemunhas apresentadas pela defesa da parlamentar. Foragida desde julho, ela foi detida na Itália, onde permanece sob custódia.