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Um aperto de mão para acalmar os ânimos entre Biden e Xi Jinping

Encontro para reduzir as tensões entre China e EUA em diversos setores é visto como fundamental para os próximos anos da geopolítica mundial

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Os **presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping**, se reuniram nesta segunda-feira, 14, às margens da cúpula do G20 em Bali, na Indonésia, e se comprometeram a diminuir as tensões recentes entre os dois países e trabalhar para evitar conflitos. A reunião, a primeira presencial entre os dois desde a eleição de Biden, ocorre em meio às **tensões no estreito de Taiwan e o apoio tácito dado por Pequim à Rússia na invasão da Ucrânia, bem como a crescente disputa comercial entre os dois países**.

Apesar dos recentes focos de **antagonismo** entre as potências, ambos os líderes reconheceram no encontro a **necessidade de baixar a temperatura**. Xi declarou que a situação atual entre Pequim e Washington não interessa a nenhum dos dois.

“_Não é isso que a comunidade internacional espera de nós_”, disse o líder chinês. “_Precisamos encontrar o caminho correto para que essa relação bilateral melhore e se mova adiante._”

Biden, por sua vez, disse a Xi que pretende trabalhar para **cooperar em questões de interesse mútuo**. “_Espero trabalhar com o senhor para devolver as relações entre China e Estados Unidos à rota do desenvolvimento estável e saudável, o que é de interesse comum para nós e o mundo_”, disse o presidente norte-americano. “_É importante controlar nossas diferenças e impedir que a competição se transforme num conflito._”

**Tensão recente**

Assessores da Casa Branca tentaram repetidamente **minimizar qualquer risco de conflito entre as duas nações** e enfatizaram que acreditam que os países podem trabalhar em conjunto em desafios compartilhados, como mudança climática. Mas as relações entre China e EUA ficaram mais tensas nos últimos anos, à medida que as **diferenças econômicas, comerciais, de direitos humanos e de segurança** vieram à tona.

Como presidente, Biden tem repetidamente criticado a China por **abusos de direitos humanos** contra o povo uigur e outras minorias étnicas, repressão a ativistas da democracia em **Hong Kong**, práticas comerciais coercitivas, provocações militares contra **Taiwan** e divergências sobre a guerra na Ucrânia.

Taiwan se tornou nos últimos meses uma das **questões mais controversas** entre Washington e Pequim, depois que a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, da Califórnia, visitou Taiwan em agosto, levando a China a retaliar com exercícios militares e o disparo de mísseis balísticos em águas próximas.

Várias vezes em sua presidência, Biden disse que **os EUA defenderiam a ilha** no caso de uma invasão liderada por Pequim. Mas funcionários do governo enfatizaram a cada vez que a política de “_Uma China_” dos EUA não mudou. Essa política reconhece o governo de Pequim enquanto permite relações informais e laços de defesa com Taipé.

O governo Biden também bloqueou as **exportações de chips de computador avançados** para a China no mês passado – uma medida de segurança nacional que reforça a competição dos EUA contra Pequim. As autoridades chinesas rapidamente condenaram as restrições.

**Baixando a temperatura**

Observadores da relação sino-americana acreditam que há um **interesse comum em baixar a temperatura** elevada pela visita de Pelosi a Taiwan.

“_Ambos os lados parecem querer que os líderes reunidos em Bali reduzam a temperatura em um relacionamento superaquecido_”, disse **Danny Russel, ex-diplomata** que aconselhou Biden em reuniões anteriores com Xi e que agora é vice-presidente do Asia Society Policy Institute.

“_Washington está ciente do risco de um incidente não intencional se transformar rapidamente em uma crise_”, acrescentou Russel. “_Pequim procura evitar outra rodada de medidas punitivas dos EUA, como os recentes controles de exportação de semicondutores_”.

![Principal obstáculo dos dois países é o consenso sobre os limites de atuação entre as duas potências: China se vê ameaçada e EUA se movimentam para retomar influência internacional (Yan Yan/Xinhua)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Yan_Yan_Xinhua_biden_xi_ec91e5f845.jpg)

Indo para a reunião, a China sinalizou que quer **colocar os laços de volta nos trilhos** e evitar que as divergências se transformem em conflito. Mas os dois lados têm ideias totalmente diferentes sobre como **estabelecer barreiras**, observou **Chen Dongxiao, presidente dos Institutos de Estudos Internacionais de Xangai**.

“_A China define o ‘piso’ de uma perspectiva estratégica e política, que é fundamentalmente não permitir que os Estados Unidos ameacem ou prejudiquem repetidamente os interesses centrais da China_”, disse ele, enquanto **Pequim** vê as medidas práticas sozinhas como “_não confiáveis e de pouca utilidade_”.

A Casa Branca considerou **notável** que Xi tenha alertado pela primeira vez contra o uso de armas nucleares na guerra da Rússia contra a Ucrânia quando se sentou com o chanceler alemão Olaf Scholz na semana passada. Seu comentário foi visto como um **sinal claro para o presidente russo, Vladimir Putin**.

“_Acho que há inegavelmente um desconforto em Pequim sobre o que vimos em termos de retórica e atividade imprudente por parte da Rússia_”, disse um segundo alto funcionário do governo, também falando sob condição de anonimato, a repórteres na segunda-feira. “_Acho que também é inegável que a China provavelmente está surpresa e um pouco envergonhada com a condução das operações militares russas._”

Em reunião realizada nesta segunda-feira, 14 , o presidente norte-americano, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, reiteraram posição contrária a uma guerra nuclear entre Rússia e Ucrânia. Segundo comunicado oficial enviado pela Casa Branca, a guerra nuclear “nunca deve ser travada e nunca pode ser vencida”