Se você já imaginou, mesmo que por um instante, estar num dos mais relevantes ecossistemas do nosso País, nem pense em fugir desta reportagem. Nascido e criado em grandes centros urbanos, confesso que aqueles destinos conhecidos como “raiz” estavam bem distantes das minhas opções de viagens, até conhecer as belezas inexplicáveis do Pantanal mato-grossense.
Na contramão das antigas aventuras de mochila nas costas, uma nova era se descortinou e, graças à integração dos destinos mais procurados do local – como os municípios de Cáceres, Poconé, Santo Antônio de Leverger e Barão de Melgaço –, uma imersão nas raízes culturais e históricas do Pantanal me levou a uma oportunidade única de viver junto a comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, a possibilidade de testemunhar as tradições seculares da região.
Por iniciativa pioneira liderada pela nova direção do Sebrae-MT, em parceria com a Secretaria de Turismo do estado, roteiros inovadores foram reinventados. “Andando por esses destinos turísticos, percorremos onze municípios no vasto território mato-grossense, onde coexistem três biomas distintos: Pantanal, Cerrado e Amazônia”, afirmou André Schelini, diretor técnico do Sebrae-MT.
Imagina só: desfrutar de um café da manhã tradicional, conhecido como “quebra-torto”, na Estância Maués; explorar o Museu da Viola de Cocho e a Arte Pantaneira, com uma apresentação especial do mestre Alcides Ribeiro; mergulhar na cultura histórica do Boi à Serra e interagir com comunidades quilombolas. E, claro, não se pode esquecer das apresentações de siriri, a dança folclórica que desempenha um papel central nas festividades locais e celebrações religiosas.
Secretário-adjunto de Turismo do Mato Grosso, Felipe Wellaton, enfatiza a importância de se engajar nessa experiência única de desbravar o Pantanal. “Eu costumo dizer que para desfrutar do turismo, precisamos de produtos. O Sebrae cria produtos, apoia microempresas e empreendedores para fortalecer a cadeia do turismo. Com esses produtos em mãos e a beleza natural que Mato Grosso tem, estamos prontos para receber visitantes de todo o Brasil e do mundo”, destaca.
Ao topar o “desafio”, com um total de sete dias, fui motivado a reavaliar meus critérios. E não rendeu arrependimento algum. Ao desembarcar em Cuiabá, a porta de entrada mais acessível do paraíso pantaneiro, descobri uma rede hoteleira capaz de atender quem chega para desbravar as maravilhas pantaneiras e que está acostumado a visitar outras capitais.
Após um café da manhã farto, fomos com a comitiva para as cidades próximas. São várias e, entre elas, estão: Poconé, Santo Antônio de Leverger e Barão de Melgaço. A depender da sua intenção, qualquer uma delas pode ser uma boa opção.
Optamos pelo roteiro tradicional, que começa por Leverger com chave de ouro: desfrutamos do café da manhã e da tradicional refeição matinal pantaneira conhecida como “quebra-torto”, na Estância Maués, assim como o Museu da Viola de Cocho e Arte Pantaneira, com a surpreendente performance do mestre Alcides Ribeiro, referência na região.
“O turismo no bioma Pantanal oferece contemplação da biodiversidade e uma diversidade cultural extraordinária, com destaque para a cultura pantaneira, que é originária da miscigenação de diversas culturas, incluindo as comunidades indígenas”, continua Schelini.
Atualmente, no Pantanal, assim como na Chapada dos Veadeiros, há opções mais confortáveis, sem que surja aquele perrengue durante os trajetos. Outra importante questão é que a gastronomia é muito rica e pesa bastante no destino, mas antes disso, vale anotar a dica de amigos: leve repelente forte, esteja aberto a horários diferentes daqueles a que somos habituados e, em especial, permita-se acompanhar o alvorecer e o anoitecer dentro de uma baía ou de um rio pantaneiro.
No início, confesso, é difícil, porque mexe com o relógio biológico e uma série de questões, mas, com o passar do roteiro, admirar a chegada do novo dia e a despedida dele fortalece – e muito – o nosso retorno para a vida cotidiana. A gente testou e aprovou a revoada dos pássaros, a chance de testemunhar o começo do dia da flora, da fauna e de tantas conexões que só o Pantanal pode nos oferecer com a natureza e o seu sentido mais belo.
Para finalizar, a imersão na cultura e na história do nosso País, como a visita ao Quilombo Mata Cavalo, uma comunidade com 400 famílias residentes e que mantém viva as tradições antigas dos povos que conheceram, antes mesmo dos mato-grossenses, os encantos e os poderes naturais da região. Além de pinturas temporárias na pele, o destino também disponibiliza para venda produtos artesanais, como doces, iguarias e até mesmo “remédios” naturais extraídos de plantas da região. Há necessidade de agendamento prévio para a visita.
Na saída, uma parada na Fazenda Jacobina é indispensável. Patrimônio colonial tombado, o local proporciona uma viagem no tempo, com decoração mantida, objetos originais do Brasil Colônia e, o melhor, uma gastronomia rural feita em fogão de lenha e com o sabor que ficará no seu paladar para sempre.
O Pantanal é muito mais do que cliques ou da bela natureza, que por si só já merece a visita. Mas a soma de possibilidades geradas a partir do novo roteiro criado transformou o período na região ainda mais rico e inesquecível.
*O repórter viajou a convite do Sebrae-MT
Diário de bordo
A partir da experiência, o GPS|Brasília criou um roteiro com sugestões de excelentes acomodações, restaurantes típicos e atividades para mergulhar na riqueza do Pantanal, tanto no ecoturismo quanto nas tradições culturais locais. Confira:
Cuiabá – Porta de Entrada Vibrante
A capital mato-grossense é um ponto de partida popular para o Pantanal, especialmente para quem chega de avião. A cidade oferece uma ampla gama de hotéis e é conhecida por sua vida noturna animada e rica gastronomia regional.
Estância Maués – Café e Tradição Histórica
Desfrute de um café da manhã tradicional e conheça a rica herança histórica na Estância Maués, onde é servida a autêntica refeição matinal pantaneira conhecida como “quebra-torto”.
@estancia_maues
Museu da Viola de Cocho e Arte Pantaneira
Explore o local onde o renomado artista Alcides Ribeiro oferece uma performance especial, compartilhando sua expertise na confecção do icônico instrumento pantaneiro.
@museudavioladecocho
Recanto do Jaó – Sabores pantaneiros em família
Experimente pratos típicos do Pantanal na propriedade familiar que recebe visitantes para degustações autênticas da culinária local.
@recantodojaoturismo
Pousada Siá Mariana – Refúgio à Beira da Baía
Embarque em uma estadia revigorante na pousada situada às margens da pitoresca Baía de Barão de Melgaço, com luxuosas acomodações e passeios memoráveis ao amanhecer e entardecer.
@pousadasiamariana
Pousada Rio Mutum – Natureza em Conforto
Desfrute de quartos confortáveis, refeições deliciosas e passeios com biólogos especializados, em uma conexão íntima com a rica fauna e flora da região.
@pousadamutumpantanal
Comunidade Quilombola Mata Cavalo – Tradições Vivas
Mergulhe na história após a abolição da escravatura, explorando sua cultura, artesanato e produtos naturais autênticos.
Pousada Aymara Lodge – O Despertar no Pantanal
Admire o espetáculo do nascer do sol nas águas calmas da pousada em Poconé, seguido por um safari fotográfico para avistar a rica vida selvagem da região.
@aymaralodge
Pousada Piuval – Conservação e Experiência Rural
Faça uma parada para um pernoite revigorante e conheça os esforços de conservação das onças-pintadas, símbolo da região.
@pousada_piuval
Restaurante Prosa na Orla – Sabores à Beira do Rio Paraguai
Experimente pratos típicos da região no restaurante à beira do Rio Paraguai, a cerca de 90km da divisa do Brasil com a Bolívia, e é reconhecido pela gastronomia típica, com peixes pantaneiros, carne seca e, claro, frango com pequi.
@prosa_naorla
Fazenda Jacobina
Patrimônio colonial tombado. Localizada na beira da estrada, o destino é um verdadeiro tesouro do Pantanal, que convida os visitantes a embarcarem em uma viagem ao passado. Com sua arquitetura preservada e paisagens deslumbrantes, essa fazenda encanta os amantes da história e da cultura local, com gastronomia típica da região.
@fazenda_jacobina