Em sua primeira aparição pública após ser denunciado por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quinta-feira (20), que está com a consciência tranquila, pois o documento de 272 páginas apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) seria mera narrativa contra a extrema direita. “Nada mais têm contra nós do que narrativas. Tudo foi por água abaixo. A mais recente foi essa de golpe”, disse. “Vão prender o Bolsonaro? Caguei para a prisão”, prosseguiu o ex-presidente, sob aplausos e gritos de “mito” dos eleitores do Partido Liberal (PL).
Um poderoso discurso do nosso presidente Bolsonaro, no 1º Seminário Nacional de Comunicação do partido Liberal. “Por falta de conhecimento o meu povo pereceu”. Estamos juntos Capitão, e vamos trabalhar para lhe dar a maioria, tanto na Câmara quanto no Senado, em 2026. pic.twitter.com/VGC5FDl7xI
— CoronelMeira (@coronel_meira) February 20, 2025
As declarações do ex-presidente foram feitas durante o 1° Seminário Nacional de Comunicação do PL, no qual participaram big techs como X e Google. Em 30 minutos de discurso, Bolsonaro pouco falou sobre a atuação da direita nas redes sociais e repetiu os argumentos já apresentados para desacreditar as investigações da Polícia Federal (PF). “Quem precisa de 800 páginas para provar, é que não tem o que mostrar”, afirmou, em alusão ao relatório apresentado pela PF com as provas que embasaram a denúncia da PGR. Segundo Bolsonaro, a prioridade da direita neste momento deve ser a anistia dos presos de 8 de Janeiro.
Ele convocou seus apoiadores a comparecerem nas manifestações organizadas para o dia 16 março e pediu que não levem cartazes. Na última quarta-feira (19), parlamentares de oposição se reuniram com Bolsonaro para traçar estratégias de atuação após a denúncia, o que inclui a mobilização da base nas ruas para mostrar força.
Bolsonaro ainda voltou a acusar, sem provas, que as eleições de 2018 e 2022 foram fraudadas. O ex-presidente resgatou o inquérito da PF que apurou um ataque hacker aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2018, sob a alegação de que esse caso evidenciaria tentativas de fraude, o que é falso.
As falas sobre os casos que o atingem se mesclaram com ataques ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enaltecimento dos seus próprios feitos e até mesmo recados aos seus aliados de que ele segue forte no posto de líder da direita, apesar dos reveses que enfrenta na Justiça. “Tem gente mais preparada do que eu, aqui deve ter dezenas, mas com o coro mais grosso do que o meu, não tem”, disse.
Em uma de suas várias digressões durante o discurso, Bolsonaro agradeceu o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), atualmente cotado para assumir um ministério no governo Lula. Segundo o líder do PL, Lira pautou tudo que ele pediu, especialmente no quesito relacionado à redução de tributo.
Estou indo pra guerra. Vou pegar um limpinho, Um gravatinha da Câmara para esse processo?”, questionou, em referência ao ex-presidente da Câmara. “(Lira) tem seus problemas. Pode ter. Mas se fosse um gravatinha, limpinho na presidência, não teria resolvido o problema”, prosseguiu. “Obrigado, Arthur Lira”, enfatizou.