Baterista do Rock Beats e desenhista industrial, Bruno Duarte tem em sua mente uma criatividade muito bem exercitada e unida a isso uma paixão intensa por Brasília. Entre a variedade de músicas que escuta, além do rock, está também a música erudita e, talvez, tenha sido por essas harmonias que teve a ideia de trazer as superquadras de Brasília para unir-se às notas clássicas da música.
O projeto Tesourinhas foi o nome dado ao espetáculo que une o artista com mais nove participantes da Orquestra Filarmônica de Brasília e está disponível no YouTube para apreciação do público.
Com arranjos de Nilson de Melo Vieira e a regência de Thiago Francis, Tesourinhas mostra que a cidade está intimamente ligada à arte, à cultura e à música. O enredo traz os músicos no palco em uma cenografia minimalista e moderna e apresenta um jogo cênico bastante intenso, contrastando entre momentos de muita e pouca luminosidade, criando um clímax no espectador em sincronia com as melodias apresentadas.
A ideia do projeto surgiu depois de um erro no percurso do caminho em que Bruno estava tentando fazer, da 316 sul, até o centro do Plano Piloto. “Quando saí da quadra, eu tinha que pegar a tesourinha e passar por baixo, fazer a volta e ir sentido a área central de Brasília. Só que quando eu fiz a tesourinha, segui reto e a fiz de novo, no automático. Vi que estava em looping e pensei ‘música é looping’”, afirma.
Através dos números das quadras da cidade, o compositor percebeu que aquilo poderia se transformar em compasso. “Com a matemática do endereço brasiliense montamos os compassos das músicas, como por exemplo, temos as superquadras 900, 700, 500, 300 e 100.
Após as superquadras 100, vem o Eixão, que em seguida vamos em direção às quadras 200, 400, 600 e 800, então, adaptamos a numeração das quadras para os compassos musicais”, explica.
Gravado no Teatro dos Bancários, as canções se misturam entre o erudito e o pop. Nessa mistura, Brasília é homenageada. O artista conta que as pessoas de seu convívio dizem que ele enxerga as coisas de uma forma diferente. “A minha cabeça funciona a milhão e pelo fato de eu ser deficiente visual, eu só enxergo de um olho, as pessoas sempre falam que eu vejo o mundo de um jeito diferente”, declara.
E assim, Bruno e os músicos participantes da Orquestra Filarmônica transformaram quatro músicas instrumentais em uma linda história contada sobre a cidade das superquadras. As faixas “Eixão”, “Tesourinhas”, “Parque” e “Monumental”, fazem o espectador se sentir atraído pelas curvas da cidade planejada. Em aproximadamente 15 minutos, cada uma, o ouvinte passeia pela capital do Brasil desenhada por Oscar Niemeyer e projetada por Lúcio Costa. Tesourinhas está disponível no YouTube e nas redes sociais (@tesourinhas_bsb). O projeto é financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal.
Confira o resultado: