Nos Estados Unidos, a quarta quinta-feira de novembro não é só sobre agradecer, mas também sobre enfrentar o trânsito, reunir a família e tentar não brigar pelo último pedaço de torta de abóbora. Este ano, o Dia de Ação de Graças é celebrado no dia 28, data em que todo o país se prepara para um espetáculo de aromas, tradições e calor humano.
Originalmente criado para agradecer as colheitas fartas, o feriado evoluiu para um momento de reflexão sobre o ano que se encerra — enquanto o peru, o purê de batatas e o molho de cranberry disputam espaço no prato e no coração dos americanos. Os primeiros registros da celebração datam de 1621, quando o governador de Massachusetts, William Bradford, organizou um festival em comemoração a uma colheita abundante.
A origem da data remonta a um raro momento de trégua entre os colonos ingleses e os nativos americanos do povo Wampanoag. Cerca de 90 nativos participaram da celebração na data, e, apesar das tensões históricas entre os grupos, o encontro simbolizou uma tentativa de convivência pacífica.
A tradição do Dia de Ação de Graças ganhou um novo significado em 1863, quando o presidente Abraham Lincoln oficializou a quarta quinta-feira de novembro como uma celebração nacional. Em meio à Guerra Civil, Lincoln vislumbrou na data uma chance de unir um país fragmentado e trazer alento em tempos de profunda incerteza. Décadas depois, em 1941, o Congresso dos Estados Unidos consolidou o feriado, tornando a quarta quinta-feira de novembro uma data oficial no calendário federal.
Tradições do feriado e pratos típicos
Marcado por encontros com familiares e um banquete repleto de pratos clássicos como peru assado, purê de batatas, vagem, pães amanteigados e torta de abóbora, o Dia de Ação de Graças vai além da mesa: desfiles grandiosos, partidas de futebol americano e atos de solidariedade, como a doação de alimentos, fazem parte dos costumes.
Uma das principais tradições do Dia de Ação de Graças é o “perdão presidencial” de um peru, uma das tradições mais peculiares e bem-humoradas. Realizado na Casa Branca, o evento consiste em um gesto simbólico em que o presidente poupa um peru escolhido de virar o prato principal do feriado. A prática ganhou notoriedade em meados do século 20 e, desde então, é acompanhada por discursos leves e cheios de trocadilhos. Neste ano, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, manteve a brincadeira e perdoou dois perus.
Os desfiles são uma das tradições mais vibrantes e aguardadas da data. Originalmente organizados por comunidades locais, eles evoluíram para produções grandiosas, muitas vezes patrocinadas por grandes marcas americanas. Um exemplo histórico é o America’s Hometown Thanksgiving Parade, em Plymouth, Massachusetts, que homenageia a região onde o primeiro Thanksgiving teria ocorrido.
Fazendo jus ao nome, a data vai além das festas e banquetes, sendo uma verdadeira oportunidade para refletir sobre as bênçãos do ano. Muitos americanos aproveitam o momento para compartilhar publicamente aquilo pelo que se sentem gratos. O espírito de gratidão vai além da simples reflexão: também se traduz em ações concretas de retribuição.
Com o foco em ajudar o próximo, é comum que, durante esse período, sejam realizadas campanhas de arrecadação de alimentos e que voluntários preparem refeições para aqueles em situação de vulnerabilidade, oferecendo companhia e um pouco de conforto para os que mais precisam.
Por que o Brasil não celebra o Dia de Ação de Graças?
O Dia de Ação de Graças não é uma data amplamente comemorada no Brasil devido à sua origem na cultura dos colonos ingleses que fundaram os Estados Unidos. Colonizado por Portugal, o Brasil herdou costumes diferentes, influenciados principalmente pela cultura portuguesa, africana e indígena.
Apesar da impopularidade, o Brasil teve um momento de reconhecimento oficial da data, quando, em 1949, o presidente Eurico Gaspar Dutra estabeleceu o Dia de Ação de Graças no calendário nacional.