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Saúde e nutrição com Clayton Camargos: triglicerídeos

Se você está de olho na pressão arterial e nos níveis de colesterol, há outra coisa que talvez precise monitorar: seus triglicerídeos
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Foto: Freepik

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Ter um nível elevado de triglicerídeos no sangue pode aumentar o risco de doenças cardíacas. Mas as mesmas escolhas de estilo de vida que promovem a saúde geral também podem ajudar a reduzi-lo.

O que são triglicerídeos?

Os triglicerídeos são um tipo de gordura (lipídio) encontrada no sangue.

Quando você come, seu corpo converte todas as calorias que não precisa usar imediatamente em triglicerídeos, que são armazenados nas células de gordura. Mais tarde, os hormônios o liberam para obtenção de energia entre as refeições.

Se você ingere regularmente mais calorias do que gasta, principalmente por meio do consumo de alimentos ricos em carboidratos, poderá ter triglicerídeos elevados (hipertrigliceridemia).

O que é considerado normal?

Um exame de sangue pode revelar se seus triglicerídeos estão em uma faixa saudável:

Normal — Menos de 150 miligramas por decilitro (mg/dL) ou menos de 1,7 milimoles por litro (mmol/L)

Limite alto – 150 a 199 mg/dL (1,8 a 2,2 mmol/L)

Alto – 200 a 499 mg/dL (2,3 a 5,6 mmol/L)

Muito alto – 500 mg/dL ou superior (5,7 mmol/L ou superior)

Seu nutricionista ou médico geralmente verificará se há triglicerídeos elevados como parte de um teste de colesterol, que pode ser chamado de painel ou perfil lipídico.

Qual é a diferença entre triglicerídeos e colesterol?

Triglicerídeos e colesterol são diferentes tipos de lipídios que circulam no sangue:

Ambos são conhecidos como “lipídios”, mas apenas os triglicerídeos são gorduras. Estes, por sua vez, armazenam calorias não utilizadas e fornecem energia ao corpo. Já o colesterol, participa da formação das membranas celulares e do metabolismo hormonal.

Por que os triglicerídeos elevados merecem atenção?

Os triglicerídeos acima das referências saudáveis podem contribuir para o endurecimento ou espessamento das paredes das artérias (arteriosclerose) – o que aumenta o risco de acidentes cerebrovasculares e doenças cardíacas. Os níveis extremamente elevados também podem causar inflamação aguda do pâncreas (pancreatite).

Seus níveis elevados estão frequentemente associados a obesidade e síndrome metabólica – um conjunto de condições que inclui excesso de gordura ao redor da cintura, hipertensão, dislipidemia e açúcar elevado no sangue. A hipertrigliceridemia é assintomática, portanto, é importante o controle laboratorial ao menos 01 x por ano para monitorar esse marcador.

Triglicerídeos elevados também podem ser um sinal de:

Níveis baixos de hormônios da tireoide (hipotireoidismo).

Certas condições genéticas raras que afetam a forma como seu corpo converte gordura em energia.

Às vezes, os triglicerídeos elevados são um efeito colateral do uso de certos medicamentos, como:

Diuréticos;
Estrogênio e progestina;
Retinóides;
Esteróides e anabolizantes;
Beta Bloqueadores;
Alguns imunossupressores;
Alguns medicamentos para HIV.

Qual é a melhor maneira de reduzir os triglicerídeos?

Escolhas de estilo de vida saudável são fundamentais:

Exercite-se regularmente. Procure praticar pelo menos 30 minutos de atividade física na maioria ou em todos os dias da semana. O exercício regular pode reduzir os triglicerídeos e aumentar o colesterol “bom”. Tente incorporar mais movimento às suas tarefas de vida diária – por exemplo, subir escadas no trabalho ou caminhar durante os intervalos.

Evite açúcar e carboidratos refinados. Carboidratos simples, como açúcar e alimentos feitos com farinha branca ou frutose, podem aumentar os triglicerídeos.

Emagrecer. Se você tem hipertrigliceridemia leve a moderada, concentre-se em cortar calorias. Calorias extras são convertidas em triglicerídeos e armazenadas como gordura. Reduzir a ingestão calórica auxiliará na diminuição dos triglicerídeos.

Escolha gorduras mais saudáveis. Troque a gordura saturada encontrada nas carnes vermelhas por alternativas mais saudáveis, como o azeite de oliva. Em vez de carne de vaca, experimente peixes ricos em ácidos graxos ômega-3 – como cavala ou salmão. Evite gorduras trans ou alimentos com óleos ou gorduras hidrogenados. Limite a quantidade de álcool que você bebe. A bebida alcoólica é rica em calorias e açúcar e tem um efeito particularmente potente sobre os triglicerídeos. Se você tem hipertrigliceridemia grave, não beba.

E quanto à medicação?

Se as mudanças no estilo de vida saudável não forem suficientes para controlar os triglicerídeos elevados, seu médico poderá recomendar:

Estatinas. Esses medicamentos para reduzir o colesterol podem ser recomendados se você também tiver níveis baixos de HDL (“bom” colesterol) ou histórico de artérias bloqueadas ou diabetes. Exemplos de estatinas incluem atorvastatina e rosuvastatina cálcica.

Fibratos. Medicamentos fibratos podem diminuir os níveis de triglicerídeos. Esse recurso não deve ser usado para nefro e hepatopatas.

Óleo de peixe. Também conhecido como ácidos graxos ômega-3, o óleo de peixe pode ajudar a diminuir os triglicerídeos. Em tempo: se ingerido em níveis elevados pode interferir na coagulação do sangue, portanto, converse com o prescritor antes de tomar qualquer suplemento.

Os estudos mais recentes sobre o óleo de peixe afirmam que pode ser benéfico para indivíduos portadores de insuficiência cardíaca ou hipertrigliceridemia. Entretanto, não recomenda seu consumo com o objetivo de reduzir o risco de doenças cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio e AVC).

Clique aqui para acessar o estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36501174/

Niacina. A niacina, às vezes chamada de ácido nicotínico, pode auxiliar na redução dos triglicerídeos e o LDL (colesterol “ruim”). Converse com seu prescritor antes de ingeri-la, pois ela pode interagir com outros medicamentos e causar efeitos colaterais significativos.

Lembre-se da importância das mudanças com relação à dieta e atividade física. Os medicamentos podem ajudar – mas o estilo de vida saudável é o ativo mais importante.

Clayton Camargos é pós graduado pela Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP/Fiocruz. Desde 2002, ex gerente da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC) do Ministério da Saúde. Subsecretário de Planejamento em Saúde (SUPLAN) da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Consultor técnico para Coordenação-Geral de Fomento à Pesquisa Em Saúde da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde. Coordenador Nacional de Promoção da Saúde (COPROM) da Diretoria de Serviços (DISER) da Fundação de Seguridade Social. Docente das graduações de Medicina, Nutrição e Educação Física, e coordenador dos estágios supervisionados em nutrição clínica e em nutrição esportiva do Departamento de Nutrição, e diretor do curso sequencial de Vigilância Sanitária da Universidade Católica de Brasília (UCB). Atualmente é proprietário da clínica Metafísicos.