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Talento feminino se impõe no rock com a banda Boygenius

Entre as indicações para o Grammy 2024 anunciadas no dia 10, há popstars como Taylor Swift, Olivia Rodrigo e Miley Cyrus. Mas um nome fora desse circuito estelar chamou a atenção: o grupo Boygenius, indicado para seis categorias, incluindo o cobiçado prêmio de álbum do ano.

Um dos seletos grupos “alternativos” a acumular sucesso de público e crítica nos Estados Unidos, o Boygenius é um trio de mulheres: Phoebe Bridgers, Lucy Dacus e Julien Baker. Tecnicamente, é um supergrupo – formado por pessoas que já tinham carreira solo e relativo sucesso antes da banda. E é super mesmo. O trio tem dois EPs e um álbum, foi capa da Rolling Stone este ano e já angariou elogios de nomes como Dave Grohl e Billie Eilish e da própria Taylor Swift.

Phoebe, Lucy e Julien já orbitavam no universo do indie-rock estadunidense, dividiam turnês e acabavam se encontrando com alguma frequência. Como toda mulher que sabe empunhar uma guitarra, elas estavam habituadas a ouvir questionamentos relacionados, simplesmente, ao fato de serem mulheres. E de saberem empunhar uma guitarra.

A banda nasceu, em 2018, dessa conexão e incômodo, com a proposta de se reunir em estúdio sem uma presença masculina. O nome vem de “boy genius” (garoto gênio): uma brincadeira com a autoconfiança de homens chamados de geniais desde novos, nunca duvidando de si mesmos.

Ídolos

Isso não as impede de reverenciar os homens que vieram antes delas. Bridgers é fã de Paul McCartney; Baker, de Soundgarden; Dacus, de The Cure. Parte da identidade do grupo vem da brincadeira de ocupar os espaços dos homens não como negação deles, mas como reafirmação delas.

Intitulado “o supergrupo mais empolgante do mundo” pela Rolling Stone americana, o Boygenius tem a fórmula perfeita para agradar a uma geração sem ídolos do rock para chamar de seus. (Convenhamos: o “sexo, drogas e rock’n’roll” já perdeu o apelo há décadas.) São mulheres em seus 28 e 29 anos que se identificam como queer – e esse é o máximo de rótulo ao qual se propõem pertencer.

Separadamente e em conjunto, Phoebe, Lucy e Julien participam de colaborações do emo ao pop. Segundo elas, em seu processo criativo não há espaço para julgamento – filosofia que transparece no resultado final de seus trabalhos.

O grupo estreou em 2018 com o EP Boygenius, que já dava sinais do que fariam: um rock alternativo com pés no folk. Desde o primeiro trabalho, a banda já ganhou fã-clube e aclamação da crítica, mas elas mantiveram os projetos solo até este ano.

Desabafos

Agora, em 2023, o Boygenius retornou com o álbum completo, The Record, e um EP extra, The Rest. O trio cria músicas bastante vulneráveis, com desabafos que ganham espaço para crescer. Usa harmonias vocais delicadas, violões cuidadosos e frases como “Tenho 27 anos e não sei quem sou, mas sei o que quero” (de Emily, I’m Sorry). Boa parte das músicas soa triste, mas, nos palcos e nas fotos, elas aparecem dançando, se beijando, pulando e caindo no chão, no jeito meio “moleque” das três.

É essa dualidade entre seriedade e brincadeira, vulnerabilidade e confiança, que atrai o público – é perfeito para a juventude de hoje, que reúne memes e desabafos sobre saúde mental em um mesmo perfil.

Para um grupo dito alternativo, o Boygenius alcançou um estrelato relevante, com shows lotados e fã-clube apaixonado. Com dois álbuns e um EP, a banda já tem 4 milhões de ouvintes mensais no Spotify. É o mesmo número da brasileira Skank e quase o dobro do Capital Inicial. Com tudo isso, as indicações para o Grammy não foram surpreendentes. Para quem acompanha a música de lá, foram a coroação de um fato anunciado: o Boygenius é a nova grande banda do rock.

*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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