A multiplicação de legumes, verduras e frutas. Assim é o programa **Desperdício Zero** das Centrais de Abastecimento do Distrito Federal, a **Ceasa**. Desde 2019 em plena atividade, o projeto oferece quase **640 mil refeições complementadas a pessoas de baixa renda** por meio das 155 instituições cadastradas no Banco de Alimentos da empresa estatal. Os produtos que fazem parte destes pratos são doados por 82 empresários, produtores e agricultores parceiros da iniciativa.
“_É uma ideia que nasceu da tentativa de mitigar os desperdícios de alimentos que aconteciam dentro da Central de Abastecimento_”, explica **Lidiane Pires, diretora de Segurança Alimentar e Nutricional da Ceasa e coordenadora do Banco de Alimentos**. “_A Ceasa é um local de comércio atacado com grande rotatividade de alimentos, fazendo com que se tenha grandes desperdícios_”, observa.
Geralmente muito maduros ou levemente danificados, ou seja, por uma questão meramente estética, **milhares de verduras, legumes e frutas não são aproveitadas comercialmente, mas em perfeitas condições para consumo**. Então esses produtos são recolhidos, passam por um processo de triagem, pesagem e são doados às instituições que preparam a própria comida ou distribuem em forma de cesta básica. **De janeiro até setembro de 2022, foram aproveitados e doados quase 127 mil kg de alimentos**.
![Diretora de Segurança Alimentar e Nutricional da Ceasa e coordenadora do Banco de Alimentos, Lidiane Pires destaca a sustentabilidade envolvida no projeto, pois evita que toneladas de alimentos sejam destinadas para o aterro sanitário](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Diretora_de_Seguranca_Alimentar_e_Nutricional_da_Ceasa_e_coordenadora_do_Banco_de_Alimentos_Lidiane_Pires_4be8b1264d.jpg)
De acordo com estudos da **Organização Mundial de Saúde**, um indivíduo adulto, para ser saudável, deve consumir pelo menos 400 gramas de verduras, frutas e legumes todos os dias. A média da população brasileira está em torno de 120 gramas. “_Brasileiro come pouco verdura e legume e nós trabalhamos aqui no Banco de Alimentos com uma conta de 200 gramas por pessoa_”, revela a nutricionista Lidiane Pires. “_É o que a gente tenta arrecadar e distribuir por pessoa por dia_”, conta.
**As distribuições são feitas todas as semanas, de segunda a quinta-feira**. Os beneficiados são crianças, adolescentes e adultos em situação de vulnerabilidade. “_Esse programa tem uma conexão muito forte com a sustentabilidade, que é evitar que toneladas de alimentos sejam destinadas para o aterro sanitário, evitando desperdícios e sendo aproveitados para alimentar pessoas_”, destaca Lidiane.
“_É uma ação que a gente chama de abastecimento social porque o alimento que não serve mais para comercialização, mas ainda tem valor nutricional preservado, serve para alimentar as pessoas em insegurança alimentar_”, acrescenta.
Neduston Rodrigues, 31 anos, trabalha para um desses produtores que doam legumes e verduras para o **Banco de Alimentos da Ceasa**. Dirige o caminhão com os produtos e ajuda a descarregar as caixas no Bloco 11 do local pelo menos uma vez por semana. Na manhã da última quinta-feira (3), ele ofertou cerca de 20 caixas de berinjela e abóbora italiana.
“_É uma ideia boa, dá um destino justo para alimentos que muitas vezes vão parar nos lixões_”, comenta Neduston. “Meu patrão faz questão de ajudar, é nossa contribuição para ajudar o próximo”, completa.
Uma das entidades que recebem os produtos do Banco de Alimentos da Ceasa e repassa para a população é a **Cáritas Paroquial São José, que fica em Santa Maria**. Desde a pandemia, de 15 em 15 dias, a diretora da instituição, Marta Helena, reúne os moradores de três setores da cidade para fazer a entrega de 3 kg de verduras, legumes e frutas, mais uma cesta básica, para cada família cadastrada. “_É uma ajuda essencial para a comunidade de vulnerabilidade, carente, porque esses alimentos que muitos tiram o sustento deles_”, conta.
A Cáritas Paroquial São José atende mais de 200 pessoas cadastradas dos setores 100, 103 e Porto Rico de Santa Maria. **Ao todo, 110 pessoas cadastradas da Quadra 100 receberam alimentos verdes e cesta básica** na tarde desta sexta-feira (5). Gente como a encarregada de serviços Solange das Chagas, 48 anos. Ela recebe o benefício alimentar há seis meses. “_É uma ajuda e tanto. Não pode parar, não_”, avalia. “_A qualidade dos alimentos é muito boa e a diversidade também_”, elogia.
![Alimentos bons para o consumo, mas que iriam para o lixo, ganham destinação solidária para pessoas em situação de vulnerabilidade (Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Lucio_Bernardo_Jr_Agencia_Brasilia_2_8664cf255b.jpg)
Para receber os produtos oferecidos pelo Banco de Alimentos da Ceasa, **o beneficiado tem que estar cadastrado na instituição** e, no dia da doação, estar munido de CPF, cartão do NIS (número de inscrição social) e sacola.
Entre os itens oferecidos na última sexta, por exemplo, estavam jiló, mandioca, abóbora italiana, berinjela, beterraba, repolho, abacate, alface e berinjela. Na **cesta básica**, arroz, feijão, macarrão, flocos para preparar cuscuz, sal e maionese. A pensionista Edneia Maria do Nascimento, 61 anos, agradece. “_É ótimo, ajuda demais a gente, só tenho a agradecer_”, se emociona. “_Só Deus sabe como é importante esse apoio_”, diz.