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“Tem que conversar com quem não gosta”, diz Lula sobre governar

Em evento na UFABC, Lula destaca a importância do diálogo com adversários políticos para conseguir aprovar matérias no Congresso Nacional

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após uma série de derrotas no Congresso, dirigiu-se aos seus apoiadores, nesta sexta-feira (2), solicitando compreensão em relação às negociações do governo com o Congresso Nacional

 

Durante a inauguração de instalações na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo (SP), o líder do Partido dos Trabalhadores enfatizou que um presidente, para exercer seu mandato, precisa “conversar com aqueles que não têm afinidade” com ele.

 

Lula ressaltou que não pode “recuperar o país” por conta própria e que é crucial que seus apoiadores entendam a “dinâmica de forças no Congresso Nacional”. Ele destacou que, mesmo com o apoio de toda a esquerda, que conta com, no máximo, 136 votos na Câmara dos Deputados, seria necessário o respaldo de 257 votos para aprovar uma medida simples. Para emendas constitucionais, o número de votos necessários é ainda maior.

 

“É necessário que todos vocês compreendam o esforço envolvido na governança. É importante que entendam que vencer uma eleição não é suficiente. Após a eleição, é preciso dedicar-se integralmente à construção de consensos para conseguir aprovar algo. Ontem [quinta-feira], corremos o risco de não conseguir aprovar a organização do governo. E nessa situação, não devemos buscar apenas os amigos, mas também dialogar com aqueles que não simpatizam conosco, com aqueles que não nos apoiaram“, completou Lula.

 

Nas últimas semanas, o Congresso tem imposto derrotas ao governo, como na votação da medida provisória que reorganiza os ministérios de Lula, resultando na perda de atribuições nas pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. A aprovação do texto ocorreu apenas no último dia do prazo.

 

A demora na análise da medida provisória e as alterações promovidas pelo Congresso no texto revelaram a insatisfação dos parlamentares com a articulação política do governo Lula. Além disso, propostas criticadas pelo governo, como aquela que limita a demarcação de terras indígenas e facilita o desmatamento da Mata Atlântica, também avançaram no Legislativo.

 

Durante o evento, Lula também fez críticas à elevada taxa de juros no país, atualmente fixada em 13,75% ao ano. A Selic é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

 

A crítica surgiu quando Lula defendia investimentos na educação, afirmando que “gastar” é “pagar 13,75% de juros para o sistema financeiro”.

 

A taxa Selic tem sido motivo de confronto entre Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, desde o início do governo. Lula acredita que existem condições para reduzir a taxa de juros