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Um papa que deixou o mundo do futebol de luto e que preferia Pelé a Messi ou Maradona

Torcedor do San Lorenzo de Almagro, Jorge Mario Bergoglio aliou seu mandato à frente da Igreja Católica ao futebol

A morte do Papa Francisco, nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, gerou grande comoção mundial e teve forte repercussão no mundo do futebol. Clubes, federações e atletas manifestaram pesar e prestaram tributos ao pontífice argentino, que era um notório apreciador do esporte.

Gianni Infantino, presidente da Fifa, usou suas redes sociais para lamentar a perda do líder da Igreja Católica. O ítalo-suíço destacou e lembrou com carinho sobre o entusiasmo do pontífice pelo futebol. “Estou profundamente entristecido com a morte do papa Francisco. Tive o privilégio de passar alguns momentos com ele em diversas ocasiões, e ele sempre demonstrou seu entusiasmo pelo futebol, enfatizando o papel fundamental que nosso esporte desempenha na sociedade, particularmente na educação e proteção de crianças em todo o mundo”, disse o mandatário.

 
 
 
 
 
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No Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamentou por meio de um comunicado nas redes sociais e do presidente Ednaldo Rodrigues, que agradeceu ao pontífice por sua ajuda no combate ao racismo no futebol e na inclusão. A entidade decretou luto de uma semana, além de minuto de silêncio em todas as partidas.

O papa foi um dos grandes incentivadores da luta da CBF contra o racismo no futebol e também para trabalharmos para que o esporte seja um vetor decisivo para inclusão de todos, com competições de pessoas com deficiência, indígenas e diversos setores muitas vezes marginalizados. A Declaração do Esporte para Todos nos deu ainda mais força para seguir nesta jornada. Foi fundamental o chamado do papa para as entidades esportivas, atletas e torcedores fazerem a sua parte”, disse Ednaldo.

O Campeonato Italiano adiou as quatro partidas programadas para esta segunda-feira (21), quando oito equipes entrariam em campo para a conclusão da 33ª rodada. “Em decorrência da morte do Santo Padre, a Liga comunica que as partidas da Primeira Divisão e das equipes filiadas foram adiadas para datas posteriores, ainda a serem definidas”, comunicou a Lega Serie A, organizadora do torneio.

Na Europa, os gigantes Real Madrid e Barcelona prestaram condolências, assim como times de diversas partes do mundo. Os clubes do Campeonato Brasileiro também demonstraram seu luto e enviaram mensagens de agradecimento através das redes sociais. Durante seu papado, Francisco recebeu homenagens e presentes de diversas equipes brasileiras. 

Torcedor do San Lorenzo
O Club Atlético San Lorenzo de Almagro, time de coração do papa Francisco, prestou uma homenagem linda e emocionante ao pontífice após sua morte. O clube argentino lançou um vídeo nas redes sociais que relembra a forte ligação de Francisco com a equipe, desde sua infância até o papado.

 
 
 
 
 
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Jorge Mario Bergoglio teve seu mandato à frente da Igreja Católica aliado à sua paixão pelo futebol. Afinal, nunca deixou de lado sua relação com o futebol. “O futebol é um fenômeno global capaz de envolver um grande número de pessoas, suscitando emoções e sentimentos coletivos”, disse papa Francisco, em 2018. 

Em Buenos Aires, sete dígitos são especiais para o San Lorenzo e seus torcedores: 88235N-0, número de associado de Bergoglio, quando ainda nem sonhava em ser papa. Nascido e criado no bairro de Flores, onde se encontra a sede do San Lorenzo atualmente, Francisco tem seu rosto pintado ao redor dos muros que cercam o estádio.

Em 2013, quando foi eleito pelo Vaticano para ser o novo líder da Igreja Católica, após Bento XVI renunciar ao cargo, Francisco foi cumprimentado pelo clube – que lembrou da história de amor entre o então padre Bergoglio e a instituição. Nos primeiros dias no Vaticano, recebeu uma camisa do clube e relembrou do período em que ainda era, apenas, um torcedor “figurão” do San Lorenzo.

Tem vindo à minha memória belas recordações, começando desde a minha infância. Acompanhei, aos dez anos, a gloriosa campanha de 1946″, escreveu, em 2013, sobre a conquista do título argentino do clube na década de 1940. À época, Francisco tinha apenas 10 anos, mas não perdeu uma partida sequer da campanha vitoriosa da equipe.

Filho de imigrantes italianos, cresceu com o San Lorenzo como um “parente” em sua família. “Para mim o San Lorenzo é o time da minha família. Meu pai jogou na equipe de basquete. E, quando éramos pequenos, íamos com a minha mãe ao estádio”, afirmou, em 2014 – ano em que o San Lorenzo se tornou, de fato, o time do papa.

Até aquele ano, o clube era o único, dentre os grandes da Argentina, a não ter se sagrado campeão da Libertadores. Desde a década de 1940, quando o San Lorenzo entrou em sua vida, Bergoglio acompanhou diversos momentos de crise – chegando a ser expulso do vestiário da equipe, em 1998, quando invadiu, com suas vestes de padre, para reclamar da equipe. Tudo mudou em 2014.

Sob o comando de Edgardo Bauza, o San Lorenzo eliminou Grêmio, Cruzeiro, Bolívar e Nacional, do Paraguai, para conquistar seu primeiro título continental da história. A conquista veio acompanhada por uma explosão de sócios e de visibilidade do clube, que também disputou, pela primeira vez, o Mundial de Clubes. A comitiva do clube argentino, inclusive, viajou à Europa para mostrar a taça da Libertadores ao pontífice.

Antes da Libertadores, o clube argentino também viveu um período de jejum – seis anos sem um título nacional. Tudo mudou após a chegada de Bergoglio ao Vaticano. “Assisti com alegria, mas não é um milagre”, brincou Francisco, sobre o título do San Lorenzo. Milagre, que também levou a Argentina à decisão da Copa do Mundo em 2014, na competição disputada no Brasil – vice-campeã, após decisão com a Alemanha.

Mas Francisco ainda “veria”, em sua vida, o fim do jejum da seleção, com o bicampeonato da Copa América (2021 e 2024) e a Copa do Mundo de 2022. Veria, entre aspas, porque o papa, de fato, não assistiu às conquistas da seleção, nem do San Lorenzo, nos últimos anos. Na década de 1990, fez uma promessa – nunca revelada pelo pontífice o motivo – que o fez deixar de assistir à televisão.

Ele apenas soube, por relatos, do título de Messi e da seleção no Catar, diante da França, após empate por 3 x 3 na decisão e vitória nos pênaltis. O mesmo vale para as conquistas do San Lorenzo – do qual se tornou sócio honorário após seus anos no Vaticano.

Essa impossibilidade de ver as partidas não impediu que Francisco recebesse delegações, dos mais variados times, e atletas ao longo dos anos. Em seu reinado, já recebeu seleção croata, vice-campeã em 2018, a própria seleção argentina, italiana, além das visitas de Messi, Ronaldinho Gaúcho, entre tantos outros.

Lamentos na Argentina
Ainda na Argentina, Boca Juniors, River Plate e outros times também se manifestaram, assim como o perfil in memoriam do falecido craque, Diego Maradona.
O papa já criou polêmica ao criticar a postura fora dos gramados de Maradona, em 2023. A Associação do Futebol Argentino (AFA) postou um extenso comunicado se despedindo do pontífice. A entidade apontou Francisco como “uma referência não apenas espiritual, mas também futebolística”.

A Associação do Futebol Argentino, por meio de seu Presidente Claudio Tapia e do Comitê Executivo, manifesta sua dor, expressa suas condolências e presta homenagem ao papa Francisco após seu falecimento. Francisco foi uma referência não apenas espiritual, mas também futebolística, tendo se reunido com jogadores, dirigentes e lendas do futebol, como o capitão da seleção argentina, Lionel Messi, e Diego Armando Maradona. Jorge Mario Bergoglio, nascido no bairro de Flores, em Buenos Aires, no dia 17 de dezembro de 1936, dedicou sua vida à igreja e nunca escondeu sua paixão pelo futebol e seu amor incondicional pelo San Lorenzo de Almagro”, disse a AFA.

Por sua vez, o compatriota Lionel Messi também lastimou a morte do líder religioso. Em suas redes sociais, o atacante disse que o papa fez do mundo um lugar melhor e que sentirá sua falta. “Um papa argentino diferente e próximo. Descanse em paz, papa Francisco. Obrigado por tornar o mundo um lugar melhor. Sentiremos sua falta”, lamentou Messi.

Messi ou Maradona? Pelé…
Quando questionado sobre quem foi maior para o futebol, entre Messi e Maradona, o papa argentino foi por um terceiro caminho: Pelé. “São os três que eu segui. Maradona, como jogador foi um grande, um grande. Mas, como homem, falhou”, disse, à Rai, em 2023. “Messi é corretíssimo. É corretíssimo. Mas, para mim, desses três, o grande senhor é Pelé.”

Francisco recebeu, em 2014, uma camisa assinada por Pelé, das mãos da então presidente Dilma Roussef. “Eu falei com Pelé uma vez, o encontrei em um voo, quando ia a Buenos Aires, conversamos. É um homem de uma humanidade muito grande”, afirmou Francisco.

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