Madeiras retiradas dos postes de energia elétrica, barcos que estavam no fundo do rio e qualquer outro material que havia sido descartado em Manaus, agora, chega a Brasília com um novo propósito: montar o cenário da maior feira da Zona Franca da capital amazonense, a fesPIM, com data marcada para 7, 8 e 9 de novembro, no Centro Ulysses Guimarães em Brasília.
O responsável por isso é Sérgio Santos, o arquiteto amazonense que projetou toda a estrutura do festival. O objetivo este ano foi trazer a Brasília as belezas amazonenses, mas mais do que isso: mostrar que a sustentabilidade está no sangue e deve ser levada à risca em todas as áreas da Zona Franca de Manaus — até mesmo na criativa.
“Esta sendo uma satisfação muito grande poder mostrar meu trabalho de arquiteto amazônico aqui em Brasília. Estou trazendo para a capital uma arquitetura sustentável com uma visão amazônica”, afirma ao GPS|Brasília.
O processo criativo do projeto tem em sua base de inspiração apenas materiais sustentáveis. O objetivo foi buscar soluções que causem pouco impacto no meio ambiente, assim valorizando a visão que o pulmão do mundo deve manter nacional e internacionalmente.
“Os materiais da feira são de madeiras de reuso de barcos que já não navegam nos rios da Amazônia, madeiras de paletes reutilizados das fábricas do Polo Industrial de Manaus e papelão recicláveis das embalagens do PIM transformados em mesas e cadeiras para o auditório de palestras do festival”, conta Sérgio.
Há mais de 15 anos, Sergio trabalha com materiais recicláveis, principalmente os reaproveitados dos barcos naufragados ou já desmontados. O profissional sempre focou na arquitetura sustentável como um bom amazonense, tanto nas obras que participa nas pequenas comunidades do região e nas maiores.
“Sou amazonense, nasci em Manaus, venho de uma família muito ligada aos ribeirinhos, população que habitam os rios da Amazônia. Sempre naveguei muito pela minha região e essa é a maior influência para meus projetos e partido arquitetônico que escolhi para minha carreira”, ressalta.
Ligado à floresta, a sustentabilidade que o arquiteto pratica é sua contribuição para o Meio Ambiente. Como profissional do Norte do país e diante de tantas catástrofes ocasionadas pelo desmatamento, o desejo de Sérgio é que “mais profissionais seguissem uma linha sustentável”.
Confira uma palinha de como está ficando a feira. Spoiler: tem um auditório inteiro só de cadeiras de papelão:
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A Zona Franca como pilar da região
Com foco em desenvolvimento econômico e social, a Zona Franca de Manaus, para Sérgio, é a grande protetora da Amazônia. Por concentrar a parte industrial em Manaus, acaba que a floresta segue preservada. Há, no entanto, desafios a serem superados, pois existem formam de gerar renda sem que o Meio Ambiente seja ferido.
Uma das sugestões de Sérgio, por exemplo, é o estimulo do ecoturismo. “É necessário que sejam criadas mais matrizes sustentáveis de renda na região amazônica. Turismo, bioeconomia são alguns dos caminhos que podemos percorrem a fim de atingir esses objetivos”, sugere.
Nesta feira, a Manaus traz toda essa beleza, inclusive, com o objetivo de mostrar não só o seu potencial industrial, como também turístico, social e cultural. Na fesPIM 2023, a carinha amazônica é a identidade e conceito tanto é que até canoas feitas por povos ribeirinhos — de Cesareia, no município de São Sebastião do Uatumã — estarão à mostra.
SERVIÇO
fesPIM – Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus
Data: 7 a 9 de novembro
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Entrada franca
Mais informações: www.fespim.com.br