O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (27) que não irá adiar o seu prazo para impor tarifas de 50% sobre seus parceiros comerciais, inclusive o Brasil. As declarações do presidente americano ocorreram durante reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Escócia. O republicano disse que as chances de um acordo com Bruxelas eram de 50% e que ele não está de bom humor.
Caso Washington e Bruxelas não consigam alcançar um acordo, Trump prometeu taxar em 30% todos os produtos da União Europeia (UE). Ele afirmou que o ponto principal em um acordo comercial entre UE e o país norte-americano é justiça. “Tivemos um tempo difícil de comércio com a UE”, disse.
O chefe do poder executivo dos EUA confirmou que não deve adiar o início das tarifas prometidas para 1º de agosto a parceiros comerciais. Isso inclui o Brasil, que terá seus produtos exportados para os Estados Unidos taxados em 50% a partir dessa data. Ele mencionou ainda que seu governo arrecadou muito dinheiro com tarifas em aço e alumínio.
Donald Trump afirmou que a União Europeia tem de se abrir para o mercado americano para um possível acordo. O presidente norte-americano sugeriu que produtos farmacêuticos serão tratados separadamente neste acordo. Isso seria um golpe para a Europa, que esperava limitar a taxa de tarifa sobre medicamentos, a principal exportação para os Estados Unidos. “Os produtos farmacêuticos são muito especiais”, afirmou.
O secretário de Comércio dos Estados, Howard Lutnick, voou para a Escócia no sábado (26), para participar das conversas. Em entrevista ao “Fox News Sunday” nesta semana, ele já havia dito que a UE precisava abrir seus mercados para mais exportações dos Estados Unidos para convencer Trump a reduzir a ameaça de tarifas de 30%.
Lutnick disse que as tarifas entrarão em vigor no dia 1° de agosto, mas que Trump está disposto a negociar, mesmo depois do prazo. “O presidente está definitivamente disposto a negociar e conversar com as grandes economias, com certeza”, relata o secretário, que disse que as receitas com as tarifas são de US$ 700 bilhões por ano, chegando a US$ 7 trilhões em 10 anos. Lutnik também afirmou que os acordos fechados abrem mercados para os exportadores dos EUA. “Nunca nosso setor agrícola e industrial teve acesso a esses mercados”, explica.
Apenas cinco países firmaram acordos comerciais com Washington depois do primeiro anúncio das tarifas em abril: Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão. As tarifas acordadas por esses países superam a taxa de 10% que os Estados Unidos aplicam desde abril à grande maioria dos países, mas muito abaixo dos níveis com os quais Trump ameaçou se os governos não chegassem a um acordo com Washington que pôs fim ao que ele considera como práticas desleais.