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Violência de gênero: uma abordagem psicológica e física

No Brasil, cerca de oito mulheres são agredidas por minuto, isso é o que revelam os dados do **Fórum Brasileiro de Segurança Pública** do ano passado. Não obstante, uma série de violências contra o gênero tomou conta dos noticiários nos últimos meses. Por isso, o **GPS|Lifetime** trouxe a **psicóloga clínica Bruna Capozzi** para falar sobre o assunto.

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É quase impossível conhecer uma mulher que não tenha medo de andar na rua e ser violentada — ou que não tenha desenvolvido uma série de mecanismos de defesa, como segurar a chave de casa sempre pronta para o pior. Esse, inclusive, é um dos maiores relatos quando o assunto é terapia. A psicóloga Bruna Capozzi explica:

>“As mulheres temem sofrer algum tipo de violência no seu dia a dia, seja ela física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. No consultório, as mulheres relatam situações de violências em diferentes ambientes e muitas vezes essas violências são difíceis de serem identificadas por serem comuns. Algumas mulheres relatam momentos de preocupação quando precisam sair à noite ou precisam usar o transporte público. Relatam ter que estar sempre atentas a quem está ao lado, em como a pessoa se aproxima, os olhares e isso tudo é muito cansativo e desgastante. Essa percepção de medo do estupro se confirma com dados da pesquisa Percepções sobre estupro e aborto previsto em lei, de 2020, da Agência Patrícia Galvão, que apontou que 95% das mulheres revelaram ter o medo cotidiano de serem estupradas”, afirma.

**Abordagem terapêutica**

A terapia clínica é uma das melhores formas de driblar essa fobia e, em geral, os medos e dificuldades da pessoa são tratados no consultório.

>“Na terapia, nós vamos trabalhar os medos e as dificuldades que a pessoa apresenta em relação à determinada temática. Esse trabalho está relacionado ao desenvolvimento de recursos para poder lidar melhor com as situações do dia a dia. Então, aprender uma técnica de autodefesa pode ser sim um recurso efetivo para que a mulher se defenda em um caso de violência. No entanto, ela pode criar outras formas de lidar com a situação, como pedir ajuda, encontrar outros pontos de apoio na sua jornada e isso também ser efetivo, por exemplo. (…) Para cada mulher, a experiência e as consequências dessa experiência tem um impacto. A psicoterapia vai atuar na ressignificação de questões importantes que geram medos e ansiedade e apoiar essa mulher para lidar melhor com a situação que aconteceu. A marca vai continuar existindo, porém, é possível ter um outro olhar para o impacto que ela causa na vida daquela mulher. Além disso, em alguns casos, será importante a avaliação e acompanhamento de um médico psiquiatra associando ao tratamento psicológico medicações que atuarão sobre os desequilíbrios bioquímicos identificados”, revela a psicóloga Capozzi.

No caso do estupro, como a violência se torna uma marca muito forte enraizada na pessoa vitimizada, muitas mulheres temem denunciar e, ainda mais, abordar o assunto no consultório.

>“No caso de um estupro essa marca é muito forte, pois a integridade física e moral da vítima é violada. Muitas mulheres sentem vergonha de denunciar. Algumas que denunciam são julgadas e culpabilizadas, porque as pessoas entendem que elas deram algum tipo de condição para que a violência acontecesse. Existe a vergonha de expor a violência a qual foi vítima e também o há o risco de ter sua fala invalidada. Muitas são questionadas pelas roupas que usaram, pelos lugares em que estiveram e como se comportaram. E assim, as denúncias são deslegitimadas. Então, vivenciar um estupro é uma trauma importante e significativo para a vida de uma mulher e isso pode sim desencadear um adoecimento mental como um transtorno de estresse pós-traumático, síndrome do pânico, quadros de ansiedade e depressão. É possível sim o tratamento de um adoecimento mental em decorrência da vivência de uma violência. É mais do que importante saber que o tratamento varia de acordo com o caso apresentado pela mulher em função do que passou e quais as repercussões na vida dessa mulher”, analisa Capozzi.

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**O que é, afinal, a tão falada cultura do estupro?**

É uma expressão surgida nos anos 70, e está atrelada aos estudos do feminismo. Esse termo indica um ambiente que oferece mecanismos culturais (normas, valores, e afins) que naturalizam as violências de gênero.

>“Essa expressão “cultura do estupro” surgiu nos anos 1970 e foi usada por feministas para indicar um ambiente que favorece esse tipo de crime por ter mecanismos culturais (normas, valores e práticas) em que as pessoas acabam naturalizando e aceitando violências em relação à mulher. É um ambiente que faz com que os homens entendam como “natural” cometerem abusos e violências, tanto sutis quanto explícitas contra as mulheres. Há uma desvalorização do papel da mulher. Nós mulheres somos vistas como objeto de desejo e de propriedade do homem e os comportamentos abusivos são naturalizados por entenderem que eles têm direitos sobre nós”, explica a psicóloga Bruna Capozzi.

Apesar da **cultura de violência contra o gênero** ser muito evidente no **Brasil** e, na maior parte das vezes, culpabilizar suas vítimas, ainda existem aquelas que, apesar de terem consciência disso, **resolvem aprender a se proteger**. Ou, até mesmo, pais que, preocupados e conscientes de toda essa situação, inscrevem as filhas desde cedo em artes marciais e cursos de autodefesa, para que elas possam se proteger sem depender de socorro.

Por isso, elencamos alguns **dojos** de Brasília, de inúmeras artes marciais, onde você pode se matricular e, além de aprender algo novo, voltar a se sentir segura e no controle do próprio corpo. Um passo de cada vez, não é mesmo?

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**Conheça alguns dos dojos de Brasília**

– Shinobi Shin Do (Ninjutsu)
– Bujinkan (Ninjutsu)
– Templo Budista (Ninjutsu e Kung Fu)
– Instituto Brasília Dojo (Muay Thai, Krav Magá e Judô)
– AMFit (Krav Magá, Capoeira, Jiu Jitsu)
– Krav Magá Asa Norte

Em caso de violência doméstica ou sexual, é possível denunciar através de delegacias especializadas na mulher, bem como procurar ajuda da **Casa da Mulher Brasileira**, ou discar o **número 180**.

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