Redação GPS Fotografia vem do grego _phos_, que significa luz, e _graphein_, que significa pintar. Juntas, as palavras retratam o simbolismo dessa arte que, desde a primeira da história, há quase dois séculos, registra os momentos que os olhos não querer perder.
As artes plásticas, a dança, a música, o teatro, o grafite, a escultura ou a fotografia: toda arte quer contar alguma coisa. Contar a história de alguém ou de si mesmo, dos sentimentos, dos momentos, das lembranças. Na reportagem de hoje, em celebração ao **Dia Nacional das Artes**, comemorado nesta sexta-feira,12, conversamos com fotógrafo paulista **[Celso Junior](https://www.instagram.com/celsojuniorfoto/)**.
Nas folhas dos jornais ou nas paredes de admiradores. Com **15 premiações no fotojornalismo**, grandes coberturas pelo Brasil e pelo mundo, cerca de **400 casamentos de luxo** e uma **galeria de arte**, o pode afirmar que alcançou o melhor do universo das imagens.
Em conversa especial com **GPS**, ele contou um pouco mais sobre os seus **30 anos de trabalho**. O profissional resumiu a magia de quem está por trás das lentes em uma frase: _“ser um contador de história”._
Como toda boa história, logo no início do bate-papo perguntamos como tudo começou. O entrevistado, por sua vez, iniciou a conversa falando sobre o momento presente, porém, aqueles que veem seu trabalho sabem que o resultado atual é fruto de um longo e frutífero caminho que fizemos questão de resgatar. _“Você conta uma história escrevendo, o Caco Barcellos, falando, e eu conto fotografando”_, nos disse. Agora, contamos escrevendo, então, a história da história.
#### De office boy em jornal a fotojornalista de sucesso
A fotografia surgiu em sua vida por coincidência. Aos 15 anos, o **garoto de Ribeirão Preto** não imaginava que o seu primeiro emprego, como office boy em um pequeno jornal de São Paulo, o levaria para uma carreira de sucesso no ramo da fotografia.
Seu primeiro contato com a foto se deu quando virou **laboratorialista fotográfico**, onde revelava os filmes que recebia. Nas cabines escuras e diante do processo de revelação das imagens, ele disse que a paixão surgiu. Aos 19 anos, já estava feito, ele se registrava profissionalmente.
Em 1997, deu início aos que seriam os próximos 15 anos de sua vida, que resultaram em **15 prêmios no total**. No Estadão, Celso realizou um trabalho de grande relevância reconhecido por cinco prêmios internos do veículo. _“Tenho maior orgulho desses prêmios. Era uma repercussão incrível”_. Fora do veículo, recebeu alguma das maiores premiações do fotojornalismo, como o **Prêmio Esso de Fotojornalismo** e o **Prêmio Vladimir Herzog**.
#### Grandes coberturas como fotojornalista
Ao lado do repórter **Leonencio Nossa**, Celso rodou os estados brasileiros com o caderno especial **[Guerras Desconhecidas do Brasil](https://www.estadao.com.br/infograficos/politica,as-guerras-desconhecidas-do-brasil,280973)**, do Estadão. O trabalho foi premiado por percorrer mais de 13.500 km por 40 cidades em busca de registrar conflitos que não estavam na história oficial do País. _“Esse é um ponto de destaque da minha carreira como fotojornalismo”_, ressaltou.
A primeira edição do **Prêmio Tim Lopes** condecorou o fotojornalista por matéria especial que retratou a prostituição infantil na Amazônia. Não só o Brasil, a experiência em contar histórias com as fotos também o fez cruzar o mundo. Foram três **Copas do Mundo**, na Alemanha, na África e no Brasil, além da **morte do Papa João Paulo II**, em 2005, onde passou 30 dias no Vaticano.
#### Brasília e os casamentos de luxo
Em 2003, Celso foi transferido pelo jornal para Brasília e **seguiu no fotojornalismo até 2013**. Neste momento, ele deixava a área em registros passados com grande mérito. A experiência desenvolvida na profissão, contudo, continuou sendo um diferencial nos trabalhos que desenvolveria a seguir.
Sua atuação no **mercado de casamentos de luxo** surgiu ao identificar o potencial de entregar um **trabalho singular**. “_Eu acompanhava casamentos como convidado e via que poderia oferecer algo diferente”_, afirmou.
No começo, foram cerca de 25 casamentos por ano. Antes da pandemia, chegou a fotografar 61 cerimônias no mesmo período de tempo, sendo que, apenas em julho de 2022, foram 12. Celso compartilhou que o grande dia é marcado normalmente com um ano de antecedência. Atualmente, já são cerca de **400 eventos no total**.
No ritual das cerimônias, ele enxerga as milhares de possibilidades de retratar essa tradição e **contar a história do casal**. Em um só casamento, disse ele, há uma mistura de sentimentos tão marcantes quanto o que vivenciou durante a primeira metade da carreira.
A agilidade, a disposição e um olhar atento a trabalhar o espontâneo desses momentos são fatores que ressaltou como parte dos atributos que usa para produzir uma experiência marcante na vida de centenas de casais que já fotografou. A área mudou, mas ele garantiu: _“O conceito eu nunca mudei, que é levar essa experiência do fotojornalismo para o casamento”_.
#### Fotografia como uma peça de arte
Quando o profissional começou a falar sobre a fotografia na sua vida, era sobre esse momento que falava. Além dos casamentos, Celso se desenvolveu no mercado artístico por meio das fotos. Durante a entrevista, ele ressaltou sua realização:
>“Talvez esse seja o momento mais empolgante da minha carreira”, confessou.
Na **[Celso Junior Galeria](https://www.instagram.com/celsojuniorgaleria/)**, espaço fixo no [Complexo Brasil 21](https://www.instagram.com/complexobrasil21/), ele realiza séries com tiragens restritas. Porque são limitadas? Ele explica: _“O intuito do negócio é ser mais exclusivo”_. São três anos atuando nesse mercado de arte, que Celso aponta como um **mercado em crescimento**.
A experiência trouxe uma** rotina com mais liberdade**. Agora, o dia a dia como fotógrafo conta com caminhadas nos horários com a **melhor luz natural**, ao nascer e ao cair do sol. _“Eu acredito que os extremos das luzes são sempre melhor”_. Algumas vezes, quando sai de casa, às 5h, e volta para o café da manhã, às 8h, com a esposa [**Paula Santana**](https://www.instagram.com/paulasanta/), retorna “sem nada”, sem o retrato que gostaria de ter feito.
Nesse processo primoroso, ele destacou que retorna, ainda assim, estimulado. No dia seguinte, ele contou que já sabe que deve andar mais para esquerda, direita, ou ainda buscar a melhor luz dez metros em determinada direção.
#### Fotos que viram telas
Celso conta orgulhoso como a fotografia se tornou uma peça principal de arte em diversos ambientes. Em telas gigantes, seu trabalho ganha uma proporção especial. As **imagens são capturadas sob medida** com o toque artístico do mestre e emolduradas para os clientes. _“Eu gosto de fazer uma coisa personalizada para cada um”_, disse.
As imagens tornam-se parte importante de arte em ambientes comerciais ou residenciais. Dentre os diversos clientes, o cirurgião plástico **Rodrigo Bastos**, que conheceu o fotógrafo por meio da arquiteta **Juliana Leão**. Na Clínica Versona, são sete peças expostas.
>“A maioria reporta Brasília com a visão artística do Celso, que é uma coisa extraordinária. O quadro que eu mais gosto dele é o que está no corredor, O Piquizeiro”, disse Rodrigo.
A identificação de Rodrigo com as imagens se deu pela ligação com a capital. A inauguração de sua clínica marcou seu retorno para a cidade e selou a participação de Brasília em sua história. _“Achei muito legal pelo fato de eu ser brasilense, ter feito minha formação fora e ter voltado para a cidade”_, disse.
Celso ressaltou que os **casamentos seguirão fazendo parte da rotina profissional ao lado da Galeria**. A união dos dois trabalhos foi o match perfeito com seu momento atual. _“Bateu com a minha fase profissional, com as minhas ideais. Hoje, não troco o que eu faço nem pelo melhor emprego no fotojornalismo”_.
