**O presidente russo, Vladimir Putin, criticou o Ocidente em seu discurso anual sobre o estado da nação nesta terça-feira (21)**, em uma manifestação que deve lançar luz sobre como o Kremlin vê a guerra na Ucrânia, e definir o tom para o próximo ano. Putin frequentemente justifica a invasão do país vizinho acusando as nações ocidentais de ameaçarem a Rússia. **”Foram eles que começaram a guerra. E estamos usando a força para encerrá-la”**, disse, diante de legisladores, autoridades estatais e soldados que lutaram na Ucrânia.
**Embora a Constituição exija que o presidente faça o discurso anualmente, Putin não discursou em 2022, quando suas tropas invadiram a Ucrânia.** Agora, o discurso vem dias antes do primeiro aniversário da guerra, que acontece na sexta-feira (24). Antes do discurso, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o líder russo se concentraria na “operação militar especial” na Ucrânia, na economia e nas questões sociais da Rússia. **Muitos observadores previram que a fala também abordaria as consequências de Moscou com o Ocidente** – e Putin começou com palavras fortes para esses países.
**O Ocidente está ciente de que “é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha”, por isso lança “ataques de informação agressivos” ao “interpretar mal os fatos históricos”, atacando a cultura, a religião e os valores russos**, disse Putin no discurso transmitido por todas as TVs e canais estatais do país. Ele também afirmou que suas forças estão protegendo civis em regiões da Ucrânia que Moscou anexou ilegalmente desde então. **”Estamos defendendo a vida das pessoas, nossa casa”, alegou. “E o Ocidente está lutando por uma dominação ilimitada.”**
Neste ano, o Kremlin barrou a mídia de países “hostis”, cuja **lista inclui os EUA, o Reino Unido e a União Europeia**. Peskov disse que os jornalistas dessas nações poderiam cobrir o discurso assistindo à transmissão. **O presidente russo já havia adiado o discurso anual à nação antes: em 2017, quando a manifestação foi remarcada para o início de 2018.** No ano passado, o Kremlin também cancelou dois outros grandes eventos anuais – a coletiva de imprensa de Putin e uma tradicional maratona de telefonemas, em que as pessoas fazem perguntas ao presidente russo.
**Fora do tratado de armas nucleares**
Putin disse que **Moscou vai suspender sua participação no último grande tratado de controle de armas nucleares** entre os Estados Unidos e a Rússia, e que irá continuar a campanha militar de seu país na Ucrânia. As observações sobre o **Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (conhecido como New Start)**, em vigor desde 2011, foram feitas durante o discurso. “Eles querem nos dar uma derrota estratégica e estão se intrometendo em nossas instalações nucleares. Nesse contexto, devo declarar hoje que a Rússia está suspendendo sua participação no Tratado de Armas Ofensivas Estratégicas”, disse.
Por sua vez, **o presidente dos EUA, Joe Biden, deve fazer um discurso ainda nesta terça-feira (21) na Polônia**, um dia depois de oferecer apoio contínuo dos EUA à Ucrânia durante visita surpresa a Kiev. Em relatório enviado ao Congresso no mês passado, **o Departamento de Estado dos EUA concluiu que a Rússia já havia violado o tratado ao cortar armas nucleares de longo alcance, recusando-se a permitir inspeções no local** e rejeitando os pedidos de Washington para discutir suas preocupações. **(com Associated Press e Dow Jones Newswires)**