Quem nunca sentiu medo ou ansiedade ao pensar no futuro do planeta? Como estaremos daqui 20 ou 50 anos? A Terra ainda será habitável? Terão recursos disponíveis para toda a população? Essas e outras preocupações vem se tornando cada vez mais comuns entre jovens de todo o mundo, e são sintomas do que hoje é conhecido como ecoansiedade, ecofobia ou ansiedade climática.
O conceito vem da ecopsicologia, área que estuda a relação do ser humano com a natureza, e está atrelado à angústia vivenciada a partir da consciência da situação climática do planeta.
Segundo a American Psychology Association (APA), pode ser definida como o “medo crônico do cataclismo ambiental, que surge da observação do impacto aparentemente irrevogável das alterações climáticas e da preocupação associada com o futuro de cada um e das próximas gerações”.
No entanto, apesar de não ser considerada um transtorno mental, a ecoansiedade pode provocar uma série de manifestações no corpo humano, como ansiedade crônica, palpitação, sudorese, psoríase, estresse, problemas para dormir, entre outros.
A psicóloga Isabella Rocha, associada ao Corpo Freudiano de Brasília, explica que esse sentimento é experienciado, principalmente, por jovens das novas gerações, que apresentam uma maior preocupação com o meio ambiente e o futuro do planeta. Essa parcela da população se mostra mais preocupada com questões que vão desde a separação de lixo e o não desperdício de água, até decisões sobre ter filhos e o impacto que isso terá no futuro.
“A ecoansiedade pode ser vista como um fenômeno que vem em formas diversas de ansiedade: pode se manifestar no corpo por meio de sintomas corporais, na mente, com pensamentos recorrentes e incontroláveis e, principalmente, na angústia em planejar um futuro, especialmente para as novas gerações”, afirma.
Mas, como lidar com essas questões se, na prática, não conseguimos impedir as grandes indústrias, por exemplo, que são as principais poluidoras do planeta, de continuarem degradando o meio ambiente? Muitas pessoas que sofrem com a ecoansiedade podem se sentir desamparadas, sem esperança e tristes por não conseguirem realizar grandes mudanças.
A psicóloga explica que a melhor maneira de lidar com a ansiedade climática é se envolver com ações ecológicas e movimentos em prol do meio ambiente, além de verbalizar os sentimentos com um terapeuta. “Ignorar o que está acontecendo é algo que também pode provocar ansiedade, então fazer psicoterapia pode ajudar a encarar de frente essa dura realidade e tentar lidar com ela da melhor forma”, destaca.
Outro fator que pode ser um agravante da ecoansiedade é a infodemia, que consiste no excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa (dados da Organização Pan-Americana da Saúde).
O termo se popularizou durante a pandemia de Covid 19, quando inúmeras informações circulavam pelas redes sociais e aterrorizavam a população. O mesmo acontece atualmente, no contexto das crises e das mudanças climáticas. “Esse bombardeamento de informações, que muitas vezes não são 100% verdadeiras, pode gerar muitas respostas emocionais e, em alguns casos, levar à ansiedade”, revela Isabella.
Ela conta, então, que a psicoterapia trabalha justamente no manejo desses sentimentos: de encarar a realidade, lidar com ela e, ao mesmo tempo, saber quando e onde se informar. “Colocar a angústia em palavras e dar contorno ao sofrimento por meio da verbalização é a maneira com que trabalhamos. Porém, cada abordagem é capaz de acolher esse sofrimento na singularidade de cada profissional”, observa.
Se você sofre com quaisquer dos sintomas aqui citados, procure ajuda de um profissional da psicologia.