O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em declaração à imprensa nesta quinta-feira (11/9), o republicano disse estar “surpreso” e “muito insatisfeito” com o resultado do julgamento.
“Eu achei que ele foi um bom presidente do Brasil. E é muito surpreendente que isso possa acontecer. Isso é muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum. Mas só posso dizer o seguinte: eu o conheci como presidente do Brasil”, afirmou Trump.
A declaração do republicano traça um paralelo implícito entre sua própria situação nos Estados Unidos e a de Bolsonaro. Trump enfrenta processos por suposta tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020 e pelo ataque ao Capitólio, e costuma alegar perseguição judicial contra líderes conservadores.
A Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado, em decisão considerada histórica por envolver um ex-chefe de Estado acusado de atentar contra a ordem democrática. O placar foi de 4 a 1, com votos favoráveis de Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, e divergência do ministro Luiz Fux.
A relação entre os dois ex-presidentes remonta ao período em que ambos estavam no poder e tem se mantido mesmo após o fim de seus mandatos. Em julho, Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticando o que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro, anunciando tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e determinando a abertura de investigação comercial contra o Brasil.
Na terça-feira (9), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que os EUA estão dispostos a “usar meios militares” para proteger a liberdade de expressão no mundo, em referência ao julgamento do ex-presidente brasileiro. O Itamaraty respondeu com nota oficial, repudiando “sanções econômicas ou ameaças de força” que interfiram na soberania nacional.
A decisão do STF encerra uma das etapas mais relevantes dos processos relacionados aos atos de 8 de janeiro de 2023 e marca um divisor de águas para o futuro político de Bolsonaro, agora condenado por tentativa de golpe, organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.