Juliana Eichler A Temporada França-Brasil 2025 é uma celebração aos 200 anos das relações diplomáticas entre os dois países. Diversos eventos especiais estão sendo realizados em Brasília neste semana, até o dia 23 de agosto, e visam promover um intenso intercâmbio cultural, científico e ecológico.
A decisão de organizar a Temporada foi tomada pelos presidentes Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva em junho de 2023, em Paris, com o objetivo de impulsionar a cooperação bilateral, fortalecer as respostas conjuntas aos desafios políticos, sociais e ecológicos contemporâneos, e apresentar a riqueza e diversidade da cultura de ambos os países.
“A França e o Brasil são dois parceiros estratégicos unidos por destinos comuns: o Atlântico Sul e a Amazônia. Por meio da programação da Temporada França-Brasil, queremos reafirmar que é através do diálogo, da cooperação e da cultura que podemos continuar construindo respostas justas e duradouras para os desafios de hoje e de amanhã”, disse o presidente francês em sua fala de abertura na Temporada – que teve início em abril deste ano, em Paris.
Embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain | Fotos: Francio de Holanda
A iniciativa é uma colaboração entre o Instituto Guimarães Rosa e o Institut Français, e marca o terceiro grande momento de intercâmbio cultural entre os dois países. O primeiro ocorreu em 2005 com o Ano do Brasil na França, que teve como objetivo apresentar um novo Brasil aos franceses.
Quatro anos depois, em 2009, foi a vez do Ano da França no Brasil, no qual apresentou a criação contemporânea francesa ao país latino. Agora, quase 20 anos depois, o objetivo é celebrar o que os países têm em comum: o vínculo com a democracia, a riqueza da diversidade e o comprometimento mútuo a favor do clima.
Sendo assim, o início da celebração será marcado por um encontro no Museu Nacional da República, em Brasília, na próxima quinta-feira (21). Estarão presentes nomes como as ministras da Cultura da França, Rachida Dati, e do Brasil, Margareth Menezes; do embaixador da França no Brasil Emmanuel Lenain; além dos presidentes do instituto francês, Eva Nguyen Binh, e do Instituto Guimarães Rosa, Marco Antonio Nakata. Ainda, os comissários da Temporada, Anne Louyot (França no Brasil) e Emilio Kalil (Brasil na França), também devem comparecer.
A nova Temporada França-Brasil gira em torno de três eixos temáticos centrais:
- Clima e transição ecológica: em articulação com a Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (Nice, França – junho de 2025) e a COP30 (Belém, Brasil – novembro de 2025);
- Diversidade das sociedades: diálogo com a África e reconhecimento dos povos indígenas no Brasil e dos povos autóctones na França (Guiana Francesa, Martinica e outros territórios ultramarinos);
- Democracia e globalização equitativa: promoção de uma globalização mais justa e inclusiva, baseada em valores democráticos.
E é com base nisso que foi desenvolvido o Festival Convergências, um evento multifacetado que reúne representações oficiais dos dois países, além de oferecer uma programação diversificada com rodas de conversa, exposições, espetáculos e shows musicais:
- Fórum Juventude e Democracia: dos dias 18 a 20 de agosto, no Sesi Lab, haverá um espaço de diálogo que reunirá 40 jovens franceses e 40 brasileiros que, por três dias, debaterão sobre os desafios democráticos contemporâneos, alinhado com as bandeiras comuns dos presidentes Macron e Lula de promover uma globalização mais justa e inclusiva;
- Abertura institucional: cerimônia oficial com representações diplomáticas e culturais dos dois países no dia 21 de agosto, no auditório do Museu Nacional da República, às 16h;
- Exposição Nego Fugido, Memórias Quilombolas: ainda dentro do Museu Nacional, os convidados poderão apreciar uma parte da exposição, que se estende também à sede da Aliança Francesa em Brasília. A mostra de Nicola Lo Calzo é um projeto fotográfico colaborativo que documenta uma prática performativa viva na comunidade quilombola de Acupe, no Brasil, o Nego Fugido. A performance reinterpreta a desumanização da escravidão e a luta dos escravizados pela emancipação, oferecendo uma nova perspectiva sobre o passado colonial e as lutas contemporâneas pelos direitos das comunidades quilombola;
- Espetáculo Respire: será realizado no Complexo Cultural da República, entre a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional, às 18h15. A apresentação da renomada funambulista francesa Johanne Humblet, da companhia Les Filles du Renard Pâle, ilustra o vínculo entre as duas nações e a delicadeza da democracia. Após o espetáculo, uma performance do grupo brasileiro Boi do Seu Toeodoro precede a apresentação da cantora franco beninense Angélique Kidjo e suas três convidadas brasileiras Daniela Mercury, Puma Camillê e Karla da Silva;
- Festival de música CoMA: no dia 23 de agosto, no Centro Cultural Banco do Brasil, das 17h às 2h, o evento musical destacará a riqueza e a diversidade da cena franco-brasileira, apresentando artistas como o brasiliense Kirá e a argentina radicada em Toulouse Aluminé Guerrero, assim como a cabo-verdiana Ronisia e a francesa Sônge em uma fusão cultural que antecipa os ricos intercâmbios artísticos dos próximos meses.
Espetáculo Respire | Foto: Denis Roy
Angélique Kidjo
