Henrique Neri “Bom dia, senhoras e senhores. Nós o pegamos”, anunciou o governador de Utah, Spencer Cox, ao iniciar uma coletiva nesta sexta-feira (12) sobre a captura do suspeito de assassinar o ativista conservador Charlie Kirk. Ao lado do diretor do FBI, Kash Patel, e de autoridades estaduais, Cox identificou o atirador como Tyler Robinson, de 22 anos.
Segundo o governador, “evidências amplas” ligam Robinson ao crime. Cox explicou que um parente do suspeito contatou um amigo da família, que por sua vez comunicou o gabinete do xerife, relatando que Robinson teria confessado o assassinato. Além disso, mensagens nas redes sociais e provas físicas reforçam a conexão do suspeito com o crime.
Os familiares do atirador disseram que Robinson havia informado que viajaria para Utah e fez comentários sobre como Kirk “era cheio de ódio”. Cox acrescentou que os investigadores ouviram um parente do suspeito, que afirmou que ele havia se tornado “mais político nos últimos anos”.
“Em um jantar antes de 10 de setembro, numa conversa com outro familiar, Robinson mencionou que Charlie Kirk estava vindo para a Universidade do Vale de Utah e que Kirk era cheio de ódio e estava espalhando ódio”, declarou o governador.
O diretor do FBI, Kash Patel, informou que Robinson foi detido às 22h locais da quinta-feira (1h de sexta-feira em Brasília) e ressaltou que fotos e vídeos do suspeito foram compartilhados para tornar o caso público e auxiliar na captura. “Estamos comprometidos com essa transparência”, disse Patel.
Imagens de câmeras de segurança da universidade mostram Robinson chegando ao campus na manhã de quarta-feira (10), cerca de quatro horas antes do disparo que matou Kirk, durante um evento conservador que promovia debates com estudantes.
Cox detalhou que as munições encontradas com o rifle recuperado na área apresentavam inscrições provocativas, como: “Ei, fascista! Pegue isso!” e “Se você ler isso, você é gay, LMAO” (sigla para “laughing my ass off”), ou “rindo pra caramba”, traduzido livremente. Um cartucho trazia ainda a frase “Bella ciao”, referência à canção italiana da resistência antifascista na Segunda Guerra Mundial.
Outras mensagens incluíam referências à cultura online e videogames. Cox citou símbolos como “seta para cima, seta para a direita e três setas para baixo”, possivelmente ligados a movimentos de ativação de uma bomba, no jogo “Helldivers”, além da frase “Percebe protuberâncias OWO, o que é isso?”, expressão usada em comunidades virtuais de RPG.
O rifle foi identificado como modelo Mauser calibre 9836, um rifle de ferrolho com luneta montada. As autoridades acreditam que Robinson agiu sozinho. “Não há nenhuma informação que leve a novas prisões”, afirmou Cox.
O governador chamou o momento de decisivo na história americana: “Será este o fim de um capítulo sombrio da nossa história ou o início de um de um capítulo ainda mais sombrio?”
Cox comparou a morte de Kirk à série de assassinatos políticos dos anos 1960, incluindo John F. Kennedy, Martin Luther King Jr. e Robert F. Kennedy.
Espera-se que os documentos de acusação sejam processados em até três dias, formalizando o indiciamento do suspeito, atualmente detido na Cadeia do Condado de Utah.
Charlie Kirk, pai de duas crianças pequenas, era uma das figuras centrais do movimento MAGA (Make America Great Again) e se tornou uma das principais vozes jovens da direita americana. O vice-presidente J.D. Vance atribuiu a ele papel decisivo na vitória de Donald Trump em 2024 e na escolha de integrantes do novo governo.
No momento do ataque, Kirk participava de um evento em que respondia perguntas e desafiava opositores em debates sobre temas polarizantes, como violência com armas e questões raciais, com cerca de 3 mil pessoas presentes.
