O brasiliense **Pedro Clerot tem apenas 15 anos**, mas conseguiu um grande feito: sagrou-se o **primeiro campeão da Fórmula 4 Brasil**. No horizonte, **seu alvo é ambicioso, a Fórmula 1**, naturalmente. Mas, até lá, a dedicação ao automobilismo é total e inclui horas de simulador, treinos físicos diários e de kart. Quem encontra Pedro fora das pistas pode nem entender que se trata de um rapaz que conduz um **monoposto de 160 cavalos de potência, capaz de passar dos 200km/h**.
Com 1,77m de altura, ele aparenta ser um **típico adolescente**, mas basta começar a falar sobre pistas e carros para ver a **maturidade e foco** nos planos para o futuro, na **admiração pelos seus ídolos** e até sobre questões financeiras, fundamentais para a carreira que escolheu. Apesar de **empolgado**, Pedro vê com um olhar bem **realista** a chance de chegar até a principal categoria do automobilismo.
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“_Meu sonho é a Fórmula 1, mesmo que pareça impossível. Eu vou tentar até eu ver que não dá mais. É minha prioridade_”, afirma. O **principal obstáculo é realmente o financeiro**, já que a desvalorização do Real frente ao Euro é uma barreira considerável. O último brasileiro a correr na categoria foi o paulistano **Felipe Massa**, que teve uma carreira longa, com 15 temporadas. Um ano antes dele, o brasiliense **Felipe Nasr** deixou a F1 após dois anos. Para chegar lá, é preciso se destacar nas categorias de base, a exemplo da Fórmula 4 Brasil, e contar com investidores e patrocinadores. **Nem sempre o talento prevalece**, já que existem os chamados “pilotos-pagantes”, que, graças a aportes financeiros, mantêm-se nas equipes.
Na caminhada, Pedro Clerot tem feito a própria parte para alcançar seus objetivos. Ele estuda no **Accelerated Sports Program**, na Williamstown High School, uma escola em **Viena**, na Áustria, **destinada a atletas de alto desempenho**. Totalmente online e flexível, o colégio é feito para quem tem uma rotina diferente do usual, com treinos e competições. Pedro faz **treinos físicos diários e passa cinco horas todos os dias no simulador**, dentro de casa. Além disso, a preparação inclui voltas de kart duas vezes por semana.
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Todavia, é no simulador que Pedro se mantém imerso. Em um mezanino no próprio quarto, ao lado de troféus, medalhas e capacetes, o adolescente tem contato com os principais circuitos do mundo. **A simulação é perfeita e o equipamento, de primeira**. “_O freio é de 100 kg_”, revela. A dedicação é tanta que o jovem revela **abdicar da vida pessoal** pelo sonho de ser piloto. “_Neste ano, devo ter ido em duas festas, no máximo_”, disse. Afinal, as viagens para autódromos nos estados de São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul tomam tempo. Outra situação inerente à idade tem a ver com **não poder dirigir, mesmo que tenha alcançado precisão nas pistas**. “_É horrível. Ainda faltam três anos_”, brinca.
**Histórico**
Pedro **iniciou no automobilismo aos nove anos**. Segundo ele, foi preciso correr atrás do tempo perdido, já que boa parte dos pilotos dá as primeiras voltas alguns anos antes. “_A maioria dos meninos começa com cinco ou seis anos de idade_”, disse. Nos primeiros anos **no kart, foi tricampeão brasiliense** e venceu duas vezes o open nacional da modalidade.
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Em 2020, o rapaz liderava a Copa São Paulo Light de kart, quando **sofreu um grave acidente no kartódromo do Guará**. Dois carros colidiram à frente e não houve tempo de Pedro desviar. Ele capotou e ficou com os pés presos nos pedais. O resultado foi doloroso: **quebrou uma perna e sofreu uma luxação na outra**. Foram 45 dias sem caminhar e, obviamente, sem entrar em um carro de corrida. Pedro confessa que, mesmo assim, continuou pilotando o simulador dentro de casa e subindo escadas. Com os resultados de antes do acidente, **ainda conseguiu ficar em segundo no campeonato**, sem correr as últimas etapas.
No ano seguinte, ele fez a transição do kart para a **Fórmula Delta**. Nessa categoria, o brasiliense foi **o mais jovem a conquistar uma pole position**. Pedro foi o vice-campeão, com três vitórias, ficando atrás de Gabriel Fonseca. Os resultados foram positivos e foi possível almejar uma vaga na Fórmula 4, um campeonato homologado pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e que estrearia no Brasil.
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Para se preparar, o piloto realizou uma pré-temporada na Itália, pilotando o mesmo carro nas etapas do país. Lá, ele **correu nos circuitos de Monza e Imola**, que estão atualmente no calendário da Fórmula 1, e também em **Cremona e Misano**.
Nesse ano de Fórmula 4, Pedro andou ao lado de pilotos como **Fernando Barrichello, Felipe Barrichello Bartz e Nicolas Giaffone**. Os sobrenomes são famosos. Os dois primeiros são o filho e o sobrinho de Rubens Barrichello, vice-campeão de Fórmula 1. Nicolas é de uma família que está na terceira geração de pilotos.
**Sem parente no automobilismo, Pedro Clerot não enfrentou qualquer tipo de preconceito**. O fato de não pertencer a uma dinastia de pilotos pode até ser encarado como positivo, segundo ele. “_Não acho que faça uma grande diferença. Em algumas situações, ajuda. Em outras, não é bom. Cria uma expectativa na cabeça do piloto_”, acredita.
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Com ou sem padrinho famoso, **o ambiente é bom**. Fora do carro, Pedro se enturma com os **adversários da pista, que acabaram se tornando amigos**. “_A gente fica na maior resenha, falamos besteira pra caramba. Todo mundo tem 15 anos de idade, então é meio ‘crianção’. Vira uma família_”, conta. Mas é preciso **separar as situações**. “_Tenho amigos dentro da pista, mas, depois que nós colocamos o capacete, cada um é cada um_”.
O contato com pilotos transcende a categoria que Pedro disputou em 2022. Por conta do simulador que joga, o brasiliense acabou se aproximando de vários pilotos, a exemplo de **Felipe Drugovich**, paranaense campeão da Fórmula 2, a principal porta de entrada para a Fórmula 1. Mas, **por ter um ranking alto dentro do software**, o jovem de 15 anos já competiu com **grandes nomes do automobilismo**. “_Já corri com Max Verstappen, George Russell e Alexander Albon_”, cita nomes atuais da Fórmula 1.
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A cada ídolo citado por Pedro, um **brilho no olhar** para um dia chegar fisicamente no circuito mundial e disputar posições com eles. Entre simuladores, treinos e pistas, o **sonho** de ser recompensado pela dedicação ao automobilismo desde a infância.