O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se manifestou sobre o sermão da bispa de Washington, Mariann Edgar Budde. Trump definiu a religiosa como “radical de esquerda” e exigiu desculpas pela ministração em que ela pediu misericórdia com os imigrantes e a comunidade LGBT durante missa na presença do chefe de estado na terça-feira (21).
“A ‘suposta Bispa’ que falou no Serviço Nacional de Oração na manhã de terça-feira era uma extremista da Esquerda Radical que odeia Trump”, afirmou o presidente em sua rede social, Truth Social.
“Ela trouxe sua igreja para o mundo da política de uma forma muito indelicada. Seu tom foi desagradável, e ela não foi convincente nem inteligente… Além de suas declarações inapropriadas, o serviço foi muito entediante e pouco inspirador. Ela não é muito boa no que faz! Ela e sua igreja devem desculpas ao público!”, completou.
Sacerdote anglicana da Igreja Episcopal dos EUA, Budde se tornou bispa de Washington em 2011.
“Tem gente com medo em nosso país, hoje”, disse Budde, que é a primeira mulher a assumir o posto de bispa de Washington, na ocasião. O pedido da bispa, feito diretamente a Trump, refere-se a leis assinadas que fecham fronteiras, negam asilos políticos, prometem deportação em massa de imigrantes ilegais e encerram programas de diversidade de gênero.
Durante fala, Budde também disse que a comunidade ali se reuniu “para orar pela unidade como um povo e uma nação, não por acordo, político ou de outra natureza”. Ela ainda relembrou a tentativa de assassinato que o Donald Trump sofreu durante a campanha em 2024.
“Você sentiu a mão providencial de um Deus amoroso. Em nome de nosso Deus, peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que estão com medo agora”, disse a religiosa.
A bispa destacou também que muitos desses imigrantes pagam impostos, são membros de comunidades religiosas e estão presentes em diversas realidades dentro da sociedade norte-americana.
“As pessoas que colhem em nossas plantações, que limpam nossos prédios, […] que lavam a louça depois que nos alimentamos em restaurantes e que trabalham nos turnos noturnos em hospitais, elas podem não ser cidadãs ou ter a documentação adequada, mas a grande maioria dos imigrantes não é criminosa”, falou Budde.
A bispa complementou, afirmando que os filhos desses trabalhadores têm medo de que os pais sejam deportados. A religiosa também pediu ajuda a quem busca asilo político, ou seja, quem foge de guerras e perseguições, além de lembrar que pessoas gays, lésbicas e transgêneras também estão com medo.
“Há crianças gays, lésbicas e transgêneros em famílias democratas, republicanas e independentes, algumas que temem por suas vidas”, falou.
A religiosa concluiu destacando as atitudes e recomendações de Jesus Cristo: “Jesus pediu que não só possamos amar o nosso vizinho, mas nossos inimigos”. Budde ainda completou que “Deus não fica impressionado com nossas orações, se não agimos de forma correspondente”.
Após a cerimônia, questionado sobre o serviço religioso, o presidente disse que a cerimônia “não foi muito empolgante” e ainda completou: “Eles poderiam ter feito muito melhor”.