Nem todos sabem, mas um gaúcho já teve seu nome ligado ao Oscar. O jogador de futebol Breno Mello, natural de Porto Alegre, trilhou um caminho inusitado ao sair dos gramados para protagonizar um filme que se tornaria um marco no cinema mundial.
Antes de brilhar nas telas, ele teve uma carreira de destaque nos campos, jogando por grandes clubes brasileiros e também com ícones como Pelé. A história foi relembrada pelo perfil da Prefeitura de Porto Alegre (RS).
“Muito obrigada por relembrar a história do nosso pai! Para sempre em nossos corações“, escreveu a filha, Letícia Mello, na publicação compartilhada.
Breno Mello nasceu em 1931 e iniciou sua trajetória no futebol como meia-direita. Sua primeira experiência foi no juvenil do São José, mas foi no Grêmio Esportivo Renner que ganhou notoriedade.
Em 1954, ajudou a equipe a conquistar o Campeonato Gaúcho, encerrando um jejum de 14 anos sem que um time fora da “Dupla Grenal” levasse o título. O feito rendeu ao Renner o apelido de “Papão de 54”.
Após sua passagem pelo futebol gaúcho, Breno atuou pelo Corinthians e pelo Santos. No clube paulista, conviveu com o jovem Pelé, ainda aos 16 anos.
Reza a lenda que o ex-jogador gaúcho costumava pagar o almoço do futuro Rei do Futebol, que já era conhecido por ser econômico, também apelidado de “mão de vaca”.
Depois, seguiu para o Fluminense, onde foi treinado por Telê Santana, segundo a Prefeitura de Porto Alegre.
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O encontro com o cinema
A grande virada na vida de Breno aconteceu de forma inesperada. Após um jogo frustrante, ao retornar para casa no Rio de Janeiro, foi abordado por um olheiro do diretor francês Marcel Camus. O ex-jogador tinha todas as características para interpretar o protagonista do filme Orfeu Negro (1959) e superou cerca de 300 candidatos no teste.
A produção, baseada na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes, transporta a lenda grega de Orfeu e Eurídice para uma favela carioca em pleno Carnaval.
Lançado em 1959, o longa fez sucesso internacional e rendeu três importantes prêmios: a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1960.
Apesar de ter participação brasileira e italiana, foi a França que levou o crédito oficial pela produção.
Após o reconhecimento mundial, Breno Mello decidiu abandonar o futebol para se dedicar à carreira cinematográfica. Além de Orfeu Negro, participou de outras cinco produções, mas nenhuma delas repetiu o mesmo sucesso.
Em 2008, o ex-jogador e ator faleceu aos 76 anos, em sua casa no bairro Tristeza, em Porto Alegre.