Alternância entre fases de depressão profunda e euforia, em alguns casos agravadas pelo uso de drogas, lícitas ou ilícitas. Essas são características marcantes do transtorno bipolar, que atinge até 2% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde. A indicação dos especialistas é que se fique atento aos sintomas e que se procure tratamento o quanto antes.
Em 30 de março é lembrado o Dia Mundial do Transtorno Bipolar. A data é uma referência ao pintor holandês Vincent Van Gogh, que, depois da morte, foi apontado como uma personalidade que tinha indícios de bipolaridade.
A fase de depressão pode incluir desânimo, ganho ou perda de peso, isolamento, cansaço físico e mental. Já nos momentos de euforia, o paciente pode se ver com extremo bem-estar, agitação, diminuição da necessidade de sono, dificuldade de concentração e impulsividade.
O psiquiatra Fábio Aurélio Leite, do Hospital Santa Lúcia Norte, explica que em muitos casos o estado eufórico acaba beneficiando o paciente durante um tempo e evitando que ele procure atendimento médico. “É um momento prazeroso, de bem-estar e energia. São simpáticos, sociáveis e produtivos. Passam a noite trabalhando, estudando fazendo outras coisas. O paciente acaba surfando a onda de euforia porque é benéfico”, disse.
Existe uma dificuldade de se chegar a um diagnóstico exato. Parte dos potenciais bipolares pode demorar mais de dez anos para se atingir uma conclusão. “Alguns comportamentos do bipolar, como a euforia, se confundem com os típicos de uma personalidade mais extrovertida e muito produtiva”, conta o médico.
O consumo de substâncias como álcool, cocaína ou ecstasy, pode ser decisivo para desencadear o transtorno bipolar. Por outro lado, o profissional de saúde precisa ter cuidado ao fazer prescrições. “O paciente pode ter uma pré-disposição, uma bipolaridade latente que acaba aflorando diante do uso de alguma substância ou algumas medicações. Medicamentos que têm efeito ativador podem fazer o paciente ter um quadro de mania, principalmente as anfetaminas e alguns antidepressivos”, explica.
Entretanto, não são apenas as drogas que podem agravar a bipolaridade. “Decepções amorosas, estresse profissional, trabalho ou grande expectativa podem ser decisivos”. Assim, a indicação de medicamentos deve procurar estabilizar as emoções do paciente. “Os antidepressivos e estabilizadores de humor. Fazemos uma medicação para o paciente, que é um chão, para ele não se afundar na depressão, e de um teto para ele não sair do eixo”, completa Fábio Aurélio Leite.
Apoio
Embora exista o estigma e o preconceito, o debate sobre saúde mental tem sido mais difundido na sociedade. Para o médico, a família deve oferece suporte e incentivar que o paciente se dedique ao tratamento. “É importante ter a preocupação para buscar ajuda o quanto antes, principalmente quando há manifestação durante a adolescência ou início da fase adulta”, defende. Mais diálogo sobre a bipolaridade nas escolas e nos espaços públicos pode ajudar para que o assunto seja melhor esclarecido.