Nesta semana países do mundo todo celebram a Semana Mundial da Amamentação, uma iniciativa voltada à promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno.
Em 2025, a campanha escolheu o tema Priorizemos a Amamentação: Construindo Sistemas de Apoio Sustentáveis, que reforça o papel das políticas públicas e das redes de apoio para garantir que mães e bebês tenham condições adequadas para viver essa experiência essencial.
Para a pediatra Amira Saleh, o aleitamento materno é insubstituível. “O leite materno é um alimento produzido especialmente para o bebê humano, adequado às suas necessidades nutricionais e calóricas e que respeita sua capacidade renal e digestiva. Além da composição nutricional ideal, é o único leite que contém fatores de proteção contra infecções respiratórias e gastrointestinais. A amamentação impacta na epigenética, levando a redução de doenças na vida adulta“, explica.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a amamentação exclusiva até os seis meses pode reduzir significativamente a mortalidade infantil. A prática também apresenta efeitos positivos a longo prazo. “O aleitamento materno se associa a menor risco de sobrepeso e obesidade, diabetes, leucemia, e é relacionado a melhor desfecho econômico e cognitivo na vida adulta, como melhor desempenho em testes de inteligência”, afirma a pediatra.
A amamentação é um dos primeiros e mais poderosos investimentos na saúde e no futuro de uma criança. Mas, para que ela ocorra com sucesso, é preciso mais do que boa vontade materna.
“Um dos grandes mitos a ser combatido é de que amamentar é intuitivo. Não é, amamentar requer técnica, ajuste, orientação, apoio. O começo é desafiador para quase todas as mulheres, demandando muito auxílio para manter o aleitamento exclusivo”, afirma.
Segundo a especialista, a amamentação exclusiva deve ser mantida até os seis meses e continuada, junto à introdução alimentar, até pelo menos os dois anos de idade. Além disso, o leite materno desempenha um papel importante no desenvolvimento imunológico do bebê, porque é um sistema complexo composto por anticorpos, fatores bioativos e bactérias, que irão construir a programação metabólica e imunológica desse bebê.
Barreiras e soluções
Apesar dos inúmeros benefícios, muitas mulheres enfrentam dificuldades, como dor ao amamentar, baixa produção de leite ou a necessidade de retornar precocemente ao trabalho. Nestes casos, a orientação técnica é fundamental.
“A chave do sucesso da amamentação é uma técnica adequada. Amamentar não deve ser desconfortável, caso seja, é necessário passar por avaliação“, alerta.
Ela ainda ressalta que em casos de baixa produção, é necessário avaliar se o bebê está sugando bem, se a amamentação está em livre demanda e se há o uso de bicos artificiais, que atrapalham o processo.
Apenas para casos específicos, como mães vivendo com HIV ou bebês com galactosemia — causada pela falta de uma das enzimas necessárias para metabolizar o açúcar do leite — o aleitamento é contraindicado. Nesses contextos, alternativas seguras devem ser consideradas.
Papel das campanhas
A Semana Mundial da Amamentação também tem como objetivo engajar a sociedade na defesa do aleitamento, que, segundo Amira, significa muito mais que alimentar um bebê. “Vai muito além da criação de vínculo mãe-bebê. Amamentar requer muito mais que desejo e força de vontade da mãe. Defender o aleitamento é defender uma conduta que reduz a mortalidade infantil, que previne mais de um milhão de mortes por ano no mundo todo”, destaca.
Ela ressalta, ainda, que campanhas de conscientização são essenciais para envolver toda a sociedade — e não apenas mães, que resulta em adultos mais saudáveis e mais produtivos). Nesse sentido, é fundamental que todos respeitem essa mulher com algumas ações, como cita a pediatra: “Proteger o aleitamento materno no retorno ao trabalho, empregar mulheres mães, votar em candidatos que tenham em pauta o tema“.