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Sexta-feira Santa: mais do que tradição, um convite à reflexão

Data marca a morte de Jesus e carrega séculos de história, simbolismo e impacto social

A Sexta-feira Santa, uma das datas mais solenes do calendário cristão, marca a crucificação de Jesus Cristo. Mais do que relembrar um episódio histórico, o dia carrega uma carga simbólica profunda, que convida fiéis, e mesmo os que não seguem uma religião, a refletirem sobre temas universais como sofrimento, injustiça, perdão e esperança.

Celebrada dentro do chamado Tríduo Pascal, que reúne os principais momentos da Paixão, morte e ressurreição de Jesus, a Sexta-feira Santa não tem uma data fixa. Ela varia conforme o calendário litúrgico, com base na Páscoa judaica, a Pessach, mencionada nos evangelhos como o período em que se deu a condenação de Cristo.

“A tradição cristã herda do judaísmo essa noção de preparação, de passagem. A Páscoa, originalmente, já era um rito de libertação, e o cristianismo ressignifica isso com o sacrifício de Jesus”, explica a teóloga Ana Beatriz Dias Pinto, doutora em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Segundo ela, os evangelhos, especialmente o de João, descrevem que a crucificação ocorre às pressas para que o corpo de Jesus fosse retirado antes do início das celebrações judaicas. “Foi numa sexta-feira, e a narrativa destaca que Ele se ofereceu em sacrifício, como um cordeiro pascal, para redimir os pecados da humanidade”, contextualiza.

O sentido do sacrifício

Independentemente da crença, a figura de Jesus carrega um simbolismo potente. Sua morte não é apenas vista como punição, mas como entrega. “O sofrimento de Cristo tem um impacto que transcende a religião. Ele representa a dor do inocente, o peso da injustiça e, ao mesmo tempo, a escolha pela não violência, pela compaixão. É isso que nos provoca reflexão até hoje”, pontua Ana Beatriz.

A Sexta-feira Santa é, por isso, marcada por silêncio, introspecção e ritos de luto. Nas igrejas católicas, por exemplo, não há celebração da Eucaristia, gesto que simboliza a ausência de Cristo. “É um momento em que se sente o vazio. Um luto coletivo que recorda não só a perda de um líder espiritual, mas também o impacto da sua escolha de morrer em favor de outros”, afirma a teóloga.

Reflexão além da fé

Para além dos rituais e doutrinas, a Sexta-feira Santa levanta perguntas que continuam atuais: que tipo de sacrifício somos capazes de fazer pelo outro? Como lidamos com a dor e com as injustiças do nosso tempo? O que estamos dispostos a perder em nome de valores maiores?

“Pensar na Sexta-feira Santa como um convite à empatia e à autocrítica é um caminho possível também para quem não é religioso”, aponta a especialista. “Jesus é uma figura histórica, com uma trajetória marcada por escolhas éticas radicais. Ele não revidou a violência, perdoou seus algozes e confiou até o fim que o amor poderia transformar o mundo. Isso ainda nos desafia como sociedade.”

No Brasil, a data é feriado nacional desde 1995, mas sua origem remonta à tradição católica trazida pelos colonizadores portugueses. Mesmo com o Estado laico, a manutenção no calendário oficial é justificada como expressão da cultura e da memória coletiva de grande parte da população.

Entre fé e consciência

Seja pela via espiritual, simbólica ou ética, a Sexta-feira Santa continua ocupando um espaço de destaque no calendário e no imaginário popular. Um dia de pausa, de silêncio e de perguntas difíceis, que talvez não tenham respostas imediatas, mas que seguem movendo corações e consciências ao longo da história.

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