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Vídeo. Fábio Felix descarta contato com Damares e Bia Kicis: “Inconciliáveis”

Ao GPS, o deputado distrital mais votado da história do DF diz que "não pretende" ter relação com as congressistas locais

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O deputado distrital Fábio Felix (PSol) revelou, nesta terça-feira (11), que nunca manteve e não pretende ter contato direto com a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Ele explicou que considera o projeto dele e o das parlamentares “inconciliáveis” e não vê a necessidade de interlocução.

 

Eu acho que são projetos de sociedade inconciliáveis. Então, como eu não tenho que lidar com essas pessoas no plenário, não tem nenhum tipo de diálogo institucional hoje necessário que esteja em pauta, não tenho contato. Se em algum momento, eventualmente tiver, vou avaliar“.

 

Durante entrevista exclusiva ao Portal GPS, Felix afirmou que o fato de ter sido o parlamentar mais votado nas últimas eleições para a Câmara Legislativa (CLDF), principalmente pelas bandeiras LGBTQIA+, não limita sua atuação na Casa. Ele também reforçou a importância da realização da Parada do Orgulho, que ocorreu no último domingo (9) e reuniu cerca de 100 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

 

Às vezes as pessoas não entendem o significado da parada para nós, que somos LGBT, porque somos frequentemente colocados no lugar de ficar escondidos, dentro do armário, ou de não poder demonstrar afeto no espaço público. A parada, que chegou à 24ª edição, começou com as pessoas ocupando espaços públicos. A primeira foi no Eixão e agora acontece no Eixo Monumental, em frente ao Congresso, onde nos damos as mãos, trocamos beijos, nos divertimos e demonstramos afeto. Ela tem o significado de mostrar a arte drag e a representação das pessoas trans. É um movimento político muito forte e um dos maiores movimentos sociais do mundo hoje“, continuou.

 

Veja a entrevista na íntegra:

 

 

Constrangimentos

Sobre os constrangimentos vivenciados no ambiente político, o deputado mencionou a presença de homofobia na estrutura institucional da Câmara Legislativa. Ele citou casos em que teve dificuldades internas e sofreu brincadeiras pejorativas em relação ao número de seu gabinete. No entanto, Felix destacou sua postura de não tolerar mais constrangimentos, enfrentando situações de desconforto e conversando com as pessoas para expressar seu descontentamento.

 

Eu não tolero mais constrangimento. Estou muito determinado porque acredito que já toleramos tanto, já suportamos tanta violência, que sempre que me sinto incomodado, vou conversar com as pessoas para expressar minha insatisfação com aquela situação. Acho que não devemos aceitar que, por sermos LGBT, tenhamos que lidar com a nossa orientação sexual e identidade de gênero de forma indigna“, desabafou.

 

Com a mudança na Presidência da República, Fábio Felix reconheceu que já houve uma transformação na sociedade após a gestão declaradamente “de extrema direita”. O deputado ressaltou que a derrota do projeto de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas foi “um marco importante e uma vitória para a comunidade LGBT”, mas alertou para a necessidade de permanecer atento e vigilante para garantir e avançar nos direitos conquistados.

 

Isso não significa que a agenda anti-LGBT tenha morrido ou que a extrema-direita brasileira tenha morrido. Eles continuam se reorganizando, mas estão enfrentando obstáculos. Ainda têm dificuldade em encontrar um líder com a mínima estrutura e capacidade intelectual para liderar o projeto político deles. Então, apesar das dificuldades, Bolsonaro está inelegível neste momento e não se qualifica como um líder político para esse segmento. No entanto, eles ainda mantêm uma agenda anti-LGBT, contra a cidadania e os direitos da nossa população. Portanto, precisamos estar atentos.”

 

Com o casamento marcado, o Fábio expressou sua satisfação e felicidade com sua união, ressaltando que também será um “ato político” para a comunidade LGBT. Ele enfatizou que o casamento representa uma conquista histórica e um símbolo de amor e resistência. Fábio Félix destacou que o amor é o principal instrumento para combater o ódio e a violência contra a população LGBT.

 

Tenho dito às pessoas que estou radiante com esse dia, emocionado e ansioso. E também é um ato político para nós, pois envolvemos nossa família junto com toda a comunidade, mostrando que somos dois homens gays que tiveram seus direitos negados ao longo da história que vivemos, em um mundo onde muitos países criminalizam, prendem e matam LGBTs oficialmente. Estamos em um país como o Brasil, que mata muitos LGBTs, um dos países que mais mata no mundo. E tenho a oportunidade de oficializar minha união com meu companheiro, desfrutando plenamente dos direitos civis. Portanto, isso é uma conquista histórica, um ato político, sem dúvida.