2020! Que ano, senhores. Pandemia. Nascimento da minha primeira filha. E enquanto montava o enxoval da baby decidi fazer do ano de 2021 um ano dedicado ao meu desenvolvimento pessoal. Além de ser o ano da baby Julia, é claro!
Antes de te contar como tudo isso aconteceu preciso deixar um disclaimer para as mães que vão ler essa coluna: Não se cobrem! A maternidade por si só já é intensa e exige muito de nós. O puerpério então?! Quem viveu sabe!
Cada uma das nossas jornadas é única e válida. Sem cobranças, combinado?
Agora deixa eu te contar essa história. Eu já era uma executiva C-level quando engravidei. E posso te falar, como empreendedora, os últimos quatro anos foram tão intensos e cheios de desafios que eu não tive muito tempo para pensar na minha carreira de forma estratégica.
Quando eu engravidei, depois de conversar com os meus sócios e receber muito apoio deles, resolvi tirar uma licença mais longa. Seria 1 ano. 12 meses para cuidar da Julia e focar no meu desenvolvimento pessoal.
O que eu fiz antes de sair foi uma espécie de avaliação 360 graus. Conversei com meu CEO, com meus pares, com clientes, amigos e mentores. E também fiz uma análise das skills que eu precisaria desenvolver. Pronto! Comecei a montar o meu plano de ação.
A minha linha de raciocínio foi: Como posso voltar dessa licença gerando mais valor para minha empresa, meus sócios e clientes e com um posicionamento de marca pessoal ainda mais fortalecido no mercado financeiro brasileiro?
Pesquisei MBAs e mestrados, no Brasil e nos EUA. Mas percebi que nenhum deles se encaixava 100% com o diagnóstico que eu tinha feito das habilidades que eu precisava desenvolver. Depois de muita pesquisa, montei o meu próprio currículo. Finanças comportamentais na Universidade de Chicago (assunto que logo quero comentar com vocês), inglês para negócios (apesar de ser fluente queria conduzir reuniões de negócios com a mesma propriedade com que faço em português) e uma formação específica para líderes (aqui entrou Stanford).
O Stanford Lead é um programa específico para líderes. Na minha turma são executivos de 65 países e 33 indústrias distintas. Todos nós focados em como sermos melhores líderes e impactar as nossas empresas e a nossa geração. Tem sido incrível. Um programa de 1 ano, com 10 disciplinas e uma quantidade absurda de horas de dedicação. Uma experiência de fato transformadora.
Mas o foco aqui não é falar sobre o programa de Stanford e sim sobre como esses seis meses têm sido intensos e de muito planejamento (lágrimas também!).
Antes de começar essa bateria de cursos eu montei um plano de ação detalhado. Quanto gastaria, quantas horas precisaria investir em cada um desses cursos e qual o meu objetivo com cada um deles.
Quando a minha baby tinha 1 mês comecei a colocar o plano em ação. Olha, para te explicar de forma honesta, foi uma loucura! Tem sido uma loucura.
Talvez se eu tivesse noção real do quanto cuidar de uma bebê é fisicamente e emocionalmente intenso, eu não teria feito as escolhas que fiz. Talvez seu eu soubesse o trabalho e a dedicação que uma formação tão completa como essa me daria, eu não teria começado.
Porém, o fato é que eu comecei. E confesso que foi a melhor decisão de carreira que tomei.
Precisei ser ainda mais organizada do que eu imaginava. Precisei também aprender o que de fato impactava o meu aprendizado e o que era vaidade. Exemplo? Ler todas as sugestões de bibliografia é importante. Tirar 10 em todos os projetos, não.
O fato é que nessa caminhada que é a maternidade a gente aprende cada dia uma coisa diferente. E está aí! Julia fez 8 meses e eu acabei o primeiro semestre de Stanford tendo o meu projeto final sendo escolhido como um dos nove destaques, em meio a 350 projetos.
O fato é que a maternidade nos potencializa. A gente passa a ter muito menos tempo, e por isso, somos muito mais produtivas e multitarefas. Não é fácil não, tá? Quase todos os dias me pergunto porque eu comecei. Mas é possível! Essa é a grande mensagem aqui. É possível!
Eu não sei os seus objetivos pessoais ou profissionais. Mas eu posso te garantir que com planejamento estratégico você pode muito mais do que imagina.
Vale mais um disclaimer para o final: “Sororidade é quando eu respeito a executiva sem filhos, a mãe de várias crianças e a que decide fazer tudo isso junto.”
