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‘Uma Linda Mulher’: filme vira musical em SP

Se o musical e o filme Funny Girl projetaram Barbra Streisand na década de 1960, foi com o longa Uma Linda Mulher, de Garry Marshall, que a atriz Julia Roberts despontou para o estrelato em Hollywood em 1990. Agora é a vez de a história da prostituta Vivian Ward e do empresário Edward Lewis se juntar ao vasto cardápio de musicais em cartaz em São Paulo. Sob a direção do americano Fred Hanson, Uma Linda Mulher – O Musical estreia nesta sexta, 1º, no Teatro Santander, para testar o poder do então moderno conto de fadas e ver como a princesa das calçadas chegou aos dias de hoje.

 

Não houve deslocamento cronológico. A trama continua ambientada na Los Angeles do final dos anos de 1980, tempo dos yuppies, quando o importante era o dinheiro e as diversões efêmeras. Assim, Edward Lewis (Jarbas Homem de Mello, no papel que foi de Richard Gere nas telas) conhece Vivian (interpretada por Thais Piza) e a contrata para acompanhá-lo em eventos por uma semana. O contrato comercial vira amor, e a garota de programa se transforma em uma Cinderela que se impõe para provar que seu encanto não se quebra ao nascer do sol.

 

Há duas décadas na ponte entre Estados Unidos e Brasil, Fred Hanson, que já comandou por aqui Sunset Boulevard, Cantando na Chuva e Miss Saigon, conversou com várias amigas para entender se Uma Linda Mulher teria ficado datado ou pregava o sexo feminino como objeto. “A comédia romântica é um gênero que tem suas próprias regras e o musical conquista pela emoção, então a versão da Broadway, que é de 2019, já tinha dado uma modernizada”, garante Hanson.

 

Para ele, a Vivian dos palcos é uma jovem que se defende sozinha, administra bem suas emoções e não tem aspirações de ser princesa. Tanto que a personagem repete várias vezes uma fala: “Eu digo quando, eu digo quanto e eu digo com quem”.

 

A piracicabana Thais Piza, de 35 anos, sabe bem que a vida é batalha. Veio morar em São Paulo em 2008 para participar do musical Aída, dividiu uma kitnet na Praça da República e conheceu alguma repercussão com os espetáculos We Will Rock You e Escola do Rock. Com Uma Linda Mulher, a atriz e cantora entra para o time das protagonistas e, na busca da sua própria Vivian, optou por fugir da interpretação marcante de Julia Roberts, tanto que só reviu o filme há poucas semanas. “A gente tem que reforçar que ela não teve oportunidades, cresceu sem a possibilidade de sonhar e é bonito vê-la humanizada, cravando sua credibilidade como mulher”, comenta Thais.

 

O durão Edward Lewis ganhou sensibilidade nas mãos de Jarbas Homem de Mello. Enquanto Richard Gere reforçava nos closes cinematográficos a voz sensual e o olhar de galã, o ator busca uma psicologia capaz de justificar as razões daquele homem solitário ter fugido dos envolvimentos afetivos.

 

“Ele cresceu sem o carinho dos pais e se fechou na meta de ganhar dinheiro para não se machucar mais, e a Vivian consegue acessá-lo de um jeito diferente”, explica o intérprete. Homem de Mello salienta que o personagem tem outras barreiras para serem transpostas ao se abrir para esse amor. “Ficam várias questões na cabeça dele ao se apaixonar por uma mulher que não é do seu meio, que é uma prostituta, e superar tudo isso pode ser uma redenção.”

 

É a primeira vez que a dupla protagonista trabalha junto, mas admiração vem de longe. Homem de Mello conheceu Tais em um show há quase dez anos e ficou impressionado com a capacidade vocal da cantora. Ela, por sua vez, acompanhou a trajetória dele em musicais como Cabaret, Chaplin e o próprio Cantando na Chuva, comandado por Hanson.

 

O diretor afirma o prazer de trabalhar com as equipes brasileiras, ainda mais em Uma Linda Mulher, que reúne 26 atores, como Andrezza Massei, César Mello, Gui Leal e Sérgio Rufino, além de nove músicos. “O artista brasileiro estabelece uma intimidade desde o começo dos ensaios e esse compartilhamento de emoções contamina o trabalho, é levado para o palco”, declara Hanson.

 

Uma Linda Mulher – O Musical

 

Teatro Santander. Shopping JK Iguatemi. Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041.

 

Quinta e sexta, 20h; sábado, 16h e 20h; domingo, 16h e 20h. Até 17 de dezembro. A partir de sexta (1º).

 

R$ 39,60 a R$ 380.

 

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