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Setembro Amarelo: atenção para a saúde mental

Brasil está entre os países em que mais sofrem com transtornos relacionadas a mente. Especialistas falam da saúde mental
campanha setembro amarelo

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A rotina do brasileiro é intensa. Entre as muitas tarefas, há aquelas que se dedicam, além das questões do trabalho, aos afazeres domésticos e outros projetos. E as rotinas intensas, chegam ao ponto de sobrecarregar, na maior parte dos casos, os indivíduos. É neste momento que começam doenças silenciosas como alzheimer, ansiedade, depressão e outras que, se não forem tomados os devidos cuidados, podem gerar dimensões sem precedentes na vida do indivíduo.

 

É por esse motivo que o mês de setembro chama a atenção para o problema relacionado à saúde mental dos indivíduos. Conhecido como setembro amarelo, a data chama a atenção para os problemas relacionados à mente, e que acomete a maior parte da população mundial. Para se ter uma ideia, no mundo, somente no ano de 2019, quase 1 bilhão de pessoas, incluindo 14% da população de adolescentes, tinha algum tipo de doença relacionada a transtornos mentais, sendo o suicídio responsável por mais de uma em cada 100 mortes e 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

 

De acordo com a psicóloga Milene Bussular Barcelos, a apresentação de alguns sintomas como alterações no sono, irritabilidade, mudança drástica de apetite, pensamentos negativos recorrentes, revivência de situações traumáticas, dificuldades com relações interpessoais e abuso de álcool são alguns dos sinais que devem ser observados nesses indivíduos para o tratamento de enfermidades. “Quando nos referimos à saúde mental é necessário considerar a unicidade do indivíduo e a capacidade de oscilar os sentimentos a partir de experiências diárias. Portanto, o momento certo para buscar ajuda de um especialista é relativo. Em contrapartida, a persistência e constância de alguns sinais e sintomas como os citados acima, devem servir para se buscar um profissional”, pondera.

 

Outro ponto que a especialista relata é que, em alguns momentos da vida, os indivíduos passam por situações difíceis que impactam no estado emocional geral, tidos como normais, devendo ser observado, entretanto, o grau e a frequência dos sintomas, bem como suas consequências no desempenho das atividades cotidianas.

 

A profissional também chama a atenção para dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), que considera a atividade física uma forte aliada na prevenção e promoção de saúde mental da sociedade, dada a sua atuação sistêmica no organismo. Nesse sentido, a prática de exercícios físicos atua diretamente nos aspectos fisiológicos por meio da produção de neurotransmissores como a serotonina, noradrenalina e a dopamina responsáveis pelas sensações de bem-estar, sendo eficaz para o alívio do estresse e do esgotamento mental provocado pelo excesso de trabalho. “Há de se mencionar a influência das atividades nas relações interpessoais, pois além de promoverem autoestima, possibilitam ao indivíduo estar em contato com outras pessoas, e dividir espaços coletivos contra o aparecimento do embotamento social. Logo, associar a prática de atividades físicas à jornada de trabalho certamente colabora para profissionais mais saudáveis”, pondera.
 

Tal posição é compartilhada pelo profissional de educação física da Bodytech Brasília, Anfrísio Mariani que ressalta que, além da prática de atividade física em si, é preciso levar em consideração o tipo de atividade a ser praticada, já que cada indivíduo pode ter uma reação a determinados estímulos. “É importante buscar uma atividade que você goste ou que sempre quis fazer, seja musculação, futebol, vôlei, natação, dança ou qualquer outra, já é um ótimo começo. A partir do momento em que você faz uma atividade que te dá prazer, vai ser muito mais fácil se manter praticando ela, gerando toda aquela liberação hormonal e com isso, os benefícios do exercício virão”, pondera.

 

Anfrísio Mariani
Crédito (foto): Anfrísio Mariani/divulgação.

Um ponto importante observado pelo profissional é que, por diversos motivos culturais, às vezes, o exercício é visto apenas como uma forma de “moldar” o corpo, o que pode afastar esses indivíduos da prática por ser tratado como “obrigação”. “Claro que isso acontece, mas se for tratado apenas assim, acaba afetando a relação com nossa própria imagem e isso afetará a saúde mental como um todo. Portanto, não tem problema querer mudar o corpo, mas é importante entender que a prática de exercícios vai trazer outros milhões de benefícios caso seja feita com paz, calma, paciência, respeito e amor próprio”, observa Anfrísio.

 

Por fim, o profissional ressalta que o gestor de educação física não é um “psicólogo” , mas pode ajudar de maneira intuitiva durante as aulas. “O acolhimento de um aluno com ansiedade, depressão ou transtornos de imagem é essencial. Alguém que se encontra assim, está em um momento muito vulnerável, então, qualquer gatilho pode desencadear consequências que variam desde a pessoa interromper a prática de exercícios até uma piora do quadro. Dentro desse espectro do acolhimento, o profissional pode (e até deve) adotar algumas práticas, como exemplo, não usar uma abordagem punitivista com essa pessoa, não incentivar a urgência por resultados e perceber se o aluno está em um dia ruim para adequar a aula e ele sair daquela experiência mais à vontade do que quando chegou. Coisas como “já que faltou ontem vamos pegar mais pesado hoje” ou “não existe ganho sem dor” podem acentuar a sensação de fracasso ou de falta de capacidade, então, evitar causar esse tipo de sensação é fundamental”, finaliza.