CONTER-SE
Se eu separo as pernas só um pouco,
tudo fica bem,
o mundo continua no seu eixo.
Mas se eu relaxo, abro de vez,
se eu resolvo convocar a louca,
aí não tem quem junte,
aí é o purgatório consumindo.
Seria a mais drogada,
a mais prostituída das promíscuas.
Porque eu gosto do prazer
das coisas sombreadas,
consumadas à beira do horror,
quase tanto
quanto o medo que tenho da dor.
Por isso fico assim:
rótulas geminianas,
joelho com joelho.
E de vez em quando, claro,
uma fresta de brisa.
Que ninguém é puro osso.
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