A escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China volta a movimentar o cenário internacional, após o ex-presidente americano Donald Trump ameaçar implementar novas tarifas sobre importações.
Embora a medida possa impactar o comércio global, os efeitos sobre o Brasil devem variar conforme o setor econômico, segundo avaliação do especialista em comércio exterior Daniel Cassetari, CEO da HKTC.
De acordo com Cassetari, a medida anunciada por Trump não representa um aumento linear de 10% sobre todos os produtos. Trata-se, na prática, de uma revisão tarifária média, com alguns itens mantendo alíquotas reduzidas por serem considerados estratégicos pelos norte-americanos.
“Produtos brasileiros que integram a cadeia produtiva dos EUA, como componentes automotivos, podem continuar com tarifas baixas para não afetar a indústria local”, afirma.
No caso da China, o cenário é semelhante. “Há produtos chineses que entravam nos EUA pagando 5% de imposto, enquanto os equivalentes americanos enfrentavam tarifas de até 50% para serem comercializados na China”, explica o especialista.
A nova proposta busca equilibrar essa diferença, o que pode significar aumentos pontuais para produtos que, até então, tinham vantagens tarifárias.
Um exemplo hipotético apresentado por Cassetari é o de uma caneta: “Se a China cobra 34% de imposto sobre a caneta americana, os EUA podem passar a cobrar o mesmo percentual da caneta chinesa. É uma medida de simetria”, destaca.
O impacto para o Brasil, segundo o CEO da HKTC, será desigual. Setores ligados à exportação de produtos considerados estratégicos pelos EUA podem até se beneficiar da instabilidade, enquanto outros, especialmente os mais dependentes do mercado chinês, devem redobrar a atenção.