Depois de duas décadas encantando plateias ao redor do mundo como um dos musicais mais aclamados da Broadway, Wicked finalmente ganha vida nas telonas em uma adaptação que promete marcar gerações. Baseado no livro de Gregory Maguire e no musical icônico, o filme, dirigido por Jon M. Chu, apresenta um espetáculo cinematográfico que explora a história não contada das bruxas de Oz.
O enredo de Wicked gira em torno da improvável amizade entre Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande). Elphaba, marginalizada por sua pele verde e uma força interior que ainda não compreende, se vê confrontada com questões de identidade, poder e moralidade ao lado de Glinda, cuja busca por popularidade e aceitação social esconde uma profundidade emocional que só aos poucos vem à tona. A trama acompanha a evolução de ambas, desde estudantes na Universidade de Shiz até os eventos que culminam na transformação de Glinda na Bruxa Boa e Elphaba na Bruxa Má do Oeste. O filme expande esse universo com uma riqueza de detalhes visuais e narrativos que capturam tanto a essência da obra original quanto novas nuances que apenas o cinema poderia oferecer.
Adaptações sempre trazem expectativas, e com Wicked não foi diferente. Cresci apaixonada pelo livro de Gregory Maguire e pelo musical, que já assisti sete vezes, tanto na Broadway quanto no Brasil. Isso fez com que minhas expectativas fossem altas e meu olhar, inevitavelmente, parcial. Ainda assim, procurei abordar este filme com o olhar técnico e analítico que sempre guia minhas resenhas.
Minha hesitação inicial quanto à escolha de Ariana Grande para o papel de Glinda foi desfeita ao assistir à sua performance. Surpreendentemente, ela se mostrou uma escolha acertada para o papel, capturando a complexidade da personagem de forma convincente.
As atuações de Cynthia Erivo e Ariana Grande são um dos pontos altos do filme. Cynthia captura a complexidade de Elphaba com uma performance profundamente emocional, alternando entre vulnerabilidade e força com naturalidade. Sua entrega vocal é arrebatadora, dando nova vida a canções que já são clássicas. Ariana Grande, por sua vez, surpreende ao trazer uma Glinda multifacetada, explorando tanto o humor quanto as camadas mais sutis da personagem. A química entre as duas é o coração pulsante da história, e suas interações garantem os momentos mais marcantes do filme.
O elenco de apoio também merece destaque. Jonathan Bailey é encantador como Fiyero, trazendo leveza e charme ao papel, enquanto Michelle Yeoh e Jeff Goldblum oferecem performances que enriquecem ainda mais o universo do filme. Cada personagem contribui para a narrativa de forma significativa, e até mesmo figuras secundárias, como Nessarose e Boq, são retratadas com a atenção e profundidade que merecem.
As músicas de Stephen Schwartz ganham uma nova dimensão nesta adaptação. Cada número é executado com maestria, desde a interpretação vocal até a coreografia e a montagem cinematográfica. A transição das canções do palco para a tela é feita de forma fluida e orgânica, sem perder a essência emocional e o impacto visual que tornam Wicked tão especial. Esses números não apenas mantêm a essência emocional do musical original, mas também ressoam de maneira única na tela grande, criando momentos que certamente agradarão tanto aos fãs antigos quanto aos novos espectadores.
Jon M. Chu entrega uma direção visionária, equilibrando momentos épicos e íntimos com precisão. Sua habilidade de transmitir a grandiosidade do mundo de Oz através de cenários deslumbrantes, figurinos luxuosos e efeitos visuais impecáveis é notável. Cada detalhe contribui para a construção de um universo coeso e cativante. O uso da câmera, particularmente em números musicais como Defying Gravity e Popular, transforma o que já era grandioso nos palcos em uma experiência imersiva no cinema. Chu demonstra ser um verdadeiro mestre no gênero musical, unindo técnica e emoção para criar um espetáculo que transcende as expectativas.
Wicked não é apenas uma adaptação bem-sucedida; é um tributo apaixonado a tudo que Oz representa. Embora talvez não conquiste aqueles que não se identificam com o gênero musical, o filme é um presente para os fãs de longa data e para quem busca uma experiência cinematográfica rica e envolvente. A dedicação de Jon M. Chu e de todo o elenco e equipe é evidente em cada detalhe, desde os visuais até as performances e a narrativa.
No Brasil, o filme ganha um toque especial com a dublagem de Myra Ruiz e Fabi Bang, que já brilharam como Elphaba e Glinda na versão brasileira do musical. Essa decisão reforça a memória afetiva do público nacional com a obra, ampliando ainda mais o alcance emocional desta adaptação.
O filme estreia oficialmente nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 21 de novembro, mas exibições antecipadas já estão disponíveis. Após a sessão de imprensa, não resisti e garanti ingressos para rever o filme. Mais do que uma adaptação cinematográfica, Wicked se consolida como um marco cultural que transcende gerações. Seja você um fã de longa data ou alguém curioso para entender o fenômeno, o filme oferece uma experiência inesquecível, celebrando a magia do cinema, do teatro e da música. É, sem dúvidas, um dos melhores do ano.
Não perca a oportunidade de assistir–é uma experiência cinematográfica que recomendo vivamente. Se você tiver a chance, não deixe de conferir.
5/5 estrelas