O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta quinta-feira (10), que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% os produtos brasileiros tem motivação política e é “insustentável”. A nova alíquota entra em vigor a partir do dia 1º de agosto.
“Eu acredito que essa decisão é uma decisão eminentemente política, porque ela não parte de nenhuma racionalidade econômica. Não há racionalidade econômica no que foi feito ontem [quarta], uma vez que os Estados Unidos, como todos sabem, ele é super arbitrário com relação à América do Sul como um todo, e ao Brasil também”, afirmou Haddad.
O titular da pasta afirmou que “não há racionalidade econômica na medida tomada” por Trump. “O Brasil como um todo, nos últimos 15 anos, nós tivemos um déficit de bens e serviços de mais de R$ 400 bilhões de dólares dos EUA”, explicou.
Segundo o ministro, a decisão de Trump em sobretaxar o País tem relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Até a extrema direita vai ter que reconhecer, mais cedo ou mais tarde, que deu um tiro no pé”, enfatizou.
“O próprio Eduardo Bolsonaro disse a público que se não vier o perdão, as coisas tendem a piorar. Isso ele disse publicamente, fazendo todos nós acreditarmos, porque não há outra explicação, de que esse golpe contra o Brasil, contra a soberania nacional, foi medido de forças dentro do País”, prosseguiu.
As declarações de Haddad foram dadas em entrevista concedida a mídias independentes do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, nesta quinta-feira (10).
A carta de Trump
Em carta enviada ao presidente Lula nessa quarta (9), Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. A medida, segundo ele, busca corrigir o que chamou de “décadas de relação comercial injusta”, marcada por supostas barreiras tarifárias e não tarifárias impostas pelo Brasil.
Trump afirmou que o déficit comercial com o país sul-americano representa uma ameaça à economia e à segurança nacional dos EUA, e condicionou a revisão da tarifa à abertura dos mercados brasileiros.
No texto, Trump também criticou duramente o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando os processos contra ele como uma “vergonha internacional” e uma “caça às bruxas”. O republicano disse ter respeito por Bolsonaro e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF), acusando a Corte de emitir “ordens de censura secretas e ilegais” contra plataformas de redes sociais americanas.